Mariana Alves: “Temos muitas soluções”
O clube convidou Mariana Alves, base internacional da AD Vagos, para uma conversa sobre a sua carreira, a maternidade e o momento atual da equipa.
Atletas | Competições
26 ABR 2012
Esta incansável basquetebolista, verdadeira mulher do norte, aceitou o desafio e abriu as portas de sorriso aberto e afável.
A Mariana tem uma carreira fantástica. Conte-nos como surgiu o basquetebol na sua vida?O basquetebol surgiu na minha vida quando eu era ainda uma criança, já lá vão 20 anos. Na altura, a minha irmã mais velha jogava e eu quis experimentar. Gostei e fiquei. O “bichinho” continua cá dentro e faz-me estar aqui ainda hoje! O seu percurso passou por Espanha. Fale-nos dessa experiência?Espanha foi um sonho, mais um de tantos que eu fui construindo e tentando vivenciar ao longo da minha vida, pois sou uma pessoa que gosta de ir à procura de novas experiências e desafios. Quando surgiu a oportunidade, nem hesitei! Tornei-me jogadora profissional e isso fez-me ver o basquetebol noutra perspetiva. A maior exigência, a competitividade, a qualidade das atletas e das equipas fez-me ver que só poderia estar ao mesmo nível trabalhando muito mais. Foi uma experiência única e inesquecível. Não tenho dúvidas que teria repetido por muitos mais anos. O que motivou o seu regresso?Questões pessoais fizeram-me regressar a Portugal. Engravidei e tive que rescindir contrato em Espanha. Ano e meio depois, só teria sentido recomeçar em Portugal e foi aí que surgiu o desafio da AD Vagos, onde estou feliz à 3 anos. Ser mãe fê-la pensar abandonar a modalidade?Sim. Numa primeira fase, claro que sim. O corpo muda, as prioridades mudam, toda a vida tem que ser reajustada. Mas logo o “bichinho” volta a crescer e, assim que a vida ficou estabilizada, não houve maneira de não conciliar tudo. Sei que tomei a melhor opção para mim. Foi difícil superar essas mazelas e voltar em pleno à competição?Foi. Muito difícil. Muito duro mesmo porque, para além da gravidez, tive que ser operada a um pé um mês antes de reiniciar a atividade. O corpo estava sem hábitos e tive que trabalhar muito para voltar a jogar ao mais alto nível. Esta temporada também teve algum azar. É difícil ficar de fora nestas circunstâncias?E sempre difícil ficar de fora, ainda mais quando se trata de lesões. Numa época em que se tem uma subluxação da rótula, uma pubalgia, uma fascite plantar, uma cana do nariz partida e um sobrolho aberto, não pode ter sido feliz para mim, mas tenho tentado sempre contribuir da melhor forma para ajudar a equipa a atingir os objetivos propostos. De qualquer forma, apesar das muitas lesões na equipa esta época, o grupo manteve índices competitivos sempre elevados. É justo pensar que a equipa tem tudo para ganhar a Liga?Apesar de todos termos consciência que ganhar o campeonato não e tarefa fácil, a verdade é que todas as minhas colegas são jogadoras de referência no basquetebol nacional. Temos muitas soluções e acredito que unidas, como uma verdadeira equipa, seremos capazes de vencer todos os obstáculos que irão surgir atá à final. Dos títulos que conquistou, qual foi o mais emblemático?Todos os títulos têm um sabor especial. No seu tempo, na sua conjuntura, deliciei-me a comemorar cada um deles. A sua estreia nas competições europeias foi pela AD Vagos. Que análise faz da campanha europeia?Uma campanha sem dúvida positiva. Há 3 anos que jogo competições europeias pela AD Vagos e a verdade é que há uma grande evolução mental na forma como encaramos estes jogos. Esta época conseguimos ser competitivos em 5 dos 6 jogos que realizámos, o que é bastante positivo. Como é jogar a este nível?São os melhores jogos da época. Aqueles que nos trazem maior motivação, maior ambição e vontade de jogar, só comparável aos jogos das finais das várias competições nacionais. Este fim de semana terão de ultrapassar o CAB para chegar à final da Liga. As insulares têm respondido bem às adversidades. Estão preparadas para quebrar o bom momento do CAB e marcarem presença na final?Apesar de termos entrado mal no 1º jogo das meias-finais, na Madeira, que acabámos por perder após prolongamento, creio que temos todas as condições para darmos a volta a eliminatória em casa, junto do nosso público. Qual é a receita para seguirem em frente?Creio que em momentos como este “a união faz a força”. Entrar com muito empenho e vontade de vencer. Trabalhar bem nestes 2 dias que temos até ao próximo jogo no sábado e contar com toda a equipa é fundamental para atingirmos a vitória. Dado o carinho que os adeptos nutrem por si, está pronta para defender as cores do Vagos mais uma época?Os contratos têm sido feitos de ano para ano e estamos num momento decisivo da época. Só tenho coisas boas a dizer de Vagos, portanto, quando chegarmos ao fim desta temporada, será a altura indicada para pensar nessas questões. Perfil Nome: Mariana Couto AlvesData de nascimento: 27/06/1984 (28 anos)Naturalidade: MassarelosClubes: Aroso, Guifões, Académico, CPN, Desportivo da Póvoa, Esgueira, Duran Maquinaria Ensino (Lugo, Espanha) e AD Vagos.Títulos: Campeã nacional em Cadetes (Guifões), Juniores (CPN), 2ª Divisão (CPN) e Liga Feminina (AD Vagos); Taça de Portugal (AD Vagos); Supertaça (AD Vagos); 3 Taças Vítor Hugo (AD Vagos)Seleções: Distritais – Iniciadas e Cadetes; Nacionais – Sub18, Sub20 e Seniores.Referências: Susana Soares (ESSA) e Ticha Penicheiro.Hobbies: Ler, cinema, praia e música