APD Braga – força cada vez mais dominadora do BCR português

Esmiuçamos os trunfos da campeã nacional, APD Braga, força cada vez mais dominadora do basquetebol em cadeira de rodas (BCR) português.

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30 MAI 2017

Bicampeões nacionais, invictos em 2016/2017, vencedores da Taça de Portugal, os minhotos redesenharam a geografia do BCR nacional, tão polarizada a Sul até então. Ficamos a conhecer os porquês de a vanguarda da modalidade morar na cidade dos Arcebispos, com o auxílio de três dos protagonistas do êxito, o treinador Ricardo Vieira e os atletas Márcio Dias e Filipe Carneiro. 

A hegemonia minhota no basquetebol em cadeira de rodas nacional conheceu novo capítulo, na época 2016/2017, com a formação liderada por Ricardo Vieira a acrescentar ao seu palmarés um inédito bicampeonato, uma Taça de Portugal e uma Supertaça. O feito engrandece-se se considerarmos que o trajeto dos bracarenses foi imaculado, já que em 16 jogos oficiais não consentiram qualquer derrota. Mas onde reside a força da APD Braga? Ricardo Vieira é peremptório ao afirmar que a capacidade de trabalho constitui o principal fator diferenciador. “Eu penso da seguinte forma: ‘sem esforço não vale a pena!’ É um pouco por aí que temos trabalhado, ou seja, temos consciência de que trabalhar duas vezes por semana, 2 horas por treino, não chega, se quisermos estar lá em cima”, remata. Filipe Carneiro perfilha a filosofia do treinador e realça o “aspeto físico” em particular. “Nenhuma equipa acaba um jogo com o mesmo fôlego do que nós. Trabalhamos muito dentro e fora dos treinos esse aspeto. Por vezes comentamos que os treinos são mais desgastantes do que os próprios jogos”, confessa o camisola 12. Ao impacto da preparação física, que plasma a identidade de jogo dos minhotos, assente em parte no contra-ataque e ataque rápido, Filipe sublinha o facto de serem uma “equipa bastante jovem, que se conhece bem e em constante progressão”. Nesta fórmula holística de sucesso, o papel do treinador não é menosprezado pelo internacional português, que realça a experiência do timoneiro. Márcio Dias, outro dos pilares da caminhada do campeão nacional, regressado da exigente 2.ª liga espanhola, subscreve a opinião do colega. “Somos uma família e, quando estamos num meio onde as pessoas que estão à nossa volta são pessoas de quem gostamos, as coisas funcionam melhor”. O “Mágico”, como é conhecido, veio reforçar o domínio de Braga, ou não fosse ele um dos melhores jogadores lusos da atualidade, com uma bagagem competitiva de três anos ao serviço dos espanhóis do Servigest Burgos, um na 1.ª divisão, División de Honor, e dois na 2.ª, Primera División. O barcelense diz ter-se sentido “confortável e acarinhado por toda a equipa” nesta segunda etapa com o emblema do  Minho e respondeu às expectativas da melhor forma, ao registar uma média de 23,2 pontos por jogo.Quanto aos objetivos para a próxima época, os três convergem na vontade em renovar todos os títulos nacionais, “se possível de forma invicta”, refere o técnico Ricardo Vieira. Mas a supremacia arrebatadora de Braga motiva necessariamente a pergunta. Dada a aproximação do nível de jogo dos padrões internacionais, para quando uma participação na Euroliga 3? “A Euroliga 3 é um sonho que penso que, mais tarde ou mais cedo, tendo em conta a manutenção de alguns jogadores e quem sabe a inclusão de mais um ou outro que possa enriquecer mais ainda, poderá ser cumprido a curto / médio prazo. Tudo depende como é óbvio dos apoios que possamos ter para “entrar” na roda europeia”, perspetiva.   Para que se reduzam distâncias face às potências da modalidade, o técnico advoga a necessidade de uma mudança abrupta de mentalidade, em termos individuais e estruturais, que não se escude na falta de dinheiro. “Podemos trabalhar fisicamente em casa; individualmente, técnica de cadeira no campo do bairro, podemos inscrever-nos num ginásio e trabalhar de uma forma acompanhada e personalizada”, exemplifica. Contudo, não subestima a importância do fator económico, e com o campeonato francês como referência, salienta o quanto será vital preservar e intensificar a “política de inclusão e integração” do BCR na órbita do basquetebol regular. “Ainda têm de ser os clubes a correr atrás do dinheiro, a questão da comunicação social também é pertinente, pois sem sermos vistos é difícil sermos reconhecidos e obviamente o pagamento aos atletas, algo que não existe em Portugal”, ao contrário do que sucede em Espanha, Itália, Alemanha, França ou Turquia. Até lá, a APD Braga dá o mote.  

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30 MAI 2017

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