Bielorússia fez jus às suas credenciais

A selecção portuguesa de seniores femininos fez ontem em Coimbra o seu primeiro jogo em casa, referente à 2ª jornada do EuroBasket 2013, Grupo A.

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16 JUN 2012

Para a concretização deste compromisso, frente à Bielorússia, a FPB pôde contar mais uma vez com a inexcedível colaboração da autarquia local, na pessoa do vereador do Desporto, Luís Providência, da AB Coimbra (através da DT Regional Isabel Lemos) e do Olivais FC (Jaime Silva e a sua equipa), que cedeu gratuitamente o seu pavilhão para o jogo e treinos das duas selecções. A todos o nosso obrigado.

Ante um adversário poderoso e conceituado como é a Bielorússia (10º no ranking mundial), as nossas representantes bateram-se bem, evidenciando notável entrega e espírito de luta, mas isso não chegou para colocar em causa o favoritismo incontornável concedido à selecção do Leste europeu. A derrota por 53-82 não deslustra, mostrando que ainda temos que ganhar experiência de jogar a este nível, para os resultados começarem a aparecer.Tal como no jogo anterior, voltámos a entrar mal na partida. Num ápice (1 minuto e 15 segundos) consentimos um parcial de 0-8, mas dois triplos consecutivos, primeiro de Carla Nascimento (5-8) e depois de Joana Lopes (8-14) davam a entender que tínhamos reagido às duas bombas seguidas da base Anufryenka (5-11 e 5-14). Já no minuto 6 Carla Freitas numa situação de contra-ataque falha uma concretização fácil mas sofre falta, ressarcindo-se ao converter os 2 lances livres (10-14). Alguns erros lusos, depois de termos mantido o jogo em aberto (16-20), à entrada do minuto 10, foram facilmente aproveitados pelas adversárias que terminaram o 1º período com uma vantagem de 12 pontos (16-28). A eficácia das bielorussas com destaque para a extremo/poste Troina (6/6 nos duplos) contrastava com a falta de acerto das nossas jogadoras interiores, nomeadamente Sofia Carolina que depois de se libertar da marcadora directa, falhava lançamentos de fácil concretização. Era compensada pelo acerto da capitã Sara Filipe, com o seu tiro curto a surtir efeito. Lutando bravamente no tabela ofensiva, a poste Sofia Carolina provocava faltas (7 no final) e não desperdiçava os lances livres a que tinha direito, terminando com 10/10, excelente performance. Depois de um 2º quarto mais equilibrado (10-17), o intervalo chegou com a Bielorússia na frente (26-45). No reatamento a reentrada voltou a não ser famosa já que encaixámos um parcial de 0-13 em 4 minutos. Um oportuno desconto de tempo pedido pelo seleccionador português travou a arrancada das forasteiras que ainda chegariam à maior vantagem de 33 pontos (28-61), a meio do 3º período (13-21), através de um triplo da autoria de Troina, MVP (24,5 de valorização) e melhor marcadora do encontro, que revelou uma eficácia e um rendimento incríveis (17 pontos em 18 minutos de utilização). Mas a base Carla Nascimento (a nossa jogadora mais valiosa) não esteve pelos ajustes e alardeando grande confiança e concentração, respondeu com 2 triplos consecutivos (31-61 e 34-62), ambos no minuto 27. Uma falta técnica assinalada pelo árbitro principal, o gaulês Jeanneau, ao seleccionador forasteiro (o lituano Rimantas Grigas) na ponta final do 3º período, permitiu a Joana Lopes converter os 2 lances livres correspondentes e fixar o resultado em 39-66, à entrada do último quarto. Nos derradeiros 10 minutos (14-16) Portugal não baixou os braços, mantendo excelente atitude de entrega e entreajuda. Sofia Carolina ia continuando a sua safra da linha de lance livre e foi ainda de lance livre que Carla Freitas, a nossa melhor triplista, ontem em tarde ineficaz nos tiros do perímetro, ultrapassou a barreira dos 50 pontos (51-77), no minuto 38, pouco depois de Sofia Carolina ter sido excluída, com 5 faltas. Resultado final: Portugal 53-82 BielorússiaNo final Ricardo Vasconcelos estava satisfeito com o comportamento das suas jogadoras: «Jogámos com uma equipa muito estruturada e muito regular, em que cada mau momento ou má escolha se paga com alterações no marcador. Apesar de termos feito minutos com muito mais qualidade (este jogo não teve nada a ver com o da Ucrânia), a verdade é que necessitamos de procurar uma consistência e uma estabilidade nas acções quer ofensivas quer defensivas, para poder competir mais de igual para igual com equipas deste nível. Preocupam-me as entradas quer no 1º quer no 3º período, em que sofremos parciais desnivelados, respectivamente de 0-8 e 0-13, que demonstram uma inibição mental (medo, ansiedade, falta de confiança) condicionadora dos jogos a partir daí. Isso cria-nos instabilidade, necessidade de correr atrás do