“A minha decisão foi bem pensada”

O final da época coincidiu com a retirada de Filipe da Silva do basquetebol. O antigo internacional português decidiu colocar um ponto final na sua carreira como atleta, se bem que continuará ligado à modalidade, já na próxima temporada, como treinador principal do Cergy Pontoise.

Atletas | Competições
5 JUN 2016

Depois de um trajeto brilhante enquanto atleta, durante o qual reconhece que o momento mais alto foi atingido ao serviço da seleção nacional, Filipe da Silva mostra-se extremamente satisfeito e preenchido com aquilo que conquistou. O antigo base recusou a possibilidade de ser adjunto de equipas da principal Liga francesa, optando por um caminho, teoricamente mais longo, embora sustentado e que lhe permite adquirir experiência como responsável máximo de uma equipa sénior.

 

O clube joga na N2 (4ª divisão), subiu há 2 anos mas não estava preparado, sobretudo ao nível das estruturas, algo que se alterou, sendo que agora está preparado e com a ambição de se tornar um clube forte em Paris. Filipe refletiu e ponderou muito sobre a qual a decisão a tomar, mas acabou por aceitar o desafio que lhe foi lançado pelo Cergy Pontoise. “A minha decisão foi bem pensada e tem a ver com o projeto do clube, e o desejo demonstrado em ter-me como o novo treinador do Cergy Pontoise”.

 

Assinou um contrato com a duração de 3 anos, e Filipe destaca as excelentes condições de trabalho proporcionadas pelo clube francês. Para além do facto de “ficar a trabalhar perto de casa e dos meus familiares”.

 

Nunca é fácil colocar um ponto final numa carreira, muito menos alterar hábitos que durante anos fizeram parte das rotinas diárias. “Aquilo que me vai faltar, serão os momentos de convívio com os meus companheiros! Ter o controlo do jogo como base será sempre diferente como enquanto treinador, porque o jogo pertence aos jogadores!”

 

Não sendo um clube de referencia, tão pouco a competição em que está envolvido, proporciona a Filipe da Silva a oportunidade de poder evoluir e amadurecer nesta sua nova função ao nível de uma equipa sénior. “A escolha de poder evoluir nesta divisão foi bem pensada porque é sempre difícil ter uma oportunidade para treinar equipas do topo. Isto porque, os presidentes falam sempre da experiencia do treinador. Foi por este motivo que preferi crescer como treinador principal a este nível, em detrimento de poder ser um treinador adjunto na ProA.”

 

“Sempre treinei nos clubes onde joguei ao nível da formação. Mas poder gerir um grupo de homens e ser o líder da equipa vai dar-me experiencia para conseguir chegar ao mais alto nível, seja aqui em França ou na Europa.”

 

O novo treinador não tem dúvidas quanto ao ponto mais alto da sua carreira, algo que não surpreende tendo em conta o seu patriotismo e orgulho que sentiu sempre que vestiu a camisola portuguesa. “Sem duvida que os melhores momentos que vivi foram com a seleção nacional. O apuramento pela primeira vez, em 2006 , e claro o Euro em 2007, em Espanha. Aí, quando nos apuramos para a segunda fase da prova, quando poucos acreditavam que podíamos ter um grande desempenho! Estes momentos foram grandes não só como experiencia, mas pelas emoções que partilhamos entre jogadores, treinadores, staff médico, onde fomos uma autentica família. Jamais viverei estas emoções!”

 

Como qualquer jogador competitivo, Filipe gostaria de ter conquistado mais títulos, embora, e fazendo uma retrospetiva da sua carreira, acabe por se sentir realizado naquilo que alcançou. “Claro que queria ganhar mais títulos, campeonatos, mas não tenho arrependimentos já que concretizei todos os meus sonhos de pequeno. Um deles foi poder representar o nosso país contra a França, que ajudou os meus pais a sair da pobreza, em Paris, no pavilhão onde comecei como jogador, em frente dos meus familiares e amigos! Foi incrível!”

Atletas | Competições
5 JUN 2016

Mais Notícias