Balanço do estágio da Seleção Nacional de Sub22 de BCR

Ricardo Vieira, selecionador nacional de Sub22 de basquetebol em cadeira de rodas, faz balanço positivo do estágio em Braga. O técnico afirmou que “todos superaram as expectativas”, mas adverte para a “ausência ou fraca admissão dos fundamentos básicos”, onde Portugal apresenta “uma lacuna enorme em relação aos outros países”. As jovens promessas nacionais voltam a reunir-se para novo estágio em abril.

Competições
27 FEV 2020
Qual a impressão global do estágio? Onde é que os atletas superaram ou ficaram aquém das expectativas?
Todos superaram as minhas expectativas. Vejo um grupo unido, como nunca vi antes, muito novos, com muita vontade em aprender, e isso nesta idade é o mais importante. Preocupa-me a ausência ou fraca admissão dos fundamentos básicos, não porque não saibam na teoria, mas porque não o aplicam na prática, muito por culpa deles, mas também dos clubes. Registei a superação no aspeto físico, pois foi o primeiro estágio que começaram e terminaram todos, depois de dias muito violentos do ponto vista físico, principalmente o primeiro e o segundo. Do ponto vista tático, houve boa evolução durante o estágio. Temo que se perca nos próximos tempos pela falta de prática.
Um pouco na sequência da pergunta anterior, salta à vista a carência na técnica individual em Portugal. O que transmitiu aos jogadores? De que forma prática se pode limar este défice a nível sistémico?
Concordo plenamente, pois tudo que seja fundamento básico ou como digo, FUNdamento (brincando com a palavra fun), trata-se do mais importante para o BCR. Saber puxar, rodar, driblar, passar e lançar são coisas que devem ser aprendidas e executadas com tempo e melhoradas ao longo de mais tempo ainda. Aí temos uma lacuna enorme em relação aos outros países. O transmitido por mim e pelo adjunto (Daniel Pereira) foi fazer-lhes entender que é importante determinado detalhe e que se pretendem chegar a outros patamares, têm de trabalhar todos os dias os fundamentos básicos, que na verdade podem ser executados, não necessariamente, num dia de treino de equipa. Para isso, foram executados alguns exercícios no segundo dia em que perceberam que necessitam de treinar mais e que basta um espaço pequeno. A forma mais prática para limar é, sem dúvida, tentar sempre que possível “entrar na mente deles” e termos treinadores com qualidade para perceber que é necessário “perder” (ganhar) tempo com esses detalhes, que farão o atleta crescer enquanto jogador. Esta última observação é a mais difícil no meu entender, pois tenho jogadores que jogam um minuto por jogo e complica bastante.
Quais os objetivos a médio prazo da Seleção em termos competitivos?
Os objetivos passam por melhorar a qualidade do nosso BCR, isso tem de ser prioritário. Infelizmente, inicio a resposta desta forma, uma vez que deveria ser algo efetuado pelos clubes e treinadores. Não posso aceitar que existam jogadores, ainda hoje, que não saibam as medidas do campo ou executar um pick & roll, que não saibam efetuar compensações defensivas. Não é algo que nasça com eles, mas que se ensina e se ensina praticando. Uma Seleção Nacional ter de efetuar esse tipo de trabalho acaba por ser complicado, pois podíamos estar focados em aspetos táticos e técnicos e não podemos, pois temos de retroceder e fazer o que já devia ter sido feito. Os atletas acabam por ser o espelho dos seus clubes. Competitivamente, penso estar agendado um torneio para julho onde poderemos ver o resultados do trabalho.
Quais as próximas etapas de preparação da Seleção?
Como disse, realizaremos pelo menos um torneio. Em termos de estágios, teremos um em Abril, de 8 a 11, e depois será em junho, antes do Torneio. A periocidade está ótima, cerca de 45 a 50 dias de distância, o que lhes dá algum tempo para trabalharem nos clubes e de forma individual, pelo que poderão dar resposta aos desafios lançados no último estágio. Gratificante tem sido não ter de repetir “matéria” e poder, estágio a estágio, evoluir e vê-los a evoluir. Creio que alguns deles poderão vir a estar presentes em estágios da Seleção sénior, assim como desejo que alguns possam estar no Europeu sénior de 2021.
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27 FEV 2020

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