marcador, em suma torna-nos necessariamente mais fracos.». A finalizar o seleccionador luso referiu: «A equipa demonstrou boa capacidade de reacção em relação ao desaire anterior a meio da semana. Podemos ainda fazer melhor do que fizemos hoje. Temos qualidade para isso.».Destaque nas vencedoras para a prestação da Tatyana Troina, MVP da partida (17 pontos, 7/8 nos lançamentos de campo repartidos por 6/6 nos duplos e 1/2 nos triplos, 8 ressaltos sendo 2 ofensivos, 1 roubo e uma falta provocada, com 2/2 nos lances livres), bem acompanhada pela base A. Tarasava (5 pontos, 1/2 nos triplos, 1 ressalto ofensivo, 3 assistências, 2 roubos e 3 faltas provocadas), pela base /extremo K. Snytsina (9 pontos, 3 ressaltos defensivos, 3 assistências, 2 roubos e 3 faltas provocadas, com 3/4 nos lances livres), pela base N. Anufryienka (11 pontos, 3 /4 nos lançamentos de campo, 2/3 nos triplos, 1 ressalto defensivo, 3 assistências, 1 roubo e 4 faltas provocadas), pela extremo N. Trafimava (6 pontos, 6 ressaltos sendo 2 ofensivos, 4 assistências, e uma falta provocada, com 2/2 nos lances livres) e ainda pela extremo Z. Haradzetskaya (9 pontos, 3/4 nos duplos, 2 ressaltos sendo 1 ofensivo, 2 roubos e 4 faltas provocadas, com 3/5 nos lances livres). A estrela da companhia, a poste A. Verameyenka, jogou pouco mais de 15 minutos, tempo suficiente para ganhar 5 ressaltos defensivos e marcar 4 pontos, não tendo sido por ela que se cavou a diferença. No seleccionado luso a mais valiosa (18,0 de valorização) foi a base Carla Nascimento, que rubricou uma actuação plena de personalidade e muita confiança, tendo sido a jogadora mais utilizada (mais de 27 minutos). Terminou com 11 pontos, 4/5 nos lançamentos de campo repartidos por 1/2 nos duplos e 3/3 nos triplos, 3 ressaltos sendo 1 ofensivo, uma assistência, 4 roubos e 3 faltas provocadas, mantendo um duelo muito vivo e interessante com a sua marcadora directa Tarasava. Seguiram-se-lhe a poste Sofia Carolina (12 pontos, 4 ressaltos sendo metade ofensivos, uma assistência e 7 faltas provocadas, estando irrepreensível da linha de lance livre ao não falhar qualquer das 10 tentativas de que dispôs), modo de compensar a tarde de desacerto a lançar na área pintada (1 em 9 duplos tentados), Joana Lopes (7 pontos, 6 ressaltos defensivos, duas assistências, 1 roubo e 2/2 nos lances livres a sancionar a falta técnica marcada ao treinador da Bielorússia) e a capitã Sara Filipe (9 pontos, 4/6 nos duplos, uma assistência e uma falta provocada, com 1/2 nos lances livres).Em termos globais a vitória da Bielorússia assentou na maior eficácia dos duplos (31%-62%), na supremacia nas tabelas (24-32 ressaltos), registando-se um empate (6-6) na tabela ofensiva, no maior colectivismo (12-18 assistências), no menor número de erros cometidos (25-17 turnovers), no maior número de roubos de bola (9-12) e por ter provocado mais faltas (20-29).Portugal só esteve melhor da linha de lance livre, com uns magníficos 95% (19 em 20 tentados) contra 69% (24 em 35 tentativas), verificando-se outro empate nos triplos (31% para cada equipa), curiosamente como mesmo número de tiros convertidos (4) em igual número de tentativas (13). No outro jogo do Grupo A, Israel venceu a Ucrânia por 73-58, tendo folgado a Hungria. Bielorússia comanda com duas vitórias em outros tantos jogos. Ficha de jogoPortugal (53) – Carla Nascimento (11), Carla Freitas (6), Joana Lopes (7), Débora Escórcio (4) e Sofia Carolina (12); Sara Filipe (9), Ana Oliveira, Tamara Milovac (2), Michelle Brandão (2), Larisse Lima, Mª João Correia e Daniela DominguesBielorússia (82) – Aliaksandra Tarasava (5), Katsiaryna Snytsina (9), Tatsiana Likhtarovich (4), Tatyana Troina (17) e Anastasiya Verameyenka (4); Natallia Anufryienka (11), Nataliya Trafimava (6), Zhanna Haradzetskaya (9), Marina Kress (5), Ala Marauskaya (7), Viktoryia Hasper (5) e Yuliya Rytsikava Por períodos: 16-28, 10-17, 13-21, 14-16Árbitros: Johann Jeanneau (França), Anna Cardus (Espanha) e Gavin Williams (País de Gales) A comitiva portuguesa pernoitou em Coimbra partindo depois do almoço para a Costa da Caparica onde ficará alojada esta noite. Antes do jantar haverá treino ao fim da tarde no Pavilhão da Tapadinha. Amanhã de manhã será a viagem para a Hungria, no voo TP714 que sai de Lisboa às 09H15 directo para Budapeste, com chegada prevista à capital magiar às 13H50 locais (mais uma hora que no nosso país). De seguida a ligação de autocarro para Miskolç (a cerca de 130 Km), local do jogo com a selecção húngara, agendado para 4ª feira (dia 20), no Generalli Arena, a partir das 18H00.

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16 JUN 2012

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