A Liga ao pormenor

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1 JAN 2010

O ano termina com o Benfica e a Ovarense Dolce Vita, ainda invictos, no comando da Liga Portuguesa de Basquetebol (LPB), mas o foi o Vitória de Guimarães quem mais brilhou no arranque da temporada, ao conquistar o Troféu António Pratas. Embora ainda exista muito campeonato para ser jogado, já é possível fazer-se uma análise de cada uma das equipas que integram a LPB.O actual campeão nacional privilegiou a manutenção do grupo que conquistou o título na época passada, compensando a saída de Seth Doliboa com os reforços Will Frisby e Nick Dewitz. Se na posição 4 o norte-americano Dewitz, apesar de ser inquestionável a sua qualidade, ainda não fez esquecer Doliboa, o verdadeiro acrescento qualitativo no plantel encarnado foi a integração de Will Frisby. Não sendo um 5 puro – facilidade de lançamento de 3 pontos – transformou-se na principal referência ofensiva do jogo benfiquista. A sua capacidade de jogar de costas para o cesto, aliada à sua veia ressaltadora, faz dele um importante complemento ao irregular internacional português Elvis Évora. A solução Ben Reed, já experimentada na última temporada, é cada vez mais uma opção, dotando a equipa de mais criatividade ofensiva nas situações do bloqueio directo e de 1×1, para além de favorecer as trocas defensivas, sistema mais utilizado pelo técnico Henrique Vieira. O comportamento da Ovarense Dolce Vita, até ao momento, tem sido exemplar, surpreendendo pelo espírito de equipa que revela em todos os jogos. Talvez esse seja o seu principal atributo, já que em nomes individuais não será a equipa mais bem apetrechada no campeonato. Com o regresso de Waller e a permanência de Shawn Jackson, as posições 2 e 3 ficam bem preenchidas, mas o problema estará talvez nas posições interiores, já que os bases têm dado boa conta do recado. Se Miguel tem estado fantástico, a verdade é que Chris Lee não tem comprometido, bem pelo contrário. Falta um jogador interior para assegurar a rotação das posições mais próximas do cesto, sendo Nuno Cortez a solução de recurso, saltando da posição de extremo para 5. O FC Porto foi indiscutivelmente a equipa que mais se reforçou, mostrando claramente desde o inicio da temporada o seu desejo de voltar a dominar a modalidade no país. A verdade é que os portistas ainda não tiveram aquele jogo que cria nos adeptos a sensação de que o grupo vai ser dominadore. As derrotas, embora na condição de visitante, frente aos candidatos Ovarense e Benfica provam que ainda têm de trabalhar e, essencialmente, crescer como equipa. Face às escolhas de Moncho Lopez poder-se-á questionar se não falta um jogador 5 no plantel azul e branco. As lesões também não têm ajudado e atletas como Marçal, Mota, Paulo Cunha e Jorge Coelho provavelmente ainda estarão à procura da sua melhor forma para que possam vir a fazer a diferença pela qualidade que possuem. A pouca utilização de algumas apostas do técnico espanhol pode tornar-se num problema, faltará, por isso, saber-se se todos estão disponíveis em sacrificar-se em prol do colectivo, desempenhando o papel que o treinador lhes atribua. O Vitória de Guimarães foi a grande surpresa do inicio de temporada, um estado de graça ao qual não foi capaz de dar continuidade com o arranque da época. O técnico Fernando Sá tem à sua disposição um cinco muito forte, para o qual não tem depois profundidade no banco. A posição de 1º base é o caso mais flagrante, embora o imbróglio Francisco Machado tenha colocado a nu as debilidades vimaranenses nas rotações interiores. E de qualquer modo possui uma das duplas interiores mais forte da Liga, que num dia de inspiração pode fazer a diferença frente a qualquer adversário. A grande surpresa da época tem sido o Sampaense Basket, que em ano de subida comporta-se como um habitual destas andanças. Neste momento a equipa de Cláudio Figueiredo tem um registo de 4 vitórias e 3 derrotas, tendo sido dois desses desaires frente ao FC Porto e à Ovarense, fora de portas, já que em S. Paio de Gramaços esta equipa ainda não foi derrotada. Trata-se de um grupo que tem demonstrado uma invulgar capacidade para marcar pontos, fruto das características individuais dos atletas que compõem o plantel, mas que defensivamente tem comprometido. Se com o decorrer da temporada conseguirem equilibrar as prestações nos dois lados do campo, serão