Feliz acaso

Por acaso chegou à Terceira. Por acaso ficou na Escola da Carreirinha. Por acaso, ou talvez não, inscreveu cinquenta atletas nas Escolinhas do Desporto.

Associações
17 JUL 2008

Organiza, treina, transporta, e faz crescer um projecto que já é também pessoal… O retrato da vida de um ‘professor deslocado’.

Todos os anos concorrem aos concursos nacionais e regionais. Todos os anos mudam de escola e de vida. Sandra Machado já esteve na Graciosa, regressou ao continente e este ano caiu em Angra do Heroísmo. “É a vida profissional de um professor, a vida de ‘cigano’ como eu costumo dizer”. Por isso, “acabamos por ter mais dedicação à vida profissional do que à vida pessoal”.Um acaso que a colocou na Carreirinha. Um acaso feliz para a Associação de Basquetebol e para o Projecto Escolinhas do Desporto. “Tive o prazer de conhecer o João Ávila e a esposa, a Inês, que era minha colega na Escola onde eu estava e uma coisa levou à outra… Como ele está ligado à Associação, acabei por me dedicar às Escolinhas e achei que era uma boa ocupação e uma maneira de fazer um trabalho diferente, numa escola onde as coisas não tinham corrido muito bem nos anos anteriores. Como eram os ‘meus miúdos’ achei que podia tentar melhorar um pouco a imagem que tinha ficado na época passada”, refere a nossa figura da semana. Até então o basket passava-lhe “um pouco ao lado”. Nunca foi uma paixão “e se calhar foi uma forma de o conhecer um pouco mais… Ainda por cima é a modalidade ‘rainha’ aqui na ilha, por isso também o interesse de saber como as coisas se passam aqui”.Aprendeu, integrou-se e merece o nosso ‘obrigado’ por ter dado nova viva aos núcleos de Minis da Escola. Conseguiu cinquenta inscrições e durante o ano teve uma média de trinta atletas a treinar. Participou nos Encontros, formou novos jogadores e por tudo isso foi eleita ‘figura da semana’.“Acima de tudo conseguimos passar a ideia de que nas Escolinhas do Basquetebol não era só aprender, mas também divertirmo-nos um bocadinho com o basket”, refere. Acredita que as acções de promoção nas escolas são importantes e que o facto de estar permanentemente na Carreirinha foi determinante para o sucesso do projecto. Se no início o mais complicado “foi obter as inscrições”. Depois, a maior dificuldade “foi conseguir manter os miúdos interessados o ano inteiro”. Mesmo assim manteve muitos, “alguns deles entre os mais pequenos, o que também é uma garantia de que podemos continuar com esse trabalho. Tenho miúdos que têm condições para continuar a jogar basquetebol e espero que continuem”.Arbitragem, mestrado e futuro…Fundamental, portanto, “é continuar com o projecto”. Algo que entretanto se transformou também num verdadeiro projecto de vida. Sandra confessa que, “às vezes já dou mais tempo para o basket do que para mim… (risos)… Três dias por semana, treinos de 90 minutos. Mais o trabalho de Secretaria, que levo para casa, dá para toda a semana”. A esta actividade acrescentou a arbitragem. Tirou o curso em Setembro passado, fez o exame e estagiou durante a época. Agora vai a “exame final”. Para ela, “é mais uma maneira de conhecer um pouco melhor a modalidade. Uma coisa é saber o básico, outra é estar por dentro das coisas. Os próprios jogadores por vezes não sabem tudo e as coisas estão sempre a mudar, por isso decidi fazer o curso”. Sobre a vida de juiz, confessa que “o problema maior não é a dificuldade do curso, é mais aquele nervoso miudinho, quando começamos a mexer com as máquinas”. Apesar disso, “se for para continuar na Terceira acho que vou continuar com a arbitragem. Fazer as coisas para encostar na prateleira não vale a pena”.Entretanto começou a tirar o mestrado em “Treino Desportivo para Crianças e Jovens”, em Janeiro. Algo que também a prende à Terceira. Por isso a pergunta: “É para continuar na Carreirinha? “Se fizermos outra entrevista em final de Agosto já lhe consigo responder… (risos)… Mas se ficar acho que é importante continuar com o trabalho no basket”… Esperemos que sim…Problemas a resolverDurante o ano trabalhou no Projecto Escolinhas do Desporto e viveu as dificuldades do dia a dia, de uma actividade fundamental para o desenvolvimento da modalidade. Por isso deixa dois ‘recados’… Um aos responsáveis do projecto. Outro aos encarregados de educação, os pais. “Uma das dificuldades foi o transporte para os Encontros na Praia da Vitória. Não só para mim, mas também para os colegas das outras escolas, que algumas vezes não conseguem arranjar transporte. Penso que é importante também o papel dos pais e a participação nesta parte da vida dos filhos. Mas a realidade não é bem esta. Durante os treinos é uma maneira dos miúdos estarem ocupados, mas aos fins-de-semana, quando lhes toca a eles já é mais complicado”, refere Sandra Machado.Para a professora, estas são duas arestas a limar, até pela importância da participação dos atletas nos Encontros de Minibasquete… “O mais importante, para além de aprendermos, é o convívio que temos com as outras escolas. É importante porque proporciona uma parte competitiva, que para eles é fundamental. Pelo que ouvia dos nossos miúdos, sinto que é importante para eles a rivalidade com as outras escolas… Sei que é difícil estar mais vezes presente nos Encontros, mas se houvesse essa disponibilidade de transporte seria mais fácil os miúdos aderirem”.

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17 JUL 2008

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