João Oliveira: «Um desafio motivador»

Deixou o CD Póvoa na Proliga e aceitou um convite para se mudar para “um país de basquetebol”, que já tem três treinadores portugueses a trabalhar no seu principal campeonato.

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26 OUT 2009

Saiba nos detalhes desta notícia o que motivou o técnico a mudar-se para África

Depois de ter sido campeão da CNB1, este convite para Angola acaba por ser o reconhecimento pelo seu trabalho efectuado em Portugal, feito por alguém que acompanhou o seu trajecto de treinador? Sim, sem dúvida. Depois de pegar numa equipa sem quaisquer ambições e completamente desmobilizada, transformá-la numa equipa competitiva, a praticar um basquetebol atractivo e à base dos jogadores da Póvoa – mais experientes e mais novos – e estar em duas fases finais de Sub-20 masculinos, vencer a Zona Norte e o Campeonato Nacional da 1ª Divisão da forma como o fizemos foi um cartão de visita para clubes sem grande ambição até ao momento, que queiram construir uma equipa vencedora. Satisfeito com os recursos materiais e humanos que foram colocados à sua disposição? Vim encontrar um Interclube em mudança a nível directivo (um novo presidente, José Martinez, novo enquadramento do basquetebol com um vice-presidente, Miguel António), técnico (mudança de treinador e primeiro treinador estrangeiro no basquetebol do Interclube), infraestrutural (queremos melhorar as condições e meios de treino e estamos no mercado a procurar as melhores soluções) e social (através da melhoria das condições para os jogadores). Por último, do ponto de vista humano, vim encontrar um grupo de 40 jogadores a tentar a sua sorte e destes ficaram 8. Completamos o plantel com contratações no exterior. Um dos meus lemas é fazer sempre mais, melhor e diferente. É isso que iremos fazer ao nível com os recursos humanos e materiais que temos disponíveis. Que objectivos foram definidos por si e pelo clube para esta temporada? A concorrência é muito forte. O 1º Agosto ganhou os dois últimos campeonatos, mantém a grande maioria da equipa, o treinador (Luís Magalhães, bi-campeão em Angola e campeão africano), tem vários jogadores da selecção nacional e uma massa de apoiantes forte. O Petro, depois de vencer dois campeonatos seguidos, não ganha há dois anos e quer recuperar o trajecto anterior. Perdeu alguns jogadores mas contratou jovens de grande valor e, fundamentalmente, dispõe de um novo e competente treinador, o Alberto Babo. Tem uma claque de apoio igualmente forte. O Libolo, à semelhança do 1º Agosto tem muitos jogadores da selecção nacional, manteve o treinador – Raul Duarte –, manteve o estrangeiro e está a contratar jogadores da selecção nacional que jogavam nos concorrentes crónicos ao título. O ASA segurou o treinador – Carlos Dinis –, perdeu alguns jogadores mas manteve igualmente bons jogadores, como comprova o facto de ter vencido o 1º Agosto. O Interclube, por sua vez, está em mudança, como disse anteriormente. Outro facto importante é que, ao contrário da concorrência, não temos – ainda – nenhum jogador na selecção nacional. Em face deste contexto e uma vez mais pegando no lema de juntos conseguimos fazer mais, melhor e diferente, e no facto de querermos criar e viver momentos fantásticos, os nossos objectivos são: 1º A nível competitivo isso representará passar do 6º lugar da época passada para o próximo nível ou seja, colocar a equipa na final-four – 4 primeiros lugares;2º Criarmos uma mística ganhadora;3º Conquistarmos o respeito dos adversários;4º Sermos desportivamente competitivos e dignos representantes da marca “Interclube Séc. XXI” O treinador Alberto Babo há algum tempo, numa entrevista neste site, apontou o Inter, até pelo investimento que fez, como um dos possíveis candidatos ao título. Acha que será colocar a fasquia um pouco alta demais? Tendo presente os factos enunciados anteriormente, específico, mensurável, alcançável, realista e desafiador é colocar os objectivos nos termos que nós colocamos. Não vivemos de fora para dentro. Por mais que essa observação do meu colega Alberto Babo tenha implicitamente a atribuição de crédito à equipa, a realidade dos factos, a nossa filosofia de vida (viver de dentro para fora) e as regras ao estabelecimento de objectivos levam-nos a estabelecer os nossos objectivos. Terceiro treinador português em Angola, e todos em clubes de topo. Que leitura faz desta situação? “Nós” – Basquetebol Português em Geral – não estamos habituados a falar bem do nosso trabalho. Temos muito para melhorar? Sim, com certeza. Temos muito e bom trabalho feito? Sim, absolutamente. Queremos fazer melhor? Claro que sim. Agora agarrarmo-nos apenas ao que de bom existe ou só ao que temos que melhorar é extremamente redutor. Como tudo na vida o basquetebol português tem duas faces. Neste caso, a leitura que faço é de crédito e reconhecimento do basquetebol português por um País que adora esta modalidade. No seu caso em particular, optou por Angola por falta de um projecto interessante em Portugal ou porque aquilo que lhe foi proposto era realmente muito atractivo? Tinha terminado um ciclo fantástico no Clube Desportivo da Póvoa e necessitava de um novo desafio. Das duas uma: ou começava um novo ciclo dentro do CD Póvoa para colocar o clube do topo da Liga ou tinha de iniciar novo desafio. Durante este processo existiram algumas hesitações e em simultâneo surgiu a oportunidade de vir para Luanda. A minha mulher tinha cá estado nos jogos de veteranos e disse-me que Angola era uma terra de basquetebol e que era uma boa oportunidade de fazer aquilo que gosto, num País que adora basquetebol. Por outro lado, o Interclube foi muito persistente, mostrou que queria que fosse eu o treinador e apresentou-me com muita paixão e entusiasmo, primeiro através do vice-presidente, Miguel António, e depois através do presidente, José Matinez, uma ideia, um projecto mas fundamentalmente um desafio motivador: pegar numa equipa em 6º lugar e ajudá-la a ser campeã nacional.

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26 OUT 2009

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