com toda a certeza um osso duro de roer. Depois do fantástico comportamento da Académica na temporada anterior, o conjunto de Coimbra tentou manter o seu núcleo duro que tantas garantias deram ao técnico Norberto Alves. Prova disso mesmo é o regresso Anthony Williams à equipa, numa clara tentativa de reconstruir o mesmo grupo que causou sensação o ano passado. Norberto Alves é conhecido pelo grande ênfase que coloca nas questões tácticas, sendo por isso esperado que o grupo evolua à medida que vá executando com maior perfeição. A falta de jogadores no plantel que garantam sempre qualidade no treino é outro problema com que Norberto Alves se depara, mas que, infelizmente, é comum a muitas outras equipas. A equipa do CAB Madeira será muito provavelmente nesta fase do campeonato a maior incógnita da prova. As sucessivas lesões que têm apoquentado o conjunto insular nunca permitiram avaliar o real valor do grupo treinado pelo técnico João Freitas. Embora com um plantel muito reduzido, caso tenha todos os jogadores à sua disposição, o desednrolar da prova será menos problemático, face à versatilidade já demonstrada pelos atletas norte-americanos. Com mais uma opção válida para o posição base/atirador e, fundamentalmente, mais um jogador alto, tudo se tornaria mais fácil para os madeirenses. No Ginásio, a aposta de Sérgio Salvador em dois atletas portugueses para a posição 5, revelou-se desde logo arrojada mas ao mesmo tempo inteligente para fazer face às limitações orçamentais que o clube impõe. Embora tenha uma das melhores duplas de bases, terá de ser um trabalho de paciência – característica própria do técnico figueirense – para dar tempo que os atletas cresçam com a competição. Será justo também realçar o facto de o conjunto da Figueira da Foz já ter sido derrotado por várias vezes esta época por diferenças mínimas. Já no Barreiro mantém-se a tradição de apostar nos jogadores da formação, isto também porque os recursos económicos não permitem que seja de outro modo. Mas o curioso é que foi exactamente nos jogadores estrangeiros que residiu o principal problema do Barreirense, não conseguindo tornarem-se, na maioria dos jogos, nas mais-valias que fossem a retaguarda dos mais novos. Jovens como Pedro Pinto, Manuel Sicó, João Guerreiro e outros começam a valer pontos, basta que o norte-americano Shane Clark mantenha as suas prestações e se torne numa referência dentro do grupo. O Illiabum, vencedor do campeonato da Proliga da temporada transacta, não fez grandes alterações para abordar esta nova competição. O estreante técnico Alexandre Pires tem um complicado problema para resolver dentro do grupo, que explica em parte o porquê de perder vários jogos nas partes finais, que se chama liderança. A falta de 1º base de raiz que seja o prolongamento do técnico dentro de campo é uma principais pechas do conjunto de Ílhavo, a quem também faz falta um jogador interior para rodar com o possante mas inexperiente James Robert. Quem está bem melhor do que na época passada é a Física de Torres Vedras. Abdicando do concurso do terceiro norte-americano, o técnico José Tavares preferiu investir na profundidade do seu plantel, contratando Braima Freire, Mário Jorge e Ricardo Rodrigues dando mais qualidade ao treino e à rotação do seu banco. A escolha acertada no norte-americano Austen Powers é outro dos motivos pela melhoria significativa do conjunto de Torres Vedras. A grande desilusão, até ver, é o Vagos Norbain Lusavouga clube que já atravessou profundas mudanças no seu comando técnico. Depois de na época anterior ter ficado muito próximo de conquistar a Taça de Portugal, a sua posição actual não é nada condizente com os tempos de sucesso vividos no último campeonato. O impedimento de poder contar com o jogo exterior – saída de Balseiro e as lesões de Reveles e Pedro Nuno, que entretanto assumiu as funções de treinador-adjunto na equipa – foi uma machadada muito forte nas aspirações do clube. O regresso de João Reveles, para secundar o MVP da Liga John Smith, poderá ser o ponto de partida para a recuperação do Vagos. Falta saber se alguém conseguirá ser a voz de liderança, à falta de Pedro Nuno e Rico Hill, comandando a equipa principalmente nas suas tarefas defensivas, que tanto têm prejudicado os resultados.

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1 JAN 2010

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