De volta aos treinos

Depois do Boa Viagem, Nuno Barroso voltou a abraçar o trabalho de formação no âmbito da Associação de Basquetebol da Ilha Terceira.

Associações
9 MAI 2006

A experiência foi “gratificante”, apesar de haver “muita coisa a corrigir”.

Uma questão de solidariedade para com a ABIT e de disponibilidade momentânea… Estes foram os factores que levaram Nuno Barroso a aceitar o convite do director-técnico da Associação, para “aguentar” a actividade do Centro de Treino até ao final da época. Um espaço onde se encontram os melhores da ilha no escalão de Cadetes, mas que, apesar de ser um local previligiado para a evolução, tem tido dificuldades para funcionar a 100%. “Encontrei o que estava à espera. Uma actividade extremamente difícil de gerir, onde a adesão dos atletas não é a melhor e onde, de facto, ascoisas nunca correm da forma como inicialmente se esperava… São poucos jovens, para muitas actividades… Como esta é uma actividade que não tem uma consequência imediata para eles (apesar de ser importante a médio e longo prazo, porque contribui para que eles sejam melhores), para se sentirem motivados é necessário que os adultos que estão por trás deles desempenhem um papel diferente”, refere o técnico quando lhe pedimos um diagnóstico, depois do primeiro fim-de-semana de trabalho que decorreu nos dias 22 e 23 de Abril, no Pavilhão da Preparatória de Angra do Heroísmo. Para tomar o pulso aos atletas, foi preparado um trabalho “simples”, sobretudo de aferição das capacidades técnicas e tácticas, “que andou pelos exercícios da técnica individual ofensiva, princípios do ataque em vantagem numérica (2×1; 3×2), e algum jogo centrado na capacidade de leitura. A partir de agora”, refere o técnico, “temos de planear o trabalho em torno do que foi observado”. Um trabalho que correu bem, mas que deixou algo a desejar. No sector feminino a presença foi maciça, mas de atletas de apenas um clube (Boa Viagem). No sector masculino apareceram seis atletas no primeiro dia, mas apenas dois no segundo… “Penso que é difícil se todos os agentes envolvidos não acreditarem no Centro de Treino. É preciso que as pessoas reconheçam no trabalho associativo capacidade de oferecer mais alguma coisa aos seus atletas. Por isso os clubes devem ter um papel preponderante… Motivando os atletas, fazendo- lhes ver a importância da actividade, de forma a que eles, de facto, percebam que isto é importante para a sua formação desportiva. Para além disso o tempo é pouco, os fins-de-semana não são muitos e por vezes também é difícil conciliar questões desportivas com questões académicas ou familiares… É complicado, mas penso que o caminho é toda a gente concluir que isto é uma actividade importante para os atletas”, refere Nuno Barroso.MELHORAR A FORMAÇÃO Os treinos decorreram nas manhãs de sábado e domingo. No sector feminino estiveram presentes, Ana Margarida, Ana Toste, Amélia Sarmento, Maria Rita Ávila, Mariana Santos, Miquelina Furtado, Mónica Tavares, Tatiana Furtado, Venusa Tavares, Ana Soares, Raquel Cardoso e Cláudia Silva (todas do Boa Viagem). No sector masculino, apareceram no sábado André Vieira, Rodrigo Mendes, Diogo Câmara, Miguel Freitas (Lusitânia), Albino Ribeiro e Renato Ramos (Vitorinos); e no domingo apenas André Vieira e Diogo Câmara… Apesar dos condicionalismos o técnico assimilou o suficiente para fazer uma apreciação da forma dos atletas. Segundo o técnico, “todos mostraram motivação e sei que eles gostaram de lá estar. No sector masculino, alguns dos que estiveram presentes são atletas que eu já conhecia e é um grupo muito interessante; que tem um nível técnico elevado, com o qual se podem fazer coisas muito interessantes e pode progredir bastante, até porque ao nível da técnica estes miúdos estão ao nível dos bons em qualquer lado do país… No sector feminino o cenário é um pouco diferente. Parece-me que era indipensável dar uns passos atrás, porque elas precisam sobretudo de técnica individual ofensiva. O conhecimento de jogo e as questões tácticas assumem um papel secundário, porque há alguns aspectos mais importantes a trabalhar antes”. Um diagnóstico menos favorável, que se estende à formação terceirense em geral… “Acho que a nossa formação, de um modo geral, não é boa. Nós podemos tentar enganarmonos, mas se quisermos fazer uma análise fria temos de concluir que a nossa formação não é boa. Penso que há uma distinção entre o masculino e o feminino, porque o sector masculino está melhor, mas de um modo geral a formação não tem sido alvo da atenção que merece em função dos patamares que as equipas seniores atingiram. Nós hoje temos uma equipa na Liga, uma na Proliga e outra na Liga Feminina e isso requer outro nível e outra preocupação na formação, nomeadamente ao nível do investimento e parece-me que este não tem acontecido”, termina Nuno Barroso. Depois de um período de ausência, após a saída do Boa Viagem, foi com gosto que Nuno Barrodo voltou aos treinos. “Foi um bom fim-desemana porque gosto muito de formação. Digo sempre que é mais gratificante trabalhar com a formação do que com escalões de idades mais avançadas, porque na formação há retorno efectivo e é mais fácil a criação de empatias. Por outro lado vê-se de forma evidente o fruto do nosso empenho e do nosso trabalho. Os jovens estão sempre disponíveis paraaprender e para partilhar, portanto é sempre muito agradável trabalhar com esta gente mais nova”, revela o técnico. Apesar disso, mais novidades, só daqui a algum tempo… “Eu já ando ligado à actividade desportiva há muitos anos e sempre me senti muito feliz com aquilo que fazia enquanto jogador. Desde que passei desta função para o cargo de treinador, quese todos os anos há um dissabor aqui ou ali, principalmente no escalão de seniores, onde os dissabores são mais frequentes. Isto levame a ter que reflectir sobre o que será o meu futuro no que diz respeito à actividade desportiva… Neste momento não faço muito a ideia do que quero, nem tão pouco se quero… De qualquer forma, penso que a formação poderá ser a solução mais viável para mim, mas ainda não pensei seriamente nisso porque me está a fazer bem não pensar nestas questões do desporto”.

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9 MAI 2006

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