Gustavo Costa: “Correu melhor do que as minhas expetativas iniciais”

Árbitro luso apitou a Champions Cup, em Erfurt, Alemanha

Competições
19 MAI 2022

A Champions Cup, máxima prova europeia de clubes de BCR, teve representação portuguesa, na arbitragem, de 6 a 8 de maio. Em Erfurt, Alemanha, Gustavo Costa apitou alguns dos embates mais aguardados da época, com destaque claro para a nomeação para a meia-final, que se considerava a final antecipada, entre os espanhóis do BSR Amiab Albacete e os então vice-campeões da Europa RSB Thuringia Bulls. Também os duelos a opor Unipol Briantea 84 Cantù (Itáliá) a BSR Amiab Albacete (Espanha), Bidaideak Bilbao BSR (Espanha) a CS Meaux (França), bem como a partida cem por cento germânica para atribuição do bronze, entre RSV Lahn-Dill e RSB Thuringia Bulls, tiveram o juiz português como um dos eleitos.

Em entrevista à FPB, Gustavo Costa manifestou satisfação pelo desempenho conseguido, atestado pelos comentários positivos de supervisores e nomeações para os jogos de maior relevo, analisou a evolução da prática da modalidade e traçou uma comparação a nível técnico e arbitral do que melhor se faz na Europa, face à realidade nacional.

1 – Como avalia o regresso aos palcos europeus, tendo em conta a ausência prolongada?

O último jogo internacional realizado foi a final do Europeu C, em Brno (verão de 2017). Depois disso, aconteceram três cirurgias e a paragem das competições internacionais devido à COVID-19. Tendo em conta as minhas sensações, os comentários dos supervisores e as nomeações, acho que correu bastante melhor do que as minhas expetativas iniciais. Confesso que, até começar o primeiro jogo, estava bastante nervoso, parecia um árbitro que se ia estrear em provas internacionais, mas depois da bola ao ar, acalmei e consegui focar-me cada vez mais nos jogos, libertando-me de alguns fantasmas. As críticas dos supervisores incidiram primordialmente nas dificuldades de utilização da técnica de arbitragem a três. Na minha opinião, acaba por ser um pouco natural. Por mais que se estude e visione jogos, nunca será possível ter a automatização necessária quando se passa a época quase toda a arbitrar a dois e de repente termos que mudar o “chip” e arbitrar a três.

2 – Neste contacto privilegiado com a elite do BCR Europeu e mundial, como avalia a evolução do jogo de BCR? 

Em termos táticos, acho que o jogo está a mudar, um pouco na linha do que se passa com o “basket a pé”. Nestes jogos, e em especial nas equipas mais fortes, vi uma exploração sistemática das transições ofensivas, sempre no limite máximo da velocidade, procurando conquistar situações de vantagem, 2×1, 3×2 e até na colocação imediata de um homem grande nas proximidades do cesto adversário, só com um defensor (muitas vezes em mismatch), com a utilização de passes longos bombeados para esse homem grande; diminuição da importância do 2×2, com pick and roll, nos corredores laterais; o ataque organizado começa cada vez mais com cinco aberto e depois com passes extremamente rápidos na procura de situações de vantagem para os lançadores de meia e longa distância; diminuição das tentativas de passes bombeados para o interior da área restritiva, na procura do “homem grande”.

3 – Que reajustes supôs na forma de apitar face à realidade nacional?

Nestes jogos, utilizámos um critério de análise dos contactos muito mais largo/aberto do que aquele que é possível utilizar nos jogos nacionais. Na competição interna, são poucos os jogos em que é possível utilizar esse critério. Penso que a diferença se baseia numa questão de mentalidade de alguns jogadores/equipas e no facto de utilizarmos apenas dois árbitros na maioria dos jogos.

4 – Onde é mais clara a necessidade de evolução dos nossos jogadores e árbitros? 

Relativamente aos jogadores, penso que é essencial a aposta no desenvolvimento da capacidade física (intensidade) e de controlo da cadeira, o que só pode passar pelo aumento da quantidade/qualidade do treino e do número de jogos por época.  Quantos aos árbitros, acho que é imprescindível um trabalho profundo sobre os contactos específicos do BCR e a passagem para três árbitros por jogo. Comum a árbitros e a jogadores/clubes: é vital uma mudança de mentalidade. Ainda existe muita gente a olhar para o BCR como uma atividade recreativa e não competitiva.

5 – Que balanço geral faz da prestação?

Foi muito positiva, muito acima daquelas que eram as minhas expetativas antes da prova. E isso refletiu-se tanto nos comentários dos supervisores, como nas próprias nomeações. A nomeação para a meia-final (RSB Thuringia Bulls vs BSR Amiab Albacete), que todos consideravam a verdadeira final, deixou-me muito satisfeito.

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19 MAI 2022

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