Jorge Araújo: «Obrigou-me a ser melhor treinador»

O treinador recorda que o antigo jogador do Benfica obrigava a um trabalho de preparação intenso por parte das equipas adversárias.

Treinadores
27 NOV 2010

E elogia vários aspectos do carácter de Lisboa, entre eles a forma como se relacionava com os companheiros, a maturidade, a segurança, a confiança e o modo como conseguia gerir as emoções sob pressão.

«O Carlos Lisboa, foi, ao longo da sua carreira de atleta, a personificação de que a oposição é um factor de progresso! Assumo-o no plano pessoal, por ter sentido quanto ele, como adversário, me obrigou sempre à superação necessária. O que eu tive de me esforçar para o vencer enquanto treinador, (julgo que me venceu mais vezes, do que eu a ele!). O trabalho de preparação que tive de fazer, os jogadores a quem tive de ensinar e convencer que era possível “pará-lo”, ou, pelo menos, diminuir-lhe aqueles níveis de eficácia espectaculares que por vezes atingia. Aproveito por isso esta oportunidade para lhe agradecer o facto de me ter “obrigado” (ao longo de muitos anos!) a ser cada vez melhor treinador!Foi também um exemplo como individualidade das equipas de que fazia parte, utilizando com mestria a sua capacidade individual ao serviço da equipa. As suas competências comportamentais e a forma como se relacionava com os companheiros enquanto competia, foram atributos que sempre o distinguiram, mesmo quando ainda muito jovem. Era maduro, seguro, confiante, preocupado com os companheiros de equipa, sempre capaz de estabelecer laços de confiança com os “seus” e de “passar para os adversários” uma imagem de “insuperável” que tanta “mossa” fazia! Geria bem as emoções sob pressão, contribuía pela positiva para o desenvolver de dinâmicas na equipa ao serviço do aumento da respectiva eficácia. A prova da sua “força mental” e do “efeito” que tinha nos adversários, está bem comprovada no facto de ter sido o único jogador, não do F. C. Porto, a quem os adeptos nortenhos dedicaram uma canção que era entoada sempre que ele entrava em campo… Tinha uma constante atitude positiva e influenciava as suas equipas de modo marcante, o que tornava fácil identificar que era a ele que a equipa do S. L. Benfica ia buscar forças extras para vencer nos momentos competitivos mais difíceis.E até o “mau perder” que sempre revelou, o ajudava como factor mobilizador da motivação e da superação dos companheiros de equipa.Diria para terminar que, na carreira de excepção que soube desenvolver enquanto atleta, lhe faltou só a possibilidade de ter sido treinado pelo Jorge Araújo (por três vezes, uma no F. C. Porto, duas no S. L. Benfica, estivemos quase, mas nunca foi possível). Estou certo que se essa hipótese se tem confirmado, o treinador que fui o teria ajudado (se possível!) a ainda ter ido mais longe…»

Treinadores
27 NOV 2010

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