Carnaval já mexe com a ilha…

A poucos dias do Carnaval, o ‘Jornal’ saiu em busca de algo que ligasse o basket a esta quadra de festa.

Associações
1 FEV 2008

Descobriu-o na Casa do Povo de São Mateus, no ensaio do bailinho “As paixões de Dartagnan”, puxado pelo pandeiro do atleta Dércio Rocha.

A família está ligada às danças e bailinhos de Carnaval desde sempre. Os tios “puxam há doze ou treze anos”, o pai “tocava trompete numa dança” e desde pequeno que Dércio Rocha foi “vivendo este ambiente, que está no sangue”, como gosta de dizer. Daí até entrar, “foi só aparecer a oportunidade”, que surgiu no ano passado, num grupo formado por amigos e família de várias freguesias da Terceira, que tem em comum o gosto pelo Carnaval. “Começamos no ano passado, com o bailinho do ‘Tarzan em Nova Iorque’ e foi espectacular… O pessoal de toda a ilha foi muito agradável. Houve vários salões que são difíceis de esquecer e acho que vai ser difícil parar. O que custa é começar (risos)”, confessa, já com o nervoso miudinho de quem está a poucos dias de entrar em palco”.Para além do lado artístico, Dércio Rocha merece o destaque por ser jogador de basquetebol. Um caso em que uma manifestação cultural única se une a uma modalidade (também) única. Em anos anteriores outros seguiram o mesmo caminho, dos pavilhões para os palcos, mas este ano o atleta dos cadetes do AngraBasket é o responsável pela comunhão de duas actividades bem queridas dos terceirenses. Nos treinos e nos jogos cumpre com aquilo que pede o treinador, mas no palco é ele que dá as tácticas… A partir de sábado assume o papel de puxador do bailinho “As paixões de Dartagnan”… “Temos vários organizadores. A parte do enredo, a dos mestres e da roupa. Depois divide-se o trabalho e todos participam. O meu papel é de ‘mestre’ e tenho de chefiar o resto do bailinho e apresentar o assunto através de cantigas e versos. O enredo? Este ano o assunto é “As paixões de Dartagnan”. Uma história baseada num livro de um escritor brasileiro, que conta algumas peripécias deste mosqueteiro, que ao longo do caminho vai tendo várias aventuras… Eu como já estou a batalhar nisto há meses, já não acho tanta piada, mas acredito que as pessoas vão gostar”.“Dá para tudo”Para além dos treinos e dos ensaios, na altura do Carnaval, há ainda os estudos e os outros ensaios, “em duas Filarmónicas e na Orquestra Lajense”. Algo que não o assusta, até porque ‘quem corre por gosto’… “Há certos dias em que é escola, ensaio do bailinho, ensaio da filármonica, treinos. Há dias em que nem paro em casa, mas dá para tudo”. O basquetebol, diz, “é para continuar até ao fim”. Se tiver oportunidade “gostava de continuar a jogar, apesar de ser difícil de gerir”. Uma coisa é certa, “nestes quatro dias o Carnaval está em primeiro lugar, sem dúvida”.Mas o que leva um jovem de 15 anos a sacrificar a maior parte do seu tempo livre em ensaios, treinos, jogos e a quatro dias de muitos saltos e poucas horas de sono? “Basicamente é pelo convívio com as pessoas”, refere. “As do grupo e as que assistem nas sociedades são espectaculares. Só de as sentir a olhar para o palco e a dar valor ao trabalho que desenvolvemos durante meses, é uma experiência única, difícil de explicar… Garanto que é muito melhor participar no Carnaval por dentro”.Realidades semelhantesComo ele, dezenas de jovens tentam manter uma tradição que parece sem fim à vista. Este ano as bilheteiras do Teatro Angrense voltaram a ter muita procura, os salões vão voltar a encher de sábado a terça-feira e o número de bailinhos volta a ultrapassar a meia centena. Mesmo assim os ‘velhos do Restelo’ continuam a fazer ouvir a sua voz, teimando que esta é uma manifestação com os dias contados… O que vimos no salão da Casa do Povo de São Mateus leva-nos a discordar. Até porque os participantes, os dos bailinhos e os do basket, parecem confortáveis quer nos palcos quer nos campos…“Eu tenho muitos amigos que quando sabem que estou num bailinho riem-se. Mas depois de verem e sentirem como é que são passado aqueles quatro dias, o convívio que há entre as pessoas, ficam mais interessado e simpatizam mais com o Carnaval. O que custa é perder a vergonha de dar a cara em cima do palco, mas acho que há mais gente nova a querer participar… Sinceramente sinto-me bem nos dois sítios. No palco temos o calor do público e dos colegas. No campo temos o apoio dos colegas de equipas e convivemos também com os adversários, que são de outra equipa mas são colegas e amigos de escola. Por isso acaba por ser parecido; num lado temos o carinho do público; no outro temos os adeptos a apoiar… Os dois exigem esforço físico e mental”, diz Dércio Rocha.Por um fim-de-semana os jogos dão lugar aos espectáculos por toda a ilha. No ano passado o ‘Tarzan de Nova Iorque’ fez dezanove actuações. Este ano o ‘mestre’ quer ultrapassar a barreira das duas dezenas, em busca de uma gargalhada, de uma salva de palmas e do calor do Carnaval da Ilha Terceira. O Jornal alia-se ao nosso representante nesta quadra festiva e deseja a todos os que pisam os palcos muito êxito nas actuações dos próximos dias.

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1 FEV 2008

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