Karyaka do Benfica tem razão

O meu desprendimento ao mundo do futebol profissional é tão grande, que confesso que desconhecia que o Benfica tem um jogador russo chamado Karyaka.

Não quero nem saber se o treinador Koeman prefere os jogadores brasileiros, se é justa a sua insatisfação, ou muito menos quero saber, quantos jogos ele viu pela televisão. Eu confesso, que em 2005 nem o Porto x Sporting ou qualquer outros dos ditos clássicos vi. O que me levou a referi-lo ao escrever estas breves linhas de votos de bom ano de 2006, foi a sua preocupação com a educação das crianças.

O minibásquete é uma actividade, extremamente rica do ponto de vista pedagógico e tem como um dos seus objectivos centrais; expressos neste portal, (ver Minibáquete – Quem somos), uma clara identificação do problema da ausência de espaços para brincar. No portal referimos: “Tendo em conta uma época em que cada vez mais as crianças estão fechadas em prédios, frente aos televisores, computadores, “game-boys”, não convivem e não exercitam destrezas essenciais; sabemos que é fundamental encontrar formas de convívio, socialização e desenvolvimento das suas capacidades motoras coordenativas.”As palavras de Karyaka, um russo que está há poucos meses em Portugal, que nos chamaram à atenção foram e, passamos a transcrever do Jornal Record de 11 de Janeiro de 2006: “Lisboa parece uma aldeia grande onde as crianças não podem brincar na rua.” (…) “Em vez de brincarem as crianças daqui só vêem televisão.” Para quem como nós, está no universo do minibásquete, não foi preciso vir um russo para termos consciência de tal facto. Contudo não deixa de ter razão, e as suas palavras podem ajudar a alertar, alguns menos atentos, a reflectirem sobre o triste quotidiano de muitas crianças de Lisboa. Nós que interagimos com crianças dos 6 aos 12 anos, percorrendo o país de lés a lés, e vamos tomando consciência, que este é um mal, que cada vez menos se restringe a Lisboa, somos obrigados a reconhecer e a louvar o trabalho das centenas, de jovens e adultos que um pouco em todos os cantos do país, longe das decisões do poder, longe das recompensas financeiras e do reconhecimento público, se dedicam ao ensino do minibásquete. Para todos, mas principalmente, para os treinadores, dirigentes e pais, que envolvendo-se nesta actividade, contribuem para a felicidade das crianças um bom ano de 2006.

13 JAN 2006