João Silva: “Preocupa-me a pouca visibilidade”

O treinador da equipa feminina do CAB lamenta que a Liga feminina não tenha maior notoriedade ao nível nacional e não esconde que um dia gostava de ser seleccionador.

Treinadores
20 JUL 2009

João Silva refere ainda nesta entrevista que a conquista do primeiro título nacional foi um momento inesquecível

Que balanço faz de todos estes anos que se encontra ligado ao basquetebol? Felizmente o percurso impõe uma avaliação extremamente favorável. Tenho desempenhado, ao longo de mais de 30 anos ligado à modalidade, várias funções ao serviço do basquetebol e todas elas facultaram-me a possibilidade de desenvolver o meu conhecimento. Por esse facto, o basquete tem operado como vector impulsionador da procura constante pela aprendizagem. O trabalho desenvolvido ao nível da formação de atletas, o reconhecimento de personalidades ligadas à modalidade, juntamente com as imensas conquistas alcançadas, são razões suficientes para estar satisfeito com o meu percurso. A conquista do direito à participação nacional, a visibilidade dos atletas regionais no trabalho realizado pelas selecções nacionais, são dois exemplos que ajudam a perceber o sucesso inerente a este balanço. ais do que ter orgulho naquilo que fiz, fruo uma convicção forte no que posso vir a fazer. Que conselho daria a um jogos jogador ou treinador? Que acreditem sempre no melhor dos investimentos: o da formação pessoal. A aprendizagem é um processo inesgotável e, por isso mesmo, capaz de nos facultar o conhecimento necessário a novos desafios. Tem algum projecto que gostaria de levar a cabo? Vários. Continuar a contribuir para que o basquetebol possa crescer com desenvolvimento na Região; insistir, através de acções coordenadas com outros clubes, para que a Liga Feminina tenha maior visibilidade; paralelamente ao trabalho realizado na equipa sénior, poder participar na formação dos jovens atletas do CAB; assumir funções de seleccionador nacional… Há algum momento que nunca vá esquecer? A conquista do primeiro Campeonato Nacional. Foi um avanço significativo na afirmação do CAB e da Região no contexto nacional. Passamos a figurar no “quadro de honra” das equipas vencedoras desta competição. Mais recentemente, gostaria de referir o trabalho realizado com algumas atletas jovens do CAB, enquadrando-as na equipa sénior: Maria João, Marcy Gonçalves, Catarina Caldeira, Carolina Escórcio, Filipa Moreira… E o mais negativo? A experiência enquanto treinador-adjunto da equipa profissional do CAB Madeira. Qual a sua opinião sobre o estado actual do basquetebol nacional? Preocupa-me a pouca visibilidade do basquete feminino. Este facto tem influência negativa no trabalho realizado na formação de atletas pois, as referências de topo são escassas. Temos observado que as atletas mais evoluídas procuram a II Divisão Espanhola em detrimento da Liga feminina em Portugal. Paralelamente, a principal Selecção Nacional feminina não tem beneficiado da participação das atletas mais evoluídas, como sejam os casos da Mery e da Ticha. No sector masculino, embora o nível competitivo seja menor (comparativamente ao que se verificava na Liga profissional), a Selecção Nacional tem registado resultados muito positivos. Tem alguma opinião formada sobre o que deve ser alterado para melhorar a qualidade competitiva da modalidade? A abertura à introdução de atletas comunitários seria um dos factores que iria contribuir para o crescimento da modalidade. Limitar por si só o número de atletas estrangeiros nas equipas não se tem revelado como vector de desenvolvimento do atleta nacional. É necessário garantir o enquadramento dos clubes num programa nacional de formação desportiva. Isto é, identificar um conjunto de conteúdos a trabalhar nos diferentes escalões e, sobretudo, programar uma forma de controlar e avaliar a aplicação prática desses conceitos. Tornar os centros de treino nacionais mais dinâmicos, viabilizando a participação dos seus treinadores junto do trabalho realizado nos respectivos escalões de cada um dos clubes, eventualmente em conexão com os directores técnicos das Associações… Que jogador(a) mais o impressionou? Patrícia Andrew (jogadora do CAB durante 4 épocas). E treinador(a)? Jorge Araújo Na sua equipa de sonho, quem gostaria de ver jogar a seu lado? Definitivamente o melhor de sempre: Michael Jordan. Qual o seu 5 ideal, apenas com jogadores(as) portugueses? Patrícia Penicheiro, Mery Andrade, Gilda Correia, Vera Jardim, Mónica Duarte.Conte-nos uma situação caricata que se tenha passado em campo. Nada de especial. São tantas as situações estranhas durante os jogos que lhes perdemos a conta. E fora do campo? Após uma derrota, um jogador americano deu um murro no vidro de uma janela do balneário e foi para o hospital. O jogador afirmou que aquele murro era para o treinador. A viagem à Rússia para a Eurocup é uma aventura sempre interessante e repleta de situações caricatas. Qual é o seu clube do coração? Clube Amigos do Basquete (CAB). Qual o pavilhão que o impressionou mais até hoje? O Pavilhão em Orenburg, na Rússia. Jogo realizado na época de 2007/2008 contra a equipa do Nadezhda. Pela organização que envolvia a preparação antes, durante e após o jogo. Onde existe o melhor público? Provavelmente na NBA. E o pior? Certamente na Grécia Outra modalidade desportiva. Ténis b>Quem é o João Silva? O que faz para além do basquetebol? Licenciei-me em Educação Física e Desporto pela Universidade da Madeira. Fui simultaneamente jogador de Basquete e Futebol (Marítimo) até o escalão de juvenis. A família é o principal suporte inerente a todas as actividades que desempenho. Neste tipo de actividade (treinador), o sucesso e a frustração são sensações frequentemente presentes e, por esse motivo, o apoio da família é determinante. Criar momentos de convívio entre familiares torna-se fundamental. Esta valorização pela família advém do facto de ser o 7º de 10 filhos. Além disso, partilho a minha vida com a Cristina (esposa) e a Carlota (filha de 11 anos e, obviamente, atleta do CAB) que são para mim as pessoas mais importantes. A actividade desportiva que mais pratico é o ténis, porque é uma forma de libertar a tensão criada pelo intenso trabalho do dia-a-dia. A caminhada é outra das actividades que regularmente vou fazendo, para não se notar os efeitos da cerveja. Adoro viajar, principalmente na época de Verão, para conhecer novas realidades culturais. Ler e navegar na internet são outras formas de rentabilizar o tempo que não estou ligado ao Basquete.

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20 JUL 2009

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