O exemplo de José Almeida: “Escola e Basquetebol”
Conciliar a actividade escolar com a prática desportiva é algo que se impõe, cada vez mais, a todos os jovens desportistas.
Atletas | Competições
8 NOV 2011
“Escola e Basquetebol”, publicação do site do Guifões S.C., tem como objectivo dar a conhecer os atletas do clube que alcançaram patamares de sucesso quer na carreira desportiva quer na carreira académica. O entrevistado desta vez é José Almeida, atleta que este ano reforçou a equipa sénior do Guifões.
O terceiro “convidado” da publicação do site do Guifões é José Almeida. Chegado esta época ao Guifões S.C., este é um atleta que não passa despercebido a quem no mundo do basquetebol se encontra. Detentor de uma já invejável carreira desportiva, com uma experiência marcante na melhor liga europeia, ACB (Espanha), o nº 8 é, também, um caso de sucesso académico. Para conhecer todos os detalhes o melhor é ler a entrevista.Com que idade e de que forma surgiu a tua ligação ao basquetebol?Iniciei a prática do basquetebol aos 11 anos em Braga. Na altura, enquanto passeava na escola, o responsável pelo clube Grupo Desportivo André Soares (GDAS) o professor Mário Costa, perguntou-me se eu gostava de ir a um treino e experimentar jogar basket. Nessa altura não praticava nenhum desporto e com tanta energia para gastar naquela idade resolvi aceitar o convite. Tive sorte pois, curiosamente, fazia parte da equipa um dos meus melhores amigos, e ao longo das primeiras semanas percebi que era o desporto muito emocionante e divertido.Ao longo da tua carreira desportiva representaste clubes de dimensões distintas tanto a nível nacional como a nível internacional. Quais as experiências e os momentos que mais te marcaram?Realmente representei vários clubes com dimensões distintas e que proporcionaram experiencias muito marcantes. Para além do GDAS, fiz o resto da minha formação no F.C. Porto até chegar aos seniores com 17 anos. Nessa altura, realizei um sonho que era estar a treinar e jogar com os meus ídolos e perceber que tinha um longo caminho a percorrer até chegar ao nível deles. De seguida, tive uma experiencia nos Estados Unidos, onde tive um ano a jogar numa escola. Nessa altura, o que mais me marcou, foi o facto de contactar com uma realidade diferente, tanto a nível do basquetebol como a nível social. É muito diferente comparado com Portugal mas sem dúvida uma experiencia enriquecedora. Após esse ano, tive um convite para ingressar num clube de Espanha, em Valladolid, onde tive oportunidade de jogar na liga mais competitiva da Europa. Na realidade, o momento que mais me marcou nessa passagem por Espanha, foi conseguir marcar dois pontos contra os Estudiantes, num pavilhão com 6000 pessoas a gritar. Um momento inesquecível! Terminada essa experiencia, voltei para Portugal para continuar os estudos, sendo que este ano estou a representar um clube cheio de história e conquistas como é o caso do Guifões. Naturalmente, os nossos jovens atletas de formação projectam muitas das suas ambições desportivas nos atletas seniores do clube. Chegaste recentemente à família guifonense mas, para quem observa os jogos na bancada, é fácil detectar o burburinho entusiasta com que os mais novos assistem, já, às tuas acções dentro de campo. No entanto, sentimos a responsabilidade de lhes mostrar que, aliado à formação e carreira desportiva, é possível e fundamental traçar um percurso académico que sustente o futuro. Podes partilhar connosco como tem sido a tua caminhada no que aos estudos diz respeito?Como já disse anteriormente, acabei o 12º ano e decidi aproveitar as oportunidades que surgiram no sentido de ir para outros países aprender e seguir o sonho de ser jogador de basket. Nesse momento, juntamente com a minha família, optei por fazer uma pausa nos estudos e dedicar-me só ao basquetebol. Na verdade, apenas fiz uma pausa temporária, porque foi sempre com a intenção de retomar os estudos quando tivesse oportunidade. Quando voltei para Portugal, para além de voltar ao meu clube de formação (F.C. Porto), consegui ingressar na faculdade de Fisioterapia, sendo que neste momento, estou a frequentar o ultimo ano do curso. Nestes últimos quatro anos, tenho conseguido conciliar os estudos com o basket, mas é importante referir, que só é possível com muita disciplina e trabalho. Nestas idades, onde queremos fazer de tudo um pouco, por vezes é necessário fazer opções e na minha opinião, os estudos devem ser uma prioridade.Em alguma altura da tua vida académica sentiste que o facto de seres atleta poderia influenciar negativamente o teu rendimento escolar?Na verdade nunca senti isso, talvez pelo facto de ter tido sempre professores e treinadores compreensíveis que me ajudavam quando precisava. Considero que é perfeitamente possível um atleta conseguir bons resultados escolares, desde que, aproveite da melhor maneira todos os tempos livres. E não quero dizer com isso que, pelo facto de jogar basket, nos tempos livres se tem de estar fechado em casa a estudar, mas acho que há momentos para tudo, tanto para treinar, estudar, estar com os amigos, namorar e descansar. Por vezes, e em certas idades, não é fácil gerir esses tempos e por isso acho que para além da ajuda dos treinadores e professores, o papel da família é fundamental para conseguir os melhores resultados e no meu caso, tive muita sorte porque a minha família sempre me apoiou.Para além do exercício físico, a prática desportiva e, em particular, o basquetebol, acarreta, consigo, um conjunto de valores de base fundamentais para a construção e desenvolvimento da personalidade de crianças e jovens. Que importância dás ao basquetebol no que toca ao teu desenvolvimento enquanto pessoa?O basquetebol teve muita influência no meu desenvolvimento como pessoa. Penso que a prática desportiva é fundamental para os jovens, porque para além de ser saudável, é uma maneira de ter experiencias novas e assim estar preparado para enfrentar a idade adulta. No meu caso, o basquetebol ajudou-me a ser mais organizado e disciplinado, mais tolerante com as pessoas, proporcionou-me aventuras e momentos únicos, conheci os meus melhores amigos, sendo que um deles me apresentou a minha namorada. Se pensar bem, depois dos 14 anos, posso dizer que o basquetebol teve muita influência na minha vida.Em jeito de mensagem, o que podes dizer aos jovens atletas guifonenses?Acreditem nos vossos sonhos e lutem para concretiza-los. Na vida, nem sempre tudo corre como nós queremos mas ninguém nos pode impedir de sonhar e, se realmente acreditamos e trabalhamos para isso, tudo é possível.