2007. 2011. 2025?
O caminho rumo ao 3.º apuramento
Seleção Nacional Masculina | Seleções
2 JAN 2025
Ano novo, ambição redobrada. Portugal está cada vez mais perto de volta a fazer história e chegar ao seu quarto EuroBasket. Em 1951, num outro modelo competitivo, fomos convidados a participar no Europeu de Paris. Em 2007, já por mérito próprio, após apuramento, o destino foi Madrid (Espanha). Em 2011, Lituânia. Agora, o “sonho” é chegar ao Chipre, à Finlândia, à Polónia e à Letónia. E está cada vez mais perto.
Depois de duas janelas de sucesso, com vitórias em ambas e, mais recentemente, com duas prestações de luxo frente à Eslovénia (11.º mundial), a provar que a posição do ranking FIBA não é garante de resultados desportivos e que muito mais que isso conta efetivamente o “coração”, aproximamo-nos a passos largos da janela de fevereiro. A derradeira. Esperam ao coletivo das quinas dois encontros difíceis, mas o tão esperado apuramento pode ficar garantido já frente a Israel, fora de portas. Depois, recebemos, em casa, no Centro de Desportos e Congressos de Matosinhos, a congénere da Ucrânia. Se a classificação final do Grupo A não ficar decidida a 21 de fevereiro, só no dia 24 é que teremos a confirmação se estaremos ou não no Campeonato da Europa de 2025; se ficar, contamos com o CDC cheio para aplaudir este grupo de jogadores que tanto se têm dedicado a representar Portugal.
Mas, afinal, qual foi o caminho para aqui chegar?
Tudo começou em agosto de 2022, na segunda ronda da pré-qualificação, fase onde Portugal entrou diretamente como uma das equipas que caíram na qualificação para o Mundial. No nosso grupo estavam as seleções da Roménia, Chipre e Bulgária – estes últimos foram mesmo o único desaire dos portugueses, que venceram cinco dos seis encontros disputados, com excelência (Travante Williams e Neemias Queta, que fez dois jogos, foram os melhores do coletivo das Quinas nesta fase). Parece que pertence esta ronda a um passado distante, mas de assinalar, dado o momento crucial que vivem os comandados de Mário Gomes na atual fase de qualificação, que começou em fevereiro de 2024.
Iniciava-se uma longa campanha para o conjunto das quinas, com um eclético grupo de atletas e um professor Mário Gomes que falava de uma “competição curta, mas muito espaçada no tempo”, sem esperar que a ultimíssima qualificação ficasse resolvida antes de fevereiro de 2025, um ano depois.
E o início foi promissor. A Seleção deslocou-se a Riga, na Letónia, para jogar contra a Ucrânia em campo emprestado. Os Linces estiveram por cima durante todo o encontro, os ucranianos ainda conseguiram recuperar algum terreno, mas não chegou e, com Travante Williams a ser decisivo no boxscore, levámos de vencida o adversário (70-72).
Dias depois, jogámos em casa. Mais precisamente no Multidesportivo de Odivelas, onde recebemos a congénere de Israel, em mais um encontro com lotação esgotada e com o apoio imensurável dos portugueses. Foi até aos últimos segundos uma vez mais, mas, infelizmente, não chegou, e os israelitas saíram de Lisboa com a primeira vitória – 77-79.
@fpbasquetebol A playlist pré-jogo está pronta e a Seleção já aquece para o jogo com a Eslovénia Consegues adivinhar o que é que anda a rodar nos fones dos ? (PS: Fica atento para a parte II ) #SomosBasquetebol #GigantesDePortugal #OsLinces #EuroBasket #MakeYourMark #fpb #fyp #foryou #sports #basketballtiktok #TikTokDesporto #fypシ゚viral ♬ som original – FPB
Seguiu-se depois a janela de novembro de 2024.
Quiçá a dupla jornada mais complicada que este coletivo das quinas terá pela frente em toda a fase de qualificação. Afinal, tinha pela frente a 7.ª melhor equipa da Europa; a 11.º mundial no ranking da FIBA de agosto. Portugal era 28.º europeu, 55.º mundial, mas os rankings de nada interessam quando se tem atitude, garra, vontade e um “sonho” para o qual não há outra definição possível: vencer. Mário Gomes tinha avisado que, “conseguindo competir”, conseguiríamos ganhar. Em Almada, no dia 22 de novembro, ousou-se fazer do impossível uma possibilidade. O capitão Miguel Queiroz tinha total confiança neste grupo: “Queremos ser a primeira equipa portuguesa a vencer a Eslovénia”. A equipa correspondeu. Ao intervalo, Portugal vencia por 25 pontos e já estava nas bocas do mundo. No final dos quarenta minutos, oito pontos separavam os lusos dos eslovenos. Até ao fim, como tão habituados estamos. Até ao fim para garantir a vitória.
“Pareceu fado, de tão sofrido”, escrevia o periódico A Bola. “Sonho europeu mais vivo do que nunca”, disse o jornal O Jogo. “Portugal faz história”, era o título do Record no dia seguinte. Nunca tal feito tinha sido possível. Aleksandr Sekulic, técnico esloveno, falou na conferência de imprensa de uma “primeira parte desastrosa” e isso, a par da ineficácia eslovena, levou “muita gente a pensar que ‘foi só um jogo’” (Mário Gomes), que a equipa dos Balcãs não estava nos seus melhores dias, que faltava Luka Doncic, que Klemen Prepelic (melhor marcador do encontro e até à data da prova) já não tinha estofo para liderar a Seleção.
Pois no dia 25 de novembro a Seleção Nacional voltou a provar “que efetivamente temos Basquete para competir a este nível”. Na Arena Bonifika, em Koper, nunca se baixaram os braços. Uma atitude tremenda num pavilhão onde os únicos portugueses estavam com a comitiva nacional, com 3000 fãs eslovenos a apupar cada lance-livre, mas a verdade é que, no final do encontro, um ponto apenas separava Portugal da Eslovénia. Desta feita, não caiu para o lado luso. Nem todas caem, nestes jogos que se disputam até ao fim. Mas estavam firmados os alicerces para que um país inteiro acreditasse nos Linces tanto quanto eles acreditam em si próprios.
E agora?
Agora queremos estar no EuroBasket 2025. Pela frente, dois duelos. Israel (21 de fevereiro, em Riga) e Ucrânia (24 de fevereiro, em casa). Uma vitória basta para garantir o apuramento e até pode nem ser necessária, caso a Ucrânia não vença mais que um jogo – está até agora sem qualquer vitória.
Se assim for, Portugal garante uma posição entre os três primeiros classificados do Grupo A e avança para a fase final do Campeonato da Europa, pela quarta vez na história, a terceira da “era moderna”. É um palco que os lusos não pisam há 14 anos – mas a equipa está mais que pronta para “deixar a sua marca”.
E todos os que apoiam Os Linces também. Juntos – por Portugal.
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