Em 2007, Portugal erguia o seu único título e espantava a Europa

Conquista do Europeu C por parte da Seleção Nacional de BCR

Competições | FPB
2 JUN 2020

Em Dublin, Irlanda, a Seleção Nacional de basquetebol em cadeira de rodas (BCR), orientada pelo espanhol José María Cristo, conquistou o Europeu C e carimbou a primeira subida ao segundo escalão continental. Nos eleitos, estavam Paulo Soeiro e Hugo Maia, um dos resistentes e atual subcapitão da Seleção, que rememoram o maior êxito do BCR português.  

Gorada a primeira tentativa de chegar à Divisão B do BCR europeu – desde que este incorporara a Divisão C -, Portugal viveu uma profunda transformação estrutural que lhe permitiria não só o alcance da subida, como de erguer, com uma boa dose de surpresa, o seu primeiro e único troféu.
Da comitiva ganhadora, subsistem nos quadros da seleção Henrique Sousa e Hugo Maia, subcapitão, que alude à “preponderância marcante” do técnico espanhol, José María Cristo, e do “trabalho conjunto”, onde emerge o presidente da extinta ANDDEMOT (Associação Nacional de Desporto para Deficientes Motores) – dirigente e ex-jogador da APD Sintra –, Victor Sousa. “Deu-se uma reviravolta, porque houve a preocupação de fortalecer a estrutura, ao equipar com cadeiras os jogadores convocáveis”, aposta que constatou acertada na primeira pessoa. “É à conta desse investimento que eu desponto. A cadeira deu-me tudo”, refere o capitão do GDD Alcoitão.
Paulo Soeiro percute igualmente na importância das ações desencadeadas por Victor Sousa, diligente nas palavras de apelo ao compromisso. “Pediu que assumíssemos a responsabilidade de representar Portugal e contou alguns episódios passados que não queria ver repetidos”, consciencialização que contribuiu para uma seriedade competitiva com os frutos conhecidos. Na origem da façanha, culminada com triunfo ante a Lituânia por 69-60, Paulo Soeiro, que prossegue a sua carreira no Lux Rollers – 3º escalão germânico -, convoca ainda como aspeto determinante para o sucesso “as contantes palavras de acreditação de dois atletas, Hugo Lourenço e Pedro Gonçalves, o capitão, e do treinador”.
Para lá da visão global, que se repercutiu numa melhoria gradual do BCR nacional, Hugo Maia salienta que o papel de José María Cristo no progresso dentro de campo foi lacónico, mas fértil. “Havia muito talento e uma boa orquestra. Se ele tivesse usado muito o banco, se calhar nem tínhamos conquistado o ECMC. É aquele selecionador “eu tenho um cinco”, ponto”, filosofia que, aliada à estratégia de pressão, a partir daí uma “ferramenta muito aplicada” a nível interno, garantiu o respeito rival. “Era até espumar da boca! Pressão, pressão e mais pressão. Depois era berrar para fazer ouvir a nossa voz e não deixar o adversário respirar. De facto, eles nem conseguiam falar, porque a nossa ordem era falar mais do que os outros”, relembra Paulo Soeiro (1.0), um dos suplentes mais utilizados, que viu a união e o vociferar contínuo alastrarem-se ao banco. O extremo ex-GDD Alcoitão louva ainda os contributos do adjunto, Pedro Costa, “um apaixonado e estudioso do Basquetebol”, que oferecia análises pertinentes, assentes em “pormenores sobre como colocar a cadeira, bloquear, rodar ou defender”.
Seguiu-se a coroação, “o receber da medalha”, e uma última entoação d’ “A Portuguesa”. “Ouvir o nosso hino nacional e a maneira como cantámos dentro do pavilhão foi de arrepiar”, conta Paulo Soeiro, que não esperava uma recepção tão calorosa no aeroporto. “Não fazíamos ideia que havia tanta gente a seguir o nosso europeu. Quando a multidão nos viu, começou a cantar o hino nacional. Todas as restantes pessoas perguntavam quem éramos e porque é que não havia um único órgão de comunicação social à nossa espera, apesar de informados diariamente”.
Um ano mais tarde, Portugal embalava para um feito não menos meritório, ao assegurar a manutenção na Divisão B, em Notwill, Suíça, num encontro, cada vez mais frequente, com a Lituânia. Inscritos na história ficaram, em definitivo, os nomes de Paulo Soeiro, Pedro Gonçalves, Hugo Lourenço, Jorge Almeida, João Cardoso, Cláudio Batista, Aníbal Costa, Rui Nicolau, Henrique Sousa, Renato Pereira, Hugo Maia, Valter Mendes, Victor Sousa (dirigente), José María Cristo (selecionador), Pedro Costa (selecionador-adjunto) e Nuno Fonseca (massagista).
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2 JUN 2020

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