Fernando Rocha: «Estou dentro do comboio»

Depois de ter estado no Campeonato do Mundo da Turquia, o árbitro internacional português Fernando Rocha foi nomeado pela FIBA como árbitro neutro para a 10ª edição Mundial de Sub-19 masculinos, que terá lugar na Letónia, de 30 de Junho a 10 de Julho deste ano.

Juízes
6 MAR 2011

Trata-se de mais uma grande distinção para a arbitragem portuguesa que deixa o juiz orgulhoso, como nos conta o próprio nesta interessante entrevista.

O que significa para a carreira de um árbitro esta nomeação? Como é óbvio é sempre uma satisfação e um orgulho enorme ser nomeado para arbitrar as principais competições mundiais. Estar presente em mais um Mundial demonstra a confiança que a FIBA tem nas minhas capacidades e confirma a opinião, que me tinha sido transmitida na Turquia pelas instâncias competentes, relativa à qualidade das minhas prestações nesse mesmo Mundial.Depois da Turquia esta nomeação reforça a ideia que está entre os melhores do mundo? Estar entre os melhores do mundo é um pouco subjectivo. Existem excelentes árbitros em todos os continentes e existem países que têm vários árbitros no topo da arbitragem, mas como é óbvio não podem estar todos presentes. Entendo apenas que as pessoas que nomeiam têm confiança no meu trabalho e, como eu dizia após o Mundial da Turquia, estou dentro do comboio e o importante é não saltar fora.Qual o impacto que esta nomeação tem para estimular os jovens árbitros?As diversas nomeações que tenho tido a nível mundial e europeu são importantes principalmente para o aumento da visibilidade da carreira de arbitragem e nesse sentido pode contribuir para que haja uma vontade dos mais jovens de quererem chegar ao topo.Significa também que, apesar de sermos um país pequeno e com pouca expressão a nível mundial, se trabalharmos com humildade, espírito de auto-crítica e formos pacientes somos capazes de chegar aonde os outros chegam.Gostaria de transmitir a seguinte mensagem: só seremos capazes de atingir os objectivos a que nos propomos se soubermos identificar os aspectos que temos que corrigir e trabalhar afincadamente na sua melhoria. Estarmos preocupados com o que os outros fazem e justificar os nossos insucessos com os outros é apenas querermo-nos enganar a nós próprios.Alguma vez sentiu que, pelo facto de arbitrar na Liga portuguesa, as suas possibilidades de estar presente em grandes eventos diminuem? Tenho a felicidade, desde o ano 2000, de estar a arbitrar as principais equipas europeias a nível de clubes (Euroliga e Eurocup) e portanto a visibilidade que tenho a nível internacional é muito grande.Mas é evidente que ao arbitrar numa competição como a nossa, que tem muito pouca expressão a nível europeu, e em que a qualidade do jogo está a um nível muito abaixo daquele que se pratica nos principais campeonatos, se torna mais difícil participar nos grandes eventos. Mas como disse, com trabalho, humildade e acima de tudo com vontade de aprender com os mais experientes, concerteza que as probabilidades aumentam.É impensável desejar e ambicionar presenças em mundiais de escalões etários superiores? Não é impensável, porque já estive presente no Mundial de Seniores na Turquia, bem como noutras competições, quer a nível de clubes quer a nível de selecções, das mais importantes ao nível do Universo do basquetebol.Daquelas que se podem considerar as mais importantes, os Jogos Olímpicos são sem sombra de dúvida o expoente máximo. É um sonho que tenho, poder estar presente nesse ponto alto do Desporto Mundial. Mas como sempre, a minha filosofia é entrar em todos os jogos com o máximo de concentração e actuar o melhor possível em todos eles, cumprindo a minha missão, depois esperar com serenidade e consciência tranquila de que tudo fiz para poder aspirar ao melhor. Essa decisão nunca será minha e portanto não a posso controlar. Apenas posso trabalhar e tentar ser melhor cada dia que passa.Para terminar gostaria de dizer que a arbitragem portuguesa está muito bem conceituada a nível europeu e mundial e que existem outros árbitros que têm a possibilidade e o valor para atingir o mesmo patamar.Neste momento temos o Luís Lopes que está a arbitrar também na Euroliga a um excelente nível e que tem tido nomeações que o comprovam; o Sérgio Silva que chegou este ano às provas organizadas pela Euroliga e que também está a arbitrar nas principais competições da FIBA Europa em fases adiantadas das diversas competições; o Carlos Santos, o Pedro Coelho e o Nuno Monteiro foram também muito solicitados ao longo da época para arbitrar jogos da Euroliga e Eurocup Feminina e Eurochallenge; a Samira Barrima que tem arbitrado nos Campeonatos da Europa de jovens, que se disputam no Verão; E por último, temos mais dois árbitros internacionais, o Paulo Marques e o Filipe Abreu, que recentemente foram aprovados nas provas realizadas na Turquia.Estamos portanto muito bem representados e mostra o grande trabalho que tem sido feito por todos.

Juízes
6 MAR 2011

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