“Devemos ser vistos como atletas, não pessoas com deficiência que praticam desporto como fisioterapia”

Entrevista a Yuri Fernandes, extremo português de BCR

Atletas
31 AGO 2020

Yuri Fernandes, extremo português de basquetebol em cadeira de rodas (BCR), perspetiva a nova etapa na equipa principal dos Hornets Le Cannet, e aborda o que separa Portugal e França.

Ao lado de nomes consagrados do BCR gaulês, como Stéphane Keller (1.0) e Alexis Ramonet (4.0), e de outras paragens, casos do espanhol Ivan Toscano (2.5) ou do marroquino Rida Maatoui (4.0), Yuri Fernandes (2.5) vive o ponto alto da sua carreira. O extremo de 30 anos conheceu o BCR em 2006, no Santoantoniense FC, no Barreiro, antes de rumar à ASCD “Os Trovões”, altura em que, pela mão de Inês Lopes, mereceu a chamada à Seleção Nacional para estágios e torneios de preparação para o Europeu B de 2010.

Em 2012, mudou-se para França, em busca de melhores oportunidades profissionais e desportivas. Antes de chegar à equipa “B” dos Hornets Le Cannet, em 2018, Yuri representou várias formações: Saint Barthélemy Nice, Cavigal Nice e ASCO Mulhouse. Na antecâmara da época 2020/21, ouviu a boa nova de que integraria a pré-época da equipa principal, cuja primeira bola ao ar em jogos oficiais se faz em casa, no dia 26 de setembro, frente a Lannion, a contar para a Nationale A, principal campeonato do país.  Ciente da competitividade que o espera, Yuri Fernandes exprime o desejo de conquistar títulos e de regressar à Seleção Nacional.

 

Estás a fazer a pré-época com a equipa principal. Como avalias o nível de treino?
Começámos na primeira semana de agosto, com quatro treinos por semana, que agora passaram a ser treinos de segunda à sexta. Temos a possibilidade de fazer até sete treinos. Às segundas e sextas, temos treinos de técnica/lançamento; às terças e quintas, temos a possibilidade de treinar duas vezes ao dia, sendo que as terças-feiras à tarde são dedicadas à preparação física. Às quartas-feiras, face ao ano passado, aumentámos a carga horária de duas para quatro horas.

Le Cannet tem um plantel repleto de grandes jogadores. Destacas algum em particular, pela qualidade e/ou pelo que te tem ensinado?
Já seguia os Hornets em Portugal. De facto, a equipa tem um plantel recheado de grandes jogadores, na equipa nacional francesa, espanhola e marroquina. Sem querer estar a individualizar, destaco, sim, a união e dedicação, que vai desde o presidente e do treinador, até aos jogadores, que me receberam muito bem e com quem tenho aprendido e evoluído muito.

Que objetivos defines para a época 2020/21?
Continuar a evoluir com a equipa principal, jogar na divisão principal do campeonato e ser campeão nacional.

Quais as tuas ambições a médio/longo prazo no BCR?
Conquistar troféus com a minha equipa e, claro, voltar a representar a Seleção Nacional, algo que sempre quis para contribuir para ganharmos títulos europeus.

França está no top 5 dos melhores campeonatos. Sei que é uma pergunta com pano para mangas, mas quais as principais diferenças que constatas entre o BCR português e francês? O que é que precisamos de “importar” para Portugal?
A grande diferença está na divulgação e promoção do desporto adaptado. Aqui, só a competir, existem cerca de 70 equipas. Uma das coisas que mais me impressionou foi saber que há um centro dedicado ao desporto adaptado, para encontrar jovens até aos 18 anos e formá-los nas respetivas modalidades. Fazem o seu percurso escolar e ao mesmo tempo são atletas. Acho que essa é a grande mentalidade que devemos importar para Portugal. Devemos ser vistos e considerados atletas, não pessoas com deficiência que praticam desporto como fisioterapia. Essa mentalidade tem que fazer parte do atleta, de querer sempre mais e ter que fazer sacrifícios para atingir os seus objetivos. Conheço o BCR português e acompanho o campeonato desde que deixei o país. Muita coisa mudou para melhor; é com orgulho que vejo Portugal participar nos Campeonatos da Europa e, pela primeira vez, uma seleção Sub22. Mas é preciso mais para poder colocar Portugal onde todos queremos.

 

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Atletas
31 AGO 2020

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