“Man Out” a Bruno Lopes
Atleta da APD Lisboa
Atletas
9 ABR 2021
Pêndulo da jovem e prometedora equipa da APD Lisboa, com o seu virtuosismo e audácia, Bruno Lopes continua a ser um dos seus elementos mais desequilibradores. Aos 38 anos, acumula 14 anos de prática da modalidade, ao longo dos quais integrou, em várias ocasiões, os quadros da Seleção Nacional e, dentro e fora de campo, ajudou a formação da capital a reerguer-se.
Data de nascimento: 31-07-1982
Ano de iniciação: 2007 (inscrito em 2008)
Posição: Extremo
Clube: APD Lisboa
Palmarés: Em construção, como a APD Lisboa (risos)
Jogo da tua vida: Acho que ainda não chegou, o melhor ainda está para vir. Mas posso dizer que um dos jogos que mais prazer me deu jogar foi no 18.º Torneio Internacional de Lisboa – sem desprimor para os outros companheiros –, onde joguei lado a lado com o António Vilarinho (um “dinossauro” do BCR que representa as nossas raízes enquanto modalidade e ainda no ativo) e o Ângelo Pereira (que para mim representa o futuro da APD Lisboa e do BCR nacional), frente aos melhores, o CP Mideba (Badajoz), que contava com os campeões europeus e mundiais britânicos (Phil Pratt, Gregg Warburton, George Bates, Abdi Jama).
Chamam ao BCR a modalidade paralímpica rainha. Se tivesses que convencer alguém a ver ou praticar, como o “vendias”?
Tendo eu formação em engenharia, mas muita experiência em marketing e vendas na Unilever, podia construir um “business case” ou um “case study” (risos). O ver e praticar é fácil, não há quem não veja que não goste. Para realmente “vender” o BCR é preciso aumentar a sua notoriedade, ou seja, torná-lo mais visível, mais conhecido, mais próximo, mais na rua, mais viral, mais emocional, mais espetacular. Por outro lado, só consegues fazer o que mencionei se o “produto” (BCR) for bom, entusiasmante, interessante, competitivo, inovador e que satisfaça as ambições e necessidades dos clientes (neste caso são os futuros atletas, futuros clubes e futuros patrocinadores). Muitas das vezes, infelizmente, em Portugal, os “bons produtos nacionais pouco conhecidos” só têm sucesso e “procura” nacional depois de “vendidos fora de portas”, mas tens de ser muito bom, tens de ter perfil de atleta, trabalhar e investir muito nisso, não sei se me fiz entender…
Qual ou quais os jogadores que exercem maior fascínio sobre ti?
Tive e tenho muitos (adversários nacionais, colegas da APD Lisboa, estrangeiros), mas seria injusto mencionar uns e não outros. Gosto de ver bom BCR, gosto de jogadores espetaculares e com muita garra em campo. Excelentes atletas, com inteligência e leitura de jogo nas suas diversas posições, desde os postes aos bases, dos atletas de 1 ponto até aos 4,5 pontos, há verdadeiras “máquinas” nas suas diversas posições e classificações.
Recorda-nos um momento caricato que tenhas vivido por jogar BCR.
Porque recordo com saudade, sempre que íamos jogar à Madeira contra o CD “Os Especiais” (que saudades, só para reforçar…) aqueles dias eram muito pródigos nisso, desde irmos “x” pessoas numa carrinha de nove lugares com a buzina avariada sempre a tocar desde o Funchal até Santana, o Emanuel Soares cheio de medo no Cabo Girão, ficar sem bateria no Pico dos Barcelos, no carro que nos emprestaram e estar em vias de não chegar a tempo ao jogo; eram só peripécias esses dias.
Qual o teu movimento, gesto ou momento do jogo favorito?
Sem dúvida de que aquilo que me dá mais prazer é fazer bonitas assistências para os meus companheiros. Assistências que, depois de bonitas jogadas de BCR, resultam em cesto. Adoro fazer aquelas assistências em que o grau de dificuldade do passe, da receção e da tomada de decisão é muito elevada, quase impossível.
Qual o jogador a quem gostavas de fazer “Man Out”?
Vi-os crescer desde o início e as diferenças são abismais, o Ahmat Afashokov e o Ângelo Pereira estão umas “máquinas”, mas vou aproveitar a oportunidade para homenagear duas excelentes pessoas. Adorava fazer “Man Out”, mas com a minha idade e as nossas cadeiras de hoje em dia ao enorme António Vilarinho e ao ex-atleta e atual dirigente da APD Lisboa, o grande Luís Oliveira (primeira atleta em Portugal a fazer o lançamento convencional, com uma mão).
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O “Man Out” é essencial no BCR. Na elite – mas não só -, todas as equipas adotam esta estratégia que consiste, após a recuperação da posse de bola, em reter um adversário com um, ou idealmente mais jogadores, no seu reduto ofensivo de forma a atacar em superioridade numérica. O espaço ocupado pelas cadeiras torna uma missão árdua recuperar a posição perdida, de modo que o “Man Out” é uma tónica constante no jogo de BCR, privilegiando-se como alvos, claro, os elementos mais lentos da equipa adversária.