Sérgio Ramos: «Gostaria de ser treinador»

Ao longo de quase um mês os nossos visitantes tiveram a oportunidade de aqui colocar questões a Sérgio Ramos e, depois de seleccionarmos as mais pertinentes, o jogador acedeu simpaticamente responder.

Atletas | Competições
8 FEV 2010

Em resultado obtivemos uma entrevista extremamente interessante em que o extremo do Benfica, entre outros temas, aborda os primórdios da sua carreira, a passagem pelo estrangeiro, as lesões que o impediram de concretizar o sonho de jogar na Euroliga e, claro está, o adeus à Selecção Nacional.

Qual foi o momento mais alto da sua carreira? E o mais baixo? Ricardo, de Sever do Vouga Os momentos mais altos foram todos aqueles anos em que pude competir nas melhores ligas europeias, bem como a conquista do campeonato nacional pelo Benfica. Os mais baixos foram os dois anos em que estive impossibilitado de competir devido às duas graves lesões que tive no joelho direito. Com que idade começou a jogar basquetebol? Foi na rua? André Fernandes, Penafiel Comecei por volta dos 10 anos no Sport Clube Maria Pia. Era um clube se situava perto da minha casa e onde eu passava inúmeras horas a atirar bolas ao cesto. Qual é/era o maior sonho que tinha em relação a sua carreira? Ricardo, de Sever do Vouga Os sonhos, ou objectivos, foram mudando ao longo dos anos. Quando comecei a jogar nos seniores o meu sonho era ir para o Benfica e ser campeão nacional. Depois, tive a ambição de ir para o estrangeiro e jogar nas melhores ligas da Europa, para melhorar como jogador e conhecer outras realidades diferentes da nossa. Quando atingi determinado nível na Liga ACB, e tinha um papel importante na minha equipa de Lleida, queria jogar numa equipa de topo em Espanha que me permitisse lutar por títulos e jogar na Euroliga. Infelizmente lesionei-me e nunca pude concretizar esse sonho. Quais são para si as melhores promessas do basquetebol português? Ricardo, de Sever do Vouga Apesar de existir alguma escassez de jovens talentos no nosso basquetebol, existem alguns jovens com potencial e que ganharam algum espaço nas suas equipas. O Pedro Pinto e o José Silva do Barreirense; o José Barbosa da Ovarense; o André Bessa do FC Porto, e Cristóvão Cordeiro do Benfica, que apesar de ter poucos minutos de jogo tem muitas qualidades, são jovens que têm bastante potencial e que se continuarem a trabalhar e a evoluir como jogadores podem-se tornar nas futuras referências da Selecção Nacional. Jogo no GDAS e tenho 16 anos. Gostaria de saber o que diria a um jogador que é do escalão de Sub-18 e a quem dizem ser muito baixo mas que, apesar de ter 1.69m, é o atleta que marca a maioria dos pontos da equipa. Pelo facto de as pessoas estarem constantemente a dizer que é muito pequeno para a sua idade isso leva-o várias vezes a colocar em questão se deveria ou não continuar a jogar basquetebol…Edivino Miranda, Braga A altura é importante mas não é o único factor para determinar se um jogador é válido ou não. Tens inúmeros exemplos, quer no basquetebol europeu quer na NBA, de jogadores baixos que conseguem competir contra adversários mais altos e mais fortes. Tens que ser consciente de que para competires contra adversários com maior estatura tens que ser mais veloz, executar mais rápido, ler o jogo e pensá-lo de forma mais rápida e correcta que os demais. Se conseguires fazer isso não terás problemas em competir contra adversários maiores do que tu. E quando te chamarem pequeno utiliza isso como fonte motivacional e demonstra dentro do campo que o basquetebol é para os que tem coração e cabeça. Não é só para os altos. Quais foram os seus melhores treinadores de sempre lá fora e cá dentro. Já agora, perspectiva novos treinadores em Portugal com capacidade de vingar? Pedro Nascimento, Faro Em Portugal foi o Mário Palma, no Benfica. No estrangeiro foi o Edu Torres, em Lleida: foi o treinador que me obrigou a chegar aos meus limites como jogador e aquele com o qual evoluí mais, não só a nível técnico-táctico mas também ao nível mental.Em relação à segunda pergunta, existem alguns ex-jogadores que seguiram a carreira de treinadores que podem vir a ter sucesso como treinadores. Se tiver que destacar algum, analisando o seu trabalho no ano passado, diria o André Martins, do Queluz. Com um plantel bastante limitado e sem jogadores americanos, construiu uma equipa organizada, aguerrida a defender, com conceitos de jogo e com bons resultados no final do campeonato. O que pretende fazer no teu futuro? Quer ser treinador? Pedro Nascimento, Faro Gostaria no futuro de ser treinador e orientar