Obrigado, Sónia!

Existem momentos decisivos na carreira de um atleta, e para Sónia Reis, uma das maiores referencias do basquetebol nacional, chegou o momento de deixar a competição, enquanto atleta de basquetebol.

Atletas
14 JUN 2016

A Sónia é sinónimo de talento, dedicação e um grande compromisso ara com a modalidade que decidiu praticar desde muito jovem. A sua capacidade física, aliada a uma técnica eximia, e o respeito pelo adversário fazem dela um dos maiores exemplos que os mais jovens que praticam a modalidade podem ter. À antiga capitã da seleção nacional desejamos um futuro com muitas mais vitórias.

 

Como surgiu o basquetebol na sua vida? E quando realmente se apercebeu que queria ser jogadora e tinha jeito para a modalidade?

 

Já contei esta história tantas vezes, resumidamente, odiava basquete porque toda gente queria que eu jogasse basquete, sempre fui do contra, se queres que eu faça, eu não vou fazer. No entanto, queria fazer desporto para emagrecer e ser modelo, fui inscrever-me no ténis ou artes marciais, mas pagava-se muito e os meus pais não estavam dispostos a isso. No mesmo clube existia basquete e era gratuito, acabei por ir experimentar, gostei das minhas colegas, elas faziam-me rir e por isso fui voltando aos treinos até que me tornei parte da equipa. Que queria ser jogadora de basquete nunca me apercebi, fui sendo. O tempo foi-me fazendo jogadora de basquete (de repente estava na seleção, no CAR Jamor, noutro clube, etc), mas jeitinho descobri no meu primeiro ano de CAR Jamor. Evolui muito depressa e as coisas saiam-me com facilidade.

 

No seu percurso enquanto atleta, certamente que teve treinadores que a marcaram, ou influenciaram mais, por razões diversas. Gostaria de destacar algum? E clube? Algum especial?

 

Bem, tenho a tendência para referir um, que já não é novidade, José Leite. Porque foi ele que me incutiu a ideia de ir mais longe e ser melhor. Acreditar que podia ser uma atleta de referencia na modalidade. Mas vou também destacar o Manuel Sanchez, o primeiro treinador estrangeiro que tive e que tinha uma atitude diferente dos outros que conheci. Este senhor era simplesmente mau, percebia muito de basquete e aprendi muito com ele. Mas nas relações humanas, era zero, não havia treino que não saísse alguém a chorar. Só o quero destacar porque aprendi regras de leitura de jogo em 3 meses de trabalho com ele, que levei comigo durante os 10 anos em Espanha. Já com clubes tive uma excelente relações com a maioria, destacar um seria errado!

 

Ponto mais alto da carreira? E o menos bom?

 

Menos bom obviamente foram as lesões que me fizeram deixar já o basquete, caso contrário jogava até aos 40 anos. O mais alto foi sem dúvida jogar na mais alta competição europeia com o Ros-Casares, Euroliga feminina. Deixará saudades competir com os melhores.

 

O que a levou a colocar um ponto final na tua carreira enquanto atleta?

 

As lesões

 

Na sua opinião, do que irá sentir mais saudades do basquetebol?

 

De competir contras as melhores equipas e as melhores jogadoras! Sempre fui muito competitiva.

 

Olhando para trás, o que leva de melhor dos 18 anos que esteve ligada à modalidade?

 

Sei lá tanta coisa. Amigos espalhados pelo mundo; Viagens; Prémios individuais; Respeito pelos outros e respeito dos outros por mim; Gargalhadas; Várias famílias adotivas; Peripécias para contar; Tanta, mas tanta coisa.

 

 

Disse que arrumava as botas mas não deixaria o basket. De que forma gostaria de ficar ligada ao basquetebol?

 

Daqui a uns anos serei treinadora de uma equipa masculina na liga e serei campeã.

 

Alguma mensagem que gostaria de deixar neste momento de despedida? 

 

Quem ainda pode e está começar que desfrute. Ah, por favor, parem com essa mania de irem todas para o Estados Unidos. Ainda não repararam que o modelo de jogo não é o mesmo que o europeu e a maioria volta pior do que foi! A grande escola de basquete já não é o que era, se fosse, não iria para lá qualquer um! São 4 anos num curso que não serve cá e ainda por cima não evoluem nada que preste a nível tático e técnico. Jogar nas ligas europeias é a melhor escola para qualquer atleta que realmente quer deixar raízes nas competições e ligas europeias. Podia explicar-me melhor, mas isso agora dá muito trabalho, pensem e reflitam. A escolha é vossa, mas sejam inteligentes.

 

Atletas
14 JUN 2016

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