Ricardo Vasconcelos: «Um dos mais equilibrados»
O seleccionador nacional feminino não podia estar mais satisfeito com a competitividade do campeonato este ano.
Seleções | Treinadores
4 MAI 2011
Na sua opinião pelo menos metade das equipas tinha aspirações a um dos troféus disputados esta época e o nível dos encontros foi de qualidade. A modalidade está a crescer nesta vertente e o técnico mostra-se confiante de que essa evolução terá efeitos muito positivos ao nível da Selecção Nacional, que dentro em breve regressa aos compromissos internacionais.
Como introdução gostaria que esclarecesse as novas alterações do modelo competitivo para o Campeonato da Europa. O modelo competitivo a implementar a partir do verão de 2012 passa por agrupar as várias selecções europeias em vários grupos para apuramento, a jogar no mesmo país, num momento único. Evitando assim os jogos em casa e fora, reduzindo as viagens e o desgaste criado em atletas que já são muitas vezes “castigados” ao longo de uma época desportiva muito competitiva.O que achou do campeonato que agora terminou? Foi um dos mais equilibrados dos últimos anos. O que representa a possibilidade de maior evolução das atletas que nele participaram. Arrisco-me mesmo a dizer que 6 das 12 equipas teriam legítimas aspirações a poder pensar em ganhar um dos títulos em jogo da presente temporada. Penso que o nível de jogo praticado pelas equipas foi de boa qualidade. Assistimos a encontros muito equilibrados com os pavilhões muitas vezes cheios.Estes estágios de observação são reveladores da quantidade de opções válidas para integrarem a Selecção sénior? Sim! Todas as jogadoras observadas nesta fase são ou podem vir a ser jogadoras a incorporar a Selecção Nacional Sénior, a curto ou a médio prazo. Assim as atletas continuem a trabalhar com esse objectivo durante toda a época.Considera que é chegada a altura de começar a tirar proveito do trabalho feito nas Selecções mais jovens? Acredito que sim! O trabalho desenvolvido, quer pelos CNT’s, quer pelas Selecções jovens, tem dado frutos reais, e o nível equilibrado da Liga também se deve muito a quantidade de jovens de qualidade que alargaram as opções disponíveis para os treinadores. Assim, acredito que estes jovens talentos possam começar a ajudar o país a ter uma boa representação internacional. Tenho a certeza que esse é um dos objectivos de todos os atletas de eleição de qualquer modalidade. Quem é que não fica orgulhoso em representar e colocar o seu país no mais alto patamar e o mais respeitado possível aos olhos dos outros países?! Alguma coisa irá mudar na filosofia de jogo que pretende implementar no futuro próximo da Selecção? Não. Tenho claro, e estou muito consciente, da forma como as Selecções Nacionais Portuguesas devem jogar. O que foi iniciado o ano passado será continuado este ano. Haverá ajustes a fazer em função das atletas escolhidas para a Selecção mas em nada toca ou altera a filosofia que se pretende implementar.Esta segunda volta serve de preparação e ao mesmo tempo de contacto internacional para os complicados desafios que aí vêm? Sem dúvida. Apesar dos jogos em causa contarem para ranking, a verdade é que servem, e muito, para experiência e contacto internacional de uma Selecção que se prevê jovem e sobretudo inexperiente. Logicamente que se num curto espaço de tempo (1 ano) estaremos a jogar com algumas das melhores selecções da Europa toda a experiência que se possa dar as atletas é fundamental. É também verdade que a forma como a Selecção Nacional pretende jogar é diferente dos hábitos da maior parte das atletas, onde todos os jogos que se possam ter dentro da realidade Europeia sob esta filosofia é de extrema importância. De que forma encara, a curto prazo, o facto de ter de defrontar algumas das melhores selecções europeias? Da melhor forma possível. Na minha opinião só é possível evoluir significativamente quando jogamos com os melhores. Só quando estamos perante o topo é que podemos verdadeiramente aferir o que nos falta e quantificar a distancia, permitindo-nos assim a possibilidade de criar um caminho de forma a suprimir essas distâncias.É da opinião que os principais problemas estarão nas diferenças de altura e peso? Também, mas não só. Outro grande factor de diferença, e talvez o mais decisivo, é claramente o ritmo a que o jogo é jogado. A velocidade a que se corre o campo, a que reagem ao ganho da posse de bola, se aproveita ou se parte para um bloqueio, é muito superior aos ritmos que estamos habituados…Positivo relativamente à evolução basquetebol feminino e ao surgimento de novos valores? Por natureza sempre positivo! Mas a conjuntura do basquete feminino é claramente favorável. O basquetebol feminino em Portugal tem e terá, num futuro próximo, talento e qualidade que garanta esta conjuntura favorável.