APD Braga, o primeiro (e único) campeão a norte

Sucesso começou em 2012/13

Atletas | Treinadores
22 JUN 2020

Os minhotos despertaram para as conquistas na época 2012/13, quando ergueram os troféus de campeão nacional e de vencedor da Taça de Portugal. Manuel Vieira, jogador e presidente da APD Braga, e Ricardo Vieira, treinador, narram as bases do êxito, antecâmara de um ciclo dominador, que perdura, no BCR nacional.

Após um ano atípico, sem competições de BCR em Portugal, a APD Braga surgia em força, uma vez maturado o processo cujo fito passava por vencer títulos. Em primeiro lugar, rumou a Braga a Taça de Portugal, e a jogar em “casa”, empurrada por uma das maiores enchentes da modalidade no país, a equipa festejou o campeonato. “Foram pelo menos 4 épocas a trabalhar para conseguir esse título, com um aperfeiçoamento de várias situações: passámos a 2 treinos semanais e a dispor de ginásio grátis”, descreve o treinador Ricardo Vieira, que salienta também o investimento pessoal e a aquisição de cadeiras. “Fiz inúmeros cursos internacionais, alguns quilómetros sozinho e sem dormir, para perceber mais e melhor. Além disso, tivemos cadeiras novas ao abrigo de um apoio importante, que veio demonstrar que tínhamos mão de obra, faltavam material e verbas para apoio aos atletas”.
Manuel Vieira, presidente e jogador da APD Braga, subscreve as premissas de sucesso elencadas pelo técnico, seu irmão, e frisa o impulso dado pelo pai, Carlos Vieira, na “criação de condições para a prática desportiva das pessoas com deficiência”, numa primeira fase voltada para “a integração”. Angariados novos parceiros, a APD Braga começaria “a marcar pontos no panorama desportivo nacional”, dinâmica na qual reconhece o papel de João Correia, atleta paralímpico e figura incansável nos bastidores, a quem presta um “reconhecimento especial”.
Do desejo à realidade distaram 20 anos, pois fora na época 1992/93 que a APD Braga, fundada em 1982, constituiria as secções de atletismo e BCR. A transição do pendor recreativo para uma orientação mais competitiva custaria momentos de tensão e exigiu firmeza. “Numa saída, uma dirigente pediu aos atletas dinheiro para ajudar a pagar o almoço e o meu pai disse que se assim fosse tirava as cadeiras todas da sua carrinha, deixava-as na estrada e trazia todos os atletas que pudesse. Foi para mim o ponto de viragem e perceção de que o atleta não pode pagar algo em que vai fazer o nome da instituição crescer”, sublinha Ricardo Vieira.
Atualmente, embora saliente o “muito trabalho a fazer”, o técnico considera que “a cidade e concelho estão mais atentos” ao desporto paralímpico, consequência indesmentível das múltiplas ações de sensibilização e demonstração de BCR realizadas pela APD Braga, com um impacto que ultrapassa até o território continental. “Um dos pontos altos foi a ida aos açores. Receberam-nos como verdadeiros atletas; outdoors luminosos a anunciar a nossa presença, nas escolas havia entusiasmo, pediram-nos autógrafos, fotos, queriam saber mais de nós. Para culminar, houve um jogo entre os atletas com direito a pavilhão cheio e entrevistas, assim como invasão do campo, onde as pessoas nos pediram camisolas, calções e até meias”.
Se uma longa espera antecedeu os primeiros títulos, desde então a APD Braga inaugurou uma verdadeira dinastia no BCR nacional, ao arrecadar todos as provas em disputa a partir da temporada 2015/16. E a motivação não se esfuma. “Todos os anos desportivos fazemos um reset, pois o passado já era”, explica Manuel Vieira, filosofia a que se juntam as ambições expressas por Ricardo Vieira em “colocar o máximo de atletas na Seleção Nacional” ou a “dar o salto” para o estrangeiro “e ser a melhor equipa de sempre do BCR em Portugal (com formação feita no clube)”.
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22 JUN 2020

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