“A chave foi, sem dúvida, a vontade de todos”
Ricardo Vieira, treinador da APD Braga, equipa tricampeã nacional de basquetebol em cadeira de rodas (BCR), analisou para a FPB o périplo de vitórias dos minhotos na época 2017/2018. À semelhança dos dois anos anteriores, a APD Braga venceu todos os troféus nacionais, fator que poderia tornar cada vez mais difícil manter a ambição de vencer, mas Ricardo Vieira afasta a ideia de forma lacónica, afirmando que “quando se ganha é mais fácil motivar” e que a equipa tem presente o quanto trabalhou para chegar ao “topo da pirâmide”.
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28 JUN 2018
Nota: Foto de Porfírio Ferreira
Mais um ano repleto de êxitos para a turma minhota e sem contestação, pois assim apontam os números. Na final do campeonato, três vitórias claras sobre o rival leiriense permitiram ao conjunto bracarense arrecadar novo título e com direito a bónus: o primeiro tricampeonato da formação que domina o BCR nacional. Para o técnico Ricardo Vieira, que admite que os três jogos da final “foram mais fáceis do que estava à espera”, o segredo do sucesso residiu no “espírito de sacrifício de todos”, espelhado na superação de situações pessoais dramáticas e de lesões. “Tive atletas que quase perderam a esposa por doença, outros por problemas pessoais, outro perdeu uma pessoa muito chegada a si, dois com lesões graves que vão recuperar agora… enfim, a chave foi, sem dúvida, a vontade de todos”.
No jogo derradeiro, que conduziu à conquista do título de campeão, a APD Braga contrariou categoricamente as eventuais expectativas de maior réplica dos leirienses, que jogavam em casa e com o foco na tentativa de, ao vencer os dois encontros, forçar um quinto jogo. Os minhotos deitaram por terra qualquer aspiração local ao imporem no período inaugural um impressionante 29-10. A elevada produção ofensiva, ou não estivesse para lá do que é comum num encontro de BCR e ainda por cima decisivo para a atribuição do título, explica-se do ponto de vista de Ricardo Vieira por uma convergência perfeita: “tivemos treinos intensos de lançamento durante um mês, trabalhámos três jogadas novas, que deram resultado, em conjunto com saídas rápidas e Man outs bem-sucedidos e um acerto de 100% na linha de lance livre”. Além disso, o treinador tricampeão nacional revela como transformou em estímulo para os seus atletas as “entrevistas dadas, principalmente, pela treinadora de Leiria, nas três derrotas anteriores”, no Torneio de Encerramento e nos dois primeiros jogos da final, em alusão às palavras de Paula Virgolino que atribuíram o insucesso leiriense às falhas na concretização. “Peguei nisso e meti na cabeça dos jogadores várias vezes”, desvenda, deixando também elogios ao potencial da APD Leiria, que coloca atualmente dois atletas na Seleção Nacional Sénior, João Jerónimo e Iderlindo Gomes, e dois na Seleção Nacional de Sub22, João Pedro e Rafael Andrino. “Leiria, com alguém com conhecimentos de BCR, pode render muito mais e ser uma séria candidata ao título em tempos próximos”, afirmou.
Sem rival capaz de beliscar a hegemonia da APD Braga no presente, Ricardo Vieira entende que os objetivos da próxima época só podem recair na renovação dos títulos conquistados, até porque “as outras equipas vão trabalhar bem e mais” para destronarem os minhotos. Por agora, é tempo de planear 2018/2019, etapa já em marcha de acordo com o timoneiro bracarense, e atacar o tetracampeonato no encalce de reeditar ou superar a façanha do Sporting CP/APD Sintra, formação que detém o registo de mais títulos ganhos de forma consecutiva: um pentacampeonato alcançado entre 2003/2004 e 2007/2008.