uma equipa. Quando estive lesionado já tive uma experiência como treinador, na qual desfrutei bastante e foi, ao mesmo tempo, muito enriquecedora. Transmitir as minhas experiências e conhecimentos e, ao mesmo tempo, ajudar jovens jogadores a melhorarem como atletas foi muito gratificante. O que é preciso para se ser um bom jogador de basquetebol? Emanuel Pedro A mente é a parte essencial para ser um bom jogador de basquetebol. A vertente física e técnica são importantes mas não tão determinantes como a mental. De que serve correr ou saltar muito se não soubermos quando, para onde e porquê o fazemos? O jogo de basquetebol é extremamente rápido e temos que tomar inúmeras decisões em curtos espaços de tempo. Um bom jogador de basquetebol analisa rapidamente as situações e toma a decisão correcta mais rápido que outros.A ética de trabalho é fundamental num jogador profissional. A capacidade de trabalho e de sacrifício é o que te permite evoluir como jogador. Se não tiveres a ambição de ser melhor cada dia e necessitares constantemente de factores externos (treinador ou colegas) para trabalhares no teu limite, nunca conseguirás atingir todo o teu potencial como jogador. Acha que o seu recorde de pontos 55 registado na Madeira, frente ao CAB, é possível de ser batido nos próximos tempos por um jogador português? Qual? Nico Acho difícil mas não impossível. Existem bons jogadores portugueses mas nenhum deles é um anotador puro, o que torna mais difícil a tarefa. Por outro lado, as defesas são cada vez mais físicas sendo mais complicado para um só jogador marcar tantos pontos. No entanto, os recordes existem para serem batidos! Na sua opinião qual é o melhor 5 nacional a jogar em Portugal neste momento? E estrangeiro?Pedro Silva Extremos – João Santos e Carlos Andrade; Extremo-poste – Miguel Miranda; Poste – Élvis Évora. Tenho alguma dificuldade em escolher um base porque não existe um muito superior aos demais. Baseando-me naquilo que eu entendo que devem ser as funções e características de um base escolho o Nuno Manarte. Base – Brandon Dagans; Extremos – Ben Reed e John Waller; Extremo-Poste – Will Frisby; para a posição de Poste fico indeciso entre John Smith e Julian Terrel.Quais são as principais diferenças entre o nível do basquetebol praticado em Portugal e nos dois países por onde passou, Itália e Espanha? Alberto A grande diferença é a nível físico e da intensidade. Em Espanha, por exemplo, o ritmo de jogo é muito mais elevado, as defesas são muito mais físicas e duras e a velocidade de execução é muito maior. Por que motivo em seu entender há tantos jogadores a experimentarem ligas maiores, fora do país, e a regressarem tão subitamente, sem vingarem? Alberto Possivelmente não estariam preparados para competir a nível superior. Chegar a Espanha, vindo de um nível de basquetebol inferior como é o nosso, não é fácil e requer um tempo de adaptação. Os treinadores e clubes espanhóis por vezes não têm esse tempo pois a competição é duríssima e muito exigente. É importante estar na equipa certa, com o treinador certo, e aproveitar ao máximo as oportunidades que se tenha, sobretudo ao início, de modo a ganhar a confiança do treinador e consequentemente um espaço na equipa. Devem os clubes portugueses masculinos continuar a não competir na Europa? Alberto Não. Acho muito importante para o nosso basquetebol que haja equipas a competir na Europa. Concorda que o Benfica regresse às competições europeias? Henrique Gomes, Bombarral Claro que sim. O Benfica deveria estar já este ano a competir na Europa. Vai regressar à Selecção com vista ao apuramento para o Eurobasket 2011? Henrique Gomes, Bombarral Quero desde já agradecer a todos os adeptos que, ao longo do ano, me tem demonstrado o seu desejo de me ver a representar a Selecção Nacional. A decisão de abandonar a Selecção foi consciente e racional e foi tomada há 3 anos. As razões que me fizeram tomar essa decisão na altura continuam presentes hoje em dia, pelo que não tem sentido um regresso. A Selecção não necessita de jogadores a caminho dos 35 anos mas sim de jovens que assegurem a mudança geracional de que a Selecção precisa. É necessário dar espaço aos mais novos para eles crescerem dentro da Selecção. Hoje em dia a Selecção é composta, na maioria, por atletas de 31, 32 anos, que dentro de 2/3 anos deixarão a equipa. É importante encontrar jovens jogadores capazes de fazer essa mudança sem a perda de capacidade de desempenho da nossa Selecção.

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8 FEV 2010

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