“Desenvolvi muito o lado mental do jogo”

Luís Domingos faz balanço da primeira metade da época no Servigest Burgos

Atletas
7 JAN 2021

Luís Domingos (2.5), internacional A e Sub22 de basquetebol em cadeira de rodas (BCR), que vive a primeira experiência na División de Honor, principal escalão do BCR espanhol e montra cimeira da modalidade a nível mundial, mostra-se satisfeito ao cabo de oito jornadas.

Por contraponto à época transata, em que vestiu as cores do Basketmi Ferrol, no segundo patamar do país vizinho, o atleta de 22 anos confessa estar ainda a adaptar-se ao ritmo da liga. “A intensidade que põem em tudo, tanto a nível defensivo, como ofensivo, mesmo em coisas simples, como o 1×0, é muito alta”, assevera, aspeto que tem procurado limar a par do “lado mental”, sob a orientação de um dos colegas a quem mais competência reconhece neste domínio.

“Estou a aprender muito com o Martin Arredondo [internacional mexicano, 3.0]. É uma pessoa muito calma e transmite isso. Agora posso olhar para um jogador, uma equipa ou seleção e enfrento-os sem receio”. Já no plano técnico, o extremo, que conta com uma passagem pela Série A italiana, no HS Varese, e realizou a sua formação numa das grandes “escolas” europeias, a inglesa, realça os reparos constantes de técnicos e jogadores para imprimir “mais contacto com a cadeira na defesa”, imperativo essencial numa modalidade que presta atenção crescente à dimensão física.

A exigência em campo é acompanhada pelo volume de treino, o mais elevado que já teve, ao contemplar cinco sessões coletivas de duas horas, à tarde, e outras tantas individuais de uma hora, pela manhã, além do trabalho de ginásio três vezes por semana, entre uma hora e uma hora e meia. No núcleo de jogadores profissionais do Servigest Burgos, Luís Domingos goza da companhia de nomes consagrados, como o já referido Martin Arredondo (3.0, internacional mexicano), Mateusz Filipski (4.0, internacional polaco), Roberto Mena (4.0, internacional espanhol) e Andrzej Macek (1.5, internacional polaco).

Com uma média de 11 minutos, sem sobressair na estatística devido à função mais restrita de bloquear e auxiliar os jogadores de classe alta, como Filipski, o parceiro de ataque habitual, o principal embaixador do BCR nacional na temporada 20/21 retém um encontro em particular ao serviço do conjunto de Castela e Leão.

“Gostei de enfrentar Bilbao. Da atitude deles, da maneira que jogam, da humildade que demonstram, e também da minha prestação. Entrei no terceiro quarto e consegui fazer algumas coisas interessantes; senti que estava com boa intensidade”, sublinha, por contraste com a impotência constatada perante o CD Ilunion, nome insigne do BCR espanhol e último campeão. “Cada vez que tentava no ataque fazer um bloqueio, empurravam-me, davam contacto e não conseguia. A equipa de Bilbao também fazia tudo bem feito, mas sentia que havia mais igualdade, na velocidade de execução”, concretiza.

Do duelo com os bascos, cresceu a admiração nutrida por Jhon Hernández (3.5, internacional colombiano). “Já o tinha visto em vídeo, mas agora deu para perceber melhor que ele é um jogador mesmo muito, muito bom. Chamou-me à atenção a mobilidade e a maneira como lança”, elenca Luís Domingos, que revela igualmente fascínio por Gregg Warburton (2.0, internacional britânico), o MVP do Mundial de 2018, pela “intensidade e trabalho sem bola”.

Prestes a reentrar em cena, no dia 16, frente a Amivel, em Málaga, o Servigest Burgos persegue o objetivo da qualificação para a Copa do Rei, o que implica permanecer entre os oito primeiros. No plano individual, além das metas no clube, Luís Domingos aponta à subida à divisão B com a Seleção A, onde acredita poder assumir uma maior preponderância. “As coisas que aprendi até agora, técnica e mentalmente, vou levar para a Seleção e tentar ajudar”, afiança.

 

Nota: Foto de Tiago Pereira.

 

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7 JAN 2021

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