Povea: «Uma guerra de 22 batalhas»

O técnico espanhol, que foi campeão nacional ao serviço da Ovarense, está de regresso a Portugal e vai liderar uma equipa que chega este ano pela primeira vez ao principal escalão português.

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22 SET 2010

O treinador tem à sua disposição um grupo novo – apenas 3 atletas da equipa treinada por Melnychuk permaneceram em Penafiel – mas mostra-se esperançado e muito optimista na realização de uma boa prova.

O técnico espanhol Manuel Povea regressa a Portugal depois de na última época em que trabalhou em Portugal se ter sagrado campeão nacional, ao serviço da Ovarense. Desta vez o desafio tem contornos bem diferentes, mas o desejo manifestado pela equipa penafidelense convenceu-o a voltar à Liga portuguesa. “O C.B. Penafiel sempre mostrou um enorme interesse na minha contratação, mais ainda com grande insistência, amabilidade e motivação. Isso fez deles uma das hipóteses muito interessante para mim. O facto de ser o seu primeiro ano na Liga é um grande desafio enquanto treinador. É assim que o encaro.” Voltar a treinar em Portugal foi sempre uma opção em aberto para o treinador espanhol, já que ele próprio, pelo tempo que por cá trabalhou, sente que faz parte da modalidade. “Sinto-me muito à vontade em Portugal, portanto nunca deixou de ser uma hipótese. De alguma forma, e com toda humildade, sinto que faço parte do basquetebol português, após quatro épocas consecutivas a trabalhar aqui.”Os objectivos desta nova aventura são bem diferentes do último projecto que liderou, embora haja princípios que não mudam na postura do treinador. ”Há coisas que não devem mudar: o nível de exigência; a ambição por melhorar cada dia; a evolução enquanto equipa; o desenhar um jogo adaptado às qualidades dos nossos atletas e, acima disso tudo, acreditar no caminho que achamos certo para atingir os objectivos. Isto não muda. Ou não deve mudar.Outras coisas mudam: os tempos mudam, a permanência é uma luta que começa no 1º jogo, cada vitória conta, e há pouca margem para os erros. O campeonato é decidido ao final da época, os planeamentos são diferentes, a gestão da equipa também. Mas em ambos os casos há um objectivo a cumprir e uma enorme pressão para atingi-lo.” O trabalho já se iniciou em Penafiel e muito embora ainda seja muito cedo para se chegar a conclusões, Povea já tem uma primeira avaliação sobre o grupo que tem à sua disposição. “É um grupo totalmente novo, apenas com 3 atletas do ano passado. Temos muitos jogadores jovens sem experiência profissional, quer os americanos, quer jovens como o António Monteiro, um rapaz mesmo interessante e de quem esperamos muito e bem. Para já, estamos numa fase de adaptação entre os atletas, aos métodos do novo treinador, etc. O fundamental que tenho observado é uma enorme vontade para progredir e para trabalhar. E isto é a base para atingir qualquer objectivo, mesmo o mais complicado.”Causou imensa curiosidade o facto de ter optado por um jogador de 2.26 metros e perceber quais os motivos que pesaram na decisão da escolha de um atleta com estas características. “Gosto de jogar com um poste interior claramente definido. Dentro do nosso orçamento, devíamos escolher entre um jogador mais pequeno, se calhar com pouca cultura táctica, ou fazer um investimento em alguém muito novo, como o Will Foster (22 anos), formado numa muito boa universidade (Gonzaga), mas que ainda é apenas um projecto. É um risco, mas ao mesmo tempo, uma motivação.”Apesar do razoável conhecimento que Manolo tem da Liga portuguesa, não arrisca dizer como irá ser a época do Penafiel. “Ainda é cedo. Mas o desafio é simples: vai ser uma guerra de 22 batalhas. E esperamos bem continuar em pé ao fim de todas elas.”Sem deixar de reconhecer que a luta pelo título este ano, muito provavelmente, se irá discutir a dois, Povea deixa em aberto algum espaço para que possa haver surpresas na disputa do campeonato. “Acompanhei o campeonato época passada e até tive a sorte de assistir, em Lisboa, aos dois primeiros jogos da final. Os melhores jogadores portugueses e americanos de grande valia estavam lá. O potencial dos planteis, quer do FC Porto, quer do Benfica, fazem deles as equipas mais bem colocadas para isso. Mas a verdade é que sempre há espaço para as surpresas. O espírito de campeão da AD Ovarense, que conheço muito bem, irá tentar sem dúvida, contrariar os ‘grandes’, e equipas como Guimarães e CAB Madeira, que estão a investir em planteis muito interessantes, também não vão querer ficar de fora.”

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22 SET 2010

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