Clinic Nacional de BCR 2023 estreitou laços com o basquetebol convencional
Acção reuniu técnicos de BCR, mas também da vertente convencional do jogo
Competições
5 SET 2023
O Clinic Nacional de BCR 2023 tomou lugar no pavilhão de Ventosa do Bairro, Mealhada, nos dias 2 e 3 de setembro, e teve como preletores o seleccionador nacional Óscar Trigo e o treinador-adjunto da equipa das quinas Javier López. A formação suscitou o interesse de doze formandos, oriundos dos vários emblemas do BCR nacional, bem como de alguns técnicos do basquetebol convencional, com um olhar curioso sobre as diversas expressões da modalidade.
Cláudia Mané, treinadora do Montijo Basket Associação (MBA), nos escalões de sub-18 e sub-21 masculinos, não é uma estreante nos momentos formativos de BCR e salientou o potencial de aprendizagem que lhes está inerente. “É o terceiro clinic de BCR que faço. Quando estava na arbitragem, privei com o Augusto Pinto [presidente do Comité Nacional de BCR (CNBCR)] e o João Crucho [vice-presidente do CNBCR e Team Manager da selecção nacional] como oficiais de mesa. Penso que os treinadores de basquetebol convencional não têm noção do que é um clinic de BCR. Há uma aprendizagem enorme que se pode retirar daqui. Espero vir mais vezes”, afirmou.
A badalada percepção, mas talvez pouco fidedigna, de que o BCR e o basquetebol convencional são mundos opostos “cai por terra” rapidamente para os que se desafiam a esmiuçar esta variante Paralímpica. “Há uma diferença nos fundamentos, porque temos a cadeira e não o andar a pé. Mas os conceitos, as filosofias, a maneira de trabalhar conseguem transferir-se tanto do basquetebol convencional para o BCR, como o inverso. É uma situação de win-win. Vou citar o exemplo do trabalho de lançamento em esforço. A forma como o Óscar e o Javier o apresentaram, contrariado, com oposição, é a minha filosofia de treinar lançamento. Adorei o modo como o abordaram”, frisou a antiga árbitra e jogadora de seleção.
Para o sucesso e o impacto da formação, contribuiram igualmente os atletas presentes, da seleção nacional e da APD Leiria, cujo desempenho, orquestrado por Óscar Trigo e Javier López, teve como espectador, no último dia, Orlando Simões, ex-seleccionador nacional de sub-20 masculino, membro da equipa técnica da selecção nacional de seniores masculinos que participou no Eurobasket 2007 e atual comentador da RTP. “Gostei muito de ver, tive a possibilidade de ver um grupo de alta competição, treinadores espanhóis a treinarem bem, como eu gosto, e os atletas também. Deixou-me água na boca para o futuro e para eventualmente vir a ter alguma ligação com o BCR”, adiantou.
O conceituado técnico, no ano 2000, então empregado na Direcção Geral dos Desportos, acedeu “ao pedido de ajuda de um grupo criado em Aveiro”, que tinha como fito a constituição de uma equipa de BCR. Só a saída para o Ginásio Figueirense motivou a quebra inevitável do vínculo com o projeto. Volvidas duas décadas, Orlando Simões não quis desperdiçar o ensejo de se realizar uma atividade de BCR perto de casa. “Quando vi que era aqui próximo, tentei conciliar com a minha vida pessoal para comparecer. Quer no treino, quer a comentar, gosto mesmo de me preparar. E pode vir a surgir a possibilidade de comentar um jogo. Nada melhor do que estar presente para aprender. Na fase seguinte, vou estudar as regras”, revelou, abrindo a porta para dar voz à modalidade em todos os sentidos.