“Foi o ponto alto da minha curta carreira como comissário FIBA”
Bruno Casinha fala sobre a sua presença no EuroBasket feminino
Competições | Formação | Juízes
29 JUN 2021
Bruno Casinha, comissário português que faz parte dos quadros da FIBA, esteve presente no EuroBasket feminino, que terminou com a vitória da Sérvia.
O comissário detalha os pontos altos dos últimos dias: “A experiência de 14 dias foi bastante positiva, embora vivida num contexto de “bolha” em que estávamos confinados ao hotel 24 horas por dia, com exceção das deslocações de e para o recinto de jogo, para atuarmos nos jogos. Significa isto que desde a ativação matinal com os árbitros às 7h30 da manhã, às formações, scouting das equipas e à preparação dos jogos, às diversas refeições e aos períodos de descanso, tudo decorreu dentro do hotel, o que provoca sempre alguma ansiedade e saturação acrescidas, pedindo mais de todos a nível mental. Na primeira fase da competição fiz seis jogos, encontrando equipas como a Espanha, Eslováquia, Suécia, Montenegro, Grécia, Itália e a Sérvia, que acabaria por vencer a competição. Desta primeira fase destaco o Itália vs. Grécia (77-67), quer pelo equilíbrio no resultado, pelo facto do jogo decidir quem continuava em prova e/ou quem ia para casa, mas também pelo facto de ter coincidido com a Sónia Teixeira na equipa de arbitragem, da qual foi chefe, sinal que a FIBA reconhece e confia nas suas qualidades, sendo que tivemos uma arbitragem tranquila e segura, que é aquilo que se pretende sempre! Na segunda fase da prova estive no Espanha vs. Montenegro, onde a equipa da casa, com 3 mil pessoas nas bancadas, carimbou a passagem para a fase mais a doer da prova; estive também no jogo em que a “surpresa” Bielorrússia eliminou a Suécia e avançou para as meias-finais.
A minha participação culminou com uma das meias-finais, em que a França foi mais competente e sólida, eliminando a Bielorrússia e apurando-se para a tão desejada final. No global participei em nove partidas, com arbitragens muito positivas e sem casos, com bons jogos de basquetebol, sempre com público, o que deixou equipas, juízes e organização muito satisfeitos!”, relata.
Bruno Casinha assumiu também funções de formador: “Foi inesperado, pois o Conselho de Arbitragem da região de Valência, onde se realizou a competição, tinha previsto uma ação de formação para os oficiais de mesa FIBA que estavam a atuar nos jogos do EuroBasket, acabando por questionar a FIBA sob possibilidade dos comissários ou instrutores poderem participar na formação. Dominando cabalmente o idioma espanhol, a escolha recaiu sobre mim. Trabalhamos online durante duas horas, analisando vídeos de diversas situações que foram identificadas como não tendo tido a melhor decisão ou com interpretações diferentes para situações semelhantes, com o propósito de uniformizarmos procedimentos e critérios, sendo que o balanço final foi extremamente positivo e enriquecedor para todos”, afirma o comissário.
Casinha não esconde a dificuldade que foi viver este certame em tempo pandémico: “Foi duro do ponto de vista mental, pois estivemos duas semanas confinados ao hotel, onde nem a janela do quarto podíamos abrir, com uma rotina muito semelhante todos os dias, sempre a cruzarmo-nos com as mesmas equipas nos corredores e elevadores. Acresce a isso diversos testes ao Covid-19 antes de viajar, à chegada, durante a competição e antes do regresso a casa, além do facto de termos de usar máscara e viseira durante os jogos, o que ainda complicou mais o meu trabalho. Mas mesmo com estas limitações, fomos resilientes e superámos todas as dificuldades! De positivo, a possibilidade de poder conviver mais com os colegas, o que reforçou um forte espírito de grupo, já de si muito saudável e forte!”, vinca.
O comissário português não tem dúvidas sobre aquilo que representa esta sua chamada para o Europeu: “Se de um lote de 144 comissários foram escolhidos somente quatro para a maior competição do ano a nível europeu, creio que é sinal de que a FIBA reconhece em mim algumas qualidades e que confia no meu trabalho, mesmo num contexto de grande responsabilidade e visibilidade. Depois tive a sorte de encontrar colegas com muita qualidade e experiência, o que permite sempre a partilha de diferentes vivências e rotinas, o que é muito enriquecedor e abre novas perspetivas.
Foi, sem dúvida, o ponto alto da minha curta carreira como comissário FIBA. Fico orgulhoso com a minha prestação e por ter tentado representar da melhor maneira a FPB e o nosso país. Mais contente fico, pois esta época vários juízes estiveram nas “bolhas” e nos diversos pontos altos da FIBA: Paulo Marques, José Gouveia, Diogo Martins, Sónia Teixeira, João Crespo, Rui Vieira, prova de que o trabalho de vários dos nossos juízes merece reconhecimento a nível internacional!”, elogia.