“O mais interessante é a evolução desportiva quando jogas a este nível”

Ricardo Vasconcelos fala da estreia na Liga Femenina Endesa em entrevista à FPB

Treinadores
23 MAR 2020

Ao serviço do Nissan Al-Qázeres, na temporada de estreia na Liga Femenina Endesa, Ricardo Vasconcelos conversou com a FPB e fez uma análise da primeira experiência no escalão máximo do basquetebol feminino espanhol.

O que mais destacas na época de estreia na Liga Femenina Endesa? 
O crescimento devido ao grau de exigência elevado das competições, das atletas… que coloca problemas constantes, sobretudo pela experiência que a maioria dos treinadores e jogadores têm da competição. Tudo isto implica um constante ajuste e adaptação dos planos de jogo. Há ligas onde há um domínio claro, nesta em específico há problemas semanais que nos obrigam a reajustar e a alterar certas questões. Um treinador prepara-se para a competição, para evoluir, para pensar em estratégias competitivas e respetivo planeamento. O que é valido para um sábado, pode não ser para o próximo, depende da equipa que tens pela frente. Não há como relaxar, há sempre problemas para resolver. O mais interessante é a evolução desportiva quando jogas a este nível. Foi uma época que me obrigou a crescer.
A 1.ª volta do campeonato foi mais positiva para o Al-Qázeres, na 2.ª parte da época tiveram alguns problemas com lesões e tiveram de reajustar. Com que dificuldades te deparaste? 
Há diversas. A primeira é a forte concorrência, o poderio financeiro de certas equipas permite-lhe responder à adversidade com novos reforços. A equipa que enfrentas na fase inicial da época não é a mesma que enfrentas na segunda parte da temporada. A título de exemplo temos o Girona, que é campeão e está em segundo lugar e trocou três jogadoras fulcrais na equipa. Isto acontece em todas as equipas, nas que estão no topo da tabela, como as que estão na parte de baixo. Procuram fortalecer-se para dar conta das lacunas que apareciam. Surpreendemos com uma metodologia e forma de jogar distinta, entremos na Liga com um basquetebol diferente do habitual, mas com o despertar de atenção as dificuldades foram surgindo depois de um bom começo. Tivemos dificuldades em implementar o nosso jogo.
Como descreverias o estilo de jogo que tentaste aplicar na equipa?
Tentamos explorar o contra-ataque, ser rápidas e defendemos campo inteiro, estratégias que acabam por surpreender, mas que depois os adversários se adaptam. Até podes roubar tempo de ataque, mas não efetuas o roubo de bola. Para isso precisávamos de mais profundidade para podermos aplicar em todos os jogos este tipo de plano de jogo. Tínhamos sete, oito jogadoras sólidas apesar do plantel bastante jovem e inexperiente. A média de idades da liga ronda os 26, 28 anos e nós tínhamos apenas duas atletas com mais de 24 anos. Tivemos dificuldades pela falta de experiência, as grandes equipas são sempre um misto de experiência e juventude, há um equilíbrio, mas financeiramente era impossível construir um plantel assim. Até podíamos ter mais qualidade na experiência, mas teríamos certamente menos jogadoras connosco.
A época foi interrompida quando ainda faltavam quatro jornadas para o fim da fase regular do campeonato. Ainda esperas um possível regresso da competição?
É o menos importante nesta fase, atravessamos um momento crítico do ponto de vista social que se sobrepõe a qualquer profissão ou desporto. Contudo, o que me parece é que dificilmente haverá tempo para recuperar o tempo perdido. O que nos dizem é que a situação tão cedo não melhora ao ponto de retomarmos a atividade. Pelo que leio e ouço, parece-me que não haverá tempo suficiente para jogar o que falta. Todas as despesas inerentes desta pausa podem não ser suportadas, daí dificilmente esteja crente na recuperação da época. Quem nos dera a todos nós voltar a jogar, era sinal de que tínhamos todos dar uma resposta espetacular.
Treinadores
23 MAR 2020

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