“Estou adaptado ao país e a uma cultura diferente da nossa”
Prestes a iniciar a terceira temporada como treinador no Luxemburgo, Alexandre Pires faz um balanço positivo dos últimos dois anos passados naquele país, ao serviço do Hiefenech Heffingen.
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3 AGO 2017
A realidade que encontrou no basquetebol luxemburguês, os desafios que tem pela frente, as perspectivas de futuro e a forma como continua a acompanhar a Liga e a Seleção foram alguns dos temas falados nesta entrevista exclusiva do antigo internacional português ao site da FPB.
Como tem sido a experiência de treinar o Hiefenech Heffingen, no Luxemburgo?
Foi a oportunidade de dar continuidade à aposta de ser treinador profissional. No primeiro ano a aposta foi coordenar o clube e treinar na formação. Nesta época já treinei os seniores. Houve uma evolução e transformação positiva nestes dois anos nos escalões de formação. No que respeita à equipa senior conseguimos subir à 1.ª divisão (TOTAL LEAGUE), que não era o objetivo inicial do clube, mas face ao trabalho desenvolvido pelos atletas e alterando as mentalidades nomeadamente dos jogadores luxemburgueses, redefinimos os objetivos na segunda fase, quando, aí sim, assumimos jogar para subir. Posso considerar um balanço globalmente positivo. Sinto-me perfeitamente adaptado a um país e a uma cultura completamente diferente da nossa.
Que diferenças existem entre o basquetebol luxemburguês e o português?
A maior diferença tem a ver com a cultura desportiva, que no Luxemburgo não tem o impacto a que estamos habituados. Com a minha experiência enquanto jogador, quer ao serviço da seleção nacional, como de clubes nas competições europeias em que defrontei equipas do Luxemburgo, penso que houve uma evolução. Apesar de ter ainda um longo caminho a percorrer e uma grande margem de progressão, o basquetebol não é frágil e desorganizado. Existe uma aposta clara da FLBB e dos clubes no recrutamento de treinadores profissionais. A competição é organizada nos dois primeiros níveis com dez equipas cada. Competimos de Setembro a Maio. O país tem boas infra-estruturas e a competição consegue cativar público, que vive os jogos intensamente.
A experiência no Luxemburgo é para continuar? Em caso afirmativo, quais os objectivos para a nova temporada?
Sim, vou continuar. Vou iniciar a minha terceira época. Vamos competir na TOTAL LEAGUE e gostaríamos de consolidar a nossa posição nesta competição. Será um trabalho difícil e sabemos das limitações que vamos encontrar. Um dos objectivos será fazer 'crescer' os nossos jovens atletas, visto que a equipa é muito jovem.
A título profissonal, onde se vê daqui a 10 anos?
Gostaria de continuar vivo… e ser treinador de basquetebol. Onde? Onde encontrar condições para ser profissional.
Mesmo à distância, continua a acompanhar a Liga Placard? Como viu o equilíbrio da última edição do campeonato?
Acompanho a generalidade do basquetebol português, graças à FPB TV, que nos permite, apesar de longe, estar perto. O equilíbrio verificado, e não só na minha opinião, deve-se ao número de estrangeiros que todas as equipas apresentam. Recordo o tempo em que jogava e, numa das equipas em que joguei, tínhamos seis ou sete não portugueses. O equilíbrio de qualquer competição faz-se protegendo os jogadores nacionais? Na minha opinião não. Desporto é superação e compromisso. Desporto de alto rendimento não pode ser apenas para quem quer, mas sim para quem apresentar maior competência, independentemente da nacionalidade. Apostar na formação sim, com melhores treinadores, com maior compromisso, com maior dedicação.
Faz parte do top-25 dos portugueses mais internacionais de sempre (somando todos os escalões). Acompanha a nossa seleção? O que espera da equipa das quinas na fase de pré-qualificação para o Mundial?
Sendo português, gostaria era que a equipa se qualificasse. Temos um grupo jovem e inexperiente em termos internacionais e iremos defrontar duas seleções com jogadores que atuam em alguns dos melhores campeonatos na Europa. Como já disse, desporto é superação e face às adversidades que iremos encontrar, estou certo que este grupo deixará tudo dentro do campo para alcançar o objetivo proposto.