Pedro Bártolo: “Temos uma forma de jogar mais coletiva do que nunca”
Treinador-jogador do BC Gaia, de 32 anos, aponta à subida no seu sexto europeu
Atletas | Competições
16 SET 2023
Pedro Bártolo, figura central do Basket Clube de Gaia, transmite uma mensagem de confiança, relativamente às possibilidades de Portugal alcançar a promoção à divisão B, no Campeonato da Europa C, em Sarajevo, Bósnia-Herzegovina, de 18 a 24 de setembro. Referência da selecção nacional, o experiente base será um dos pêndulos da formação orientada por Óscar Trigo, particularmente, atendendo à juventude do lote de convocados.
Número: #6
Palmarés: 2x Campeonato Nacional, 1x Taça de Portugal, 1x Supertaça, Vice-Campeão Europeu C 2015
Referências na modalidade: Hugo Lourenço, Pedro Gonçalves, Hugo Maia e Henrique Sousa. Treinadores: Nicola Damiano e Óscar Trigo.
Jogos da tua vida: Supertaça 2021 vs APD Braga; Fase preliminar da Champions League 2019 vs Thuringia Bulls; Final Four da 2ª Divisão espanhola 2015.
Europeus passados (ou provas de seleções anteriores): ECMC 2015, ECMB 2016, ECMC 2017, ECMC 2019, ECMBC 2022.
1 – Quais são as tuas principais expectativas para o Europeu?
Inevitavelmente, ganhar. Queremos dar uma afirmação demonstrativa da nossa capacidade, porque só pode ser assim, se a pretensão for singrar na divisão B. Temos uma forma de jogar mais coletiva do que nunca, uma noção plena do que temos de fazer dentro do campo e um grupo de jogadores que prima pela versatilidade.
2 – Como te descreves como jogador? Quais os teus pontos fortes?
Considero-me um jogador eclético, com uma capacidade técnica acima da média e, não menos importante, com o passar da idade, cada vez mais cerebral. Preservo o meu lançamento de média a longa distância, mas, atualmente, procuro gerar mais a partir dessa ameaça.
3 – Até onde gostavas de chegar com a seleção?
Realisticamente, o ponto de chegada que fará sentido para mim, na seleção, seria atingir a divisão A. Contudo, em termos estruturais, o nosso BCR não está apetrechado com as condições necessárias para irmos além da divisão B. Creio que, além de cobiçarmos resultados, temos de nos preocupar em ampliar a base de atletas, capacitar os treinadores e lutar para que a comunidade do basquetebol nacional nos encare da mesma forma que a qualquer outra seleção. Parece descontextualizado, mas o êxito da seleção implica mesmo uma revolução no modo de se olhar a modalidade, até porque, não esqueçamos, é a mais profissionalizada do universo paralímpico.
4 – Em que medida a incorporação do Óscar Trigo e do Javier López na equipa técnica pode contribuir para a evolução da seleção?
Falamos de alguém que alcançou sucesso à escala paralímpica, que colocou Espanha no pódio nos europeus sénior e sub23, por isso seria hipócrita negar que não nos têm a acrescentar algo diferente. Já se sente uma identidade própria dentro do campo, o envolvimento extra treino dos atletas com o processo é notório e a implementação gradual dos conceitos táticos tem sido muito bem feita. Esperamos preservar esta equipa técnica durante muitos anos.
5 – Que impacto pode ter a subida de divisão da seleção no BCR nacional?
Depende. Se a promoção à divisão B for acompanhada por maior compromisso dos atletas, bem como apoio ao lote de selecionáveis, podemos almejar um crescimento sustentável. Caso contrário, continuaremos a ser conhecidos como a seleção ioiô, que sobre e desce, constantemente, de divisão. Não podemos basear o nosso desenvolvimento na saída de jogadores para ligas semiprofissionais ou profissionais.