Entrevista a Jorge Almeida e Rui Lourenço (2.ª parte)
O ex-selecionador nacional Jorge Almeida e o seu adjunto Rui Lourenço abordam o estado atual da modalidade numa altura decisiva. Pela transição para a FPB, pelo regresso de nomes consagrados ao campeonato nacional como Hugo Lourenço e Márcio Dias ou pela vontade comum em cimentar o trajeto da Seleção, importa auscultar dois dos protagonistas com maior conhecimento de causa do basquetebol em cadeira de rodas em Portugal.
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25 OUT 2016
Fiquem com a 2.ª parte deste trabalho.
Para Rui Lourenço, concorrem igualmente para o fosso qualitativo entre Portugal e as referências europeias da modalidade a “gestão pouco competente da Anddemot” por parte da direção anterior que veio condicionar a atual, a precariedade económica do país, que ditou a impossibilidade de “conseguir um quadro de competições decente”, e ainda “a saída de um pequeno lote de bons atletas para outros campeonatos”, fator que potencia a Seleção Nacional, porém sem deixar de enfraquecer a competição interna.
Aliás, Jorge Almeida é peremptório em assinalar a dependência da Seleção Nacional face aos jogadores a atuar em ligas estrangeiras, ao que se soma uma estreita base de recrutamento, envelhecida, e também por isso urge delinear políticas de captação de jovens com deficiência motora. E a receita passa por “ir às escolas, aos centros de reabilitação” de forma a sinalizar os potenciais praticantes. “Sem querer parecer abutres, mas temos de o fazer. Já vimos que com grande divulgação ou não, as pessoas não aparecem. Agora, se formos aos sítios certos…”, sublinha. Por seu turno, Rui Lourenço acrescenta a importância de haver “parque desportivo sem barreiras e condições para que os atletas jovens – ainda sem autonomia – se possam deslocar”, assim como “divulgação positiva na Comunicação Social”, aspeto que seria importante para incentivar a prática do basquetebol em cadeira de rodas em elevar o estatuto da modalidade e do desporto para pessoas com deficiência em geral perante a comunidade.
Ambos expressam, embora de modo difuso, a expectativa de que a transição do basquetebol em cadeira de rodas para a Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB) acarrete, palavras do ex-selecionador adjunto Rui Lourenço, “o acesso a uma estrutura organizativa muito mais evoluída”, e como tal, maior poder de divulgação e formação técnica. A modalidade merece, pois conforme enuncia o treinador-jogador da APD Sintra, basta “atrever-se a ver que com certeza se arrisca a gostar”.