Projecto “Escolinhas” é mesmo para acabar

Com o prolongamento do horário nas escolas primárias, a implantar no ano lectivo 2008/2009, chega ao fim o projecto Escolinhas do Desporto.

Associações
7 NOV 2007

As associações temem pelo futuro, a Direcção Regional do Desporto desdramatiza e procura soluções.

Durante seis anos o projecto “Escolinhas do Desporto” levou várias modalidades a alunos do 1º ciclo. Começou com 125 núcleos, chegando a 2006 com 348, com um investimento de 200 mil euros no último ano lectivo. O processo é simples… Nas escolas formam-se pequenas equipas (núcleos), na sua maioria orientadas por monitores/treinadores qualificados e ligados às associações desportivas, que em regime de complemento da actividade escolar (na maioria das vezes entre as 15.30h e as 17h.) iniciam os mais novos na actividade desportiva. A Direcção Regional do Desporto apoia o programa (e orgulha-se dos resultados alcançados), que só na Terceira chegou aos 84 núcleos, dez deles sob a responsabilidade da Associação de Basquetebol da Ilha Terceira (ABIT). Um trabalho que tem dado frutos, assumindo-se como o complemento ideal à actividade dos clubes no minibasquete, mas que tem fim anunciado, devido à intenção da Secretaria Regional da Educação e Ciência de prolongar o horário escolar até às 17.30h… “Problema grave”Quem não se conforma com o possível cenário é o director técnico da ABIT. Para João Ávila, “se estes núcleos acabarem ficamos a braços com um problema grave, com poucas soluções à vista… Não temos capacidade, nem financeira nem de outro tipo, para conseguir suportar um treinador numa escola a trabalhar. Este projecto é de importância fulcral, não só para o basquetebol. É importante para todas as modalidades, e se acabar vamos sofrer consequências nos próximos anos”.‘Escolinhas’ como a Carreirinha e a Conceição (onde decorreu a actividade de promoção do passado dia 18 de Outubro) tiveram grande incremento na sua actividade este ano. Outras, como a do Alto das Covas ou São João de Deus são já apostas ganhas, com núcleos muito preenchidos, que têm dado muitos atletas às equipas de Angra do Heroísmo. Na Praia da Vitória, o núcleo das Lajes conta com mais de duas dezenas de atletas e tem sido fulcral para “alimentar” o minibasquete dos Vitorinos… Muito trabalho da associação e dos clubes, em conjunto com as escolas, que este ano suporta catorze núcleos, em seis escolas primárias da ilha. Se tudo acabar, segundo João Ávila, “vamos ter menos atletas a iniciar um trajecto na modalidade; vamos ter menos atletas nos minis dos clubes; vamos ter menos qualidade na formação… Com as condições que temos actualmente, em termos de infra-estruturas por exemplo, vai ser muito difícil conseguir absorver estes miúdos de outra forma, e vamos acabar por perdê-los, para o basquetebol e para o desporto”.“Procurar alternativas”A Direcção Regional do Desporto congratula-se com o sucesso da iniciativa e com os números alcançados nos últimos seis anos, mas admite que, “pelo alargamento dos horários das escolas do 1º ciclo e com a oferta pelas escolas de várias actividades, como o inglês, a informática e também o desporto, é natural que este projecto desapareça”. No entanto, segundo o director regional Rui Santos, “o desporto não vai desaparecer e espero sinceramente que não haja aqui um desaproveitamento deste projecto… Se as escolas cumprirem com aquilo que são as orientações da Secretaria; se de facto o alargamento dos horários for estendido a todas as escolas da Região e se nesse alargamento houver uma oferta da prática desportiva, isto significa que os alunos passam a ter actividades desportivas, que vão abranger todos os alunos do 1º ciclo”. E as associações, pergunta-mos nós? “Precisam de pensar na melhor estratégia para colaborar neste projecto”, diz Rui Santos. “Pode acontecer que as associações se tornem parceiros das escolas e possam partilhar juntamente com as escolas esta iniciação desportiva, porque têm monitores, algo que nem todas as escolas terão. É natural que as próprias escolas se socorram do pessoal habilitado das associações desportivas… Esta colaboração pode também fazer-se através da criação de clubes desportivos escolares… Não há que ter receios; há é que começar a preparar estratégias de intervenção”, termina o director regional.Resta saber em que moldes se faz esta colaboração. Quem a vai organizar e implantar nas escolas. O que pensam a tutela e as próprias escolas sobre estas soluções e, sobretudo, quem vai financiar tudo isso?Festa na EscolaEntretanto, alheios a toda a problemática, os alunos da Escola da Conceição fizeram a festa do basquetebol em pleno pátio. Bastaram algumas bolas de basquetebol e a presença de sete atletas e dois técnicos para o intervalo da tarde do dia 18 de Outubro ter uma alegria diferente para mais de uma centena de crianças, que aproveitaram para conhecer um pouco mais a modalidade.A maioria “adorou”, sobretudo “por ver bons jogadores e pelos autógrafos”, dizem. Uma acção de promoção da modalidade, orientada pela associação em colaboração com os professores da escola, em busca do desenvolvimento do basquetebol na Ilha Terceira, refere João Ávila… “Uma das nossas apostas é o minibasquete e não ficamos contentes só com o trabalho que se faz nos clubes, queremos mais. Queremos desenvolver a nossa modalidade nas escolas primárias, porque é aí (e nestas idades), que realmente os miúdos têm de aprender a jogar basket. Por isso estamos aqui, a desenvolver o projecto Escolinhas do Desporto, que é um bom projecto para a associação”.

Associações
7 NOV 2007

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