“Quero poder desfrutar do gostinho e adrenalina da competição”

Aos 40 anos, Hugo Lourenço, figura indelével da história do BCR nacional e o mais bem sucedido jogador português fora de portas, voltou a competir após as duas épocas intermitentes que se seguiram à sua retirada internacional.

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9 JAN 2019

 

O Sporting CP/APD Sintra agradece, pois o salto de qualidade dado pela formação sintrense é inegável, como corrobora o registo imaculado na presente época. O poste ex-Mideba Extremadura e antigo internacional português refuta, contudo, a possibilidade de regressar à Seleção, ressalvando que o objetivo passa por “poder desfrutar do gostinho e da adrenalina da competição”.

 

No final da época 2015/2016, o anúncio público da sua retirada internacional amargurou toda a comunidade do BCR nacional e o CP Mideba, casa de Hugo Lourenço durante mais de uma década ao mais alto nível no máximo escalão espanhol. Chamar-lhe casa foge do lugar-comum ou não fosse a relação com o clube de Badajoz pontuada por genuína admiração e carinho, mútuos. No mesmo ano, o desfecho anticlimático com a Seleção Nacional, relegada para a Divisão C graças a uma derrota por um ponto contra a Eslovénia, também não ajudou a prolongar a carreira do primeiro jogador português profissional de BCR. A família e o trabalho cimentaram-se como prioridades, mas as saudades impuseram uma gestão ainda mais meticulosa do tempo para o que o BCR se encaixasse novamente na rotina.

 

Depois de um ano intermitente, regressaste esta época com energias redobradas, permitindo à APD Sintra voltar a sonhar com algo mais. Que metas traças em termos coletivos e individuais?

Em temos individuais, os objetivos são sobretudo voltar a treinar com regularidade (1 vez por semana) e sempre que possível poder desfrutar do gostinho e adrenalina da competição. A prioridade continua a ser a vida pessoal e a profissional, mas sempre que ambas o permitem é de facto um prazer “regressar”. Quanto aos objetivos coletivos, numa equipa como a APD Sintra/Sporting CP, os títulos têm de estar sempre em mente! No entanto, há que ser realista e perceber que é necessário ter mais tempo de treino, mais jogadores e mais e melhores meios técnicos. A única equipa em Portugal na atualidade que tem as condições mínimas para ser bem sucedida é a APD Braga, pelo trabalho que começou a desenvolver há alguns anos. No entanto, isso não é tudo e naturalmente estamos cá para tentar contrariar esse favoritismo.

Ao ver-te novamente em forma e a desfrutar do jogo, torna-se inevitável abordar um hipotético regresso à Seleção. Essa porta está aberta?

Para mim essa porta está praticamente fechada. Primeiro pelo motivo que expliquei anteriormente – disponibilidade. Segundo, não tendo eu oportunidade de treinar com regularidade e por esse motivo não me poder apresentar numa forma física e técnica mínima (segundo os meus parâmetros) para representar a Seleção de forma digna, é algo que não pondero. Para mim não faz sentido estar eventualmente a tirar o lugar a alguém que esteja realmente disponível e em condições de estar na Seleção. Atualmente, parece estar em curso um projeto para construir uma equipa competitiva no futuro e para isso precisa de jogadores novos e disponíveis. É outra página da minha vida desportiva da qual me orgulho muito e que me deu muitas e enormes alegrias e um par de desilusões, porém é algo que faz parte do passado.

Competiste durante cerca de uma década na liga espanhola, o que, apesar de treinares cá, distanciou-te da realidade do nosso campeonato. Como avalias o progresso do nível nacional?

Como sempre, tenho de ser direto e sincero. Infelizmente, na minha opinião, o nível tem evoluído ao mesmo ritmo que sempre evoluiu, ou seja, de forma lenta. Excetuando alguns jogadores que integraram outros campeonatos europeus, o nível mantém-se praticamente igual. Na minha perspectiva, isso deve-se essencialmente aos problemas de sempre: falta de tempo e qualidade de treinos (com o absurdo de ter equipas e jogadores nos últimos anos a dividir tempo com outras modalidades), falta de divulgação e visibilidade da modalidade e consequentemente de novos jogadores e, por fim, devido aos modelos de campeonato, que insistimos em manter com um número tão reduzido de equipas. Concordo que em Portugal as equipas e alguns jogadores evoluíram, porém, quando olhamos lá para fora e vemos o nível dos jogadores, equipas e seleções, sinto que cada vez estamos mais longe…

 

 

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9 JAN 2019

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