“A experiência foi incrível”

As Seleções Nacionais de 3x3, masculina e feminina, disputaram há uma semana a qualificação para o Europeu, o que não foi alcançado, infelizmente, apesar da imagem positiva que foi deixada.

Atletas | Competições | Treinadores
5 JUL 2019

Em jeito de rescaldo, Nuno Oliveira e Márcia Costa, que representaram as nossas cores, falaram sobre esta experiência.

Como primeira parte, fiquem com a entrevista a Nuno Oliveira.

Foi a vossa primeira internacionalização e, inclusive, a vossa primeira experiência formal na modalidade de 3×3. O que é que vos motivou a aceitar este desafio?

NO – Fui abordado pelo selecionador João Chaves, que me desafiou para o projeto. Sendo alguém que conheço pessoalmente, fui de imediato contagiado pelo entusiasmo dele neste projeto. Depois da conversa, fui ver alguns vídeos da modalidade e fiquei cativado. Aliado a este fator, fazer parte da primeira Seleção Nacional sénior da modalidade foi um extra muito importante para mim, pois representar o país é sempre o ponto mais alto da minha vida desportiva.

Como descrevem a experiência em Constanta? 

A experiência foi incrível. A localização do torneio (ao lado da praia), o nível dos jogadores das outras seleções, as boas prestações que tivemos, a excelente organização e o ambiente na nossa “comitiva” fizeram com que se tornasse uma experiência muito positiva e inesquecível. 

Quais são as principais diferenças para o 5×5?

As diferenças para o 5×5 são muitas. As mais óbvias são os locais físicos onde se joga: meio-campo e sobre as mais diversas condições atmosféricas (o vento e o sol intenso são uma constante). Além disso, o ritmo de jogo é alucinante, não há paragens para respirar, não existem transições mais lentas da defesa para o ataque de modo a ganhar ar. É um ritmo frenético que, aliado à dureza aplicada tanto no ataque como na defesa, torna o jogo bastante mais cansativo do que o 5×5, daí só se jogar durante 10 minutos. Todo o aspeto tático do jogo é muito diferente do 5×5, o shot clock é de apenas 12 segundos, o que torna os setplays bem mais curtos. Por fim, não termos o treinador "no banco" para nos chamar a atenção de qualquer aspeto que façamos menos bem torna o jogo ainda mais difícil.

Em termos competitivos não atingimos o objetivo da qualificação. O que é que faltou, na vossa opinião, para o atingirmos? 

Na minha opinião faltou uma melhor preparação do ponto de vista de jogos oficiais de 3×3. A partida contra os vencedores do apuramento foi a nossa primeira experiência de 3×3 oficial, e mesmo assim só perdemos por um ponto. Penso que se tivéssemos realizado pelo menos um torneio a nível internacional, poderíamos ter discutido o apuramento para o Europeu, o que no panorama do basquetebol português é sempre um feito assinalável. Penso que a Federação deve apostar claramente em investir na modalidade. O nosso país tem características favoráveis para a prática do 3×3, tanto a nível do clima como de atletas, pelo que podemos atingir bons resultados a nível europeu e mundial.

No vosso entender, o que é que esta modalidade pode acrescentar na formação do jogador de basquetebol português?

Antes de mais pode aumentar a dimensão física do jogador português. Somos, impreterivelmente, mais fracos fisicamente do que os jogadores dos restantes países. Logo, uma experiência mais física e mais dura no 3×3 pode preparar-nos melhor, desse ponto de vista. De seguida, devido às condições adversas com que se joga, é necessário ultrapassar a frustração com rapidez, porque os lançamentos falhados são muitos, e isto pode preparar o atleta de 3×3 para ser mais confiante e forte mentalmente e transportar essas características para o 5×5. 

 

 

 

Atletas | Competições | Treinadores
5 JUL 2019

Mais Notícias