A outra face

Associações
1 FEV 2008

e dia é um homem do basquetebol, à noite veste o fato de treinador de futebol. Há dois anos e meio na ABIT, Lino Inocêncio mostrou competência na reorganização administrativa da Associação e vai mostrando capacidade para orientar um dos grandes do futebol terceirense.

Quando nos sentamos, frente a frente, na sede da Associação a primeira pergunta veio do entrevistado: “Porque razão sou eu a figura da semana”? A resposta surge agora… Para além de ser a pessoa que mais tempo passa na ABIT, o que só por si já merece destaque, é ele o responsável por todo o trabalho burocrático; é por ele que passam os problemas de última hora dos clubes; é ele o responsável pela inscrição de todos os atletas da Terceira; é ele que põe a funcionar toda a estrutura administrativa da associação… E tem-no feito bem, dizemos nós…“No início foi complicado, porque trabalhamos com um sistema próprio da Federação e foi preciso a ajuda do anterior funcionário para as coisas começarem a correr bem. A partir daí tudo corre normalmente. O director técnico entrou na mesma altura do que eu e também tem sido uma grande ajuda, tal como a Direcção, e as coisas agora já fazem parte da rotina diária”, revela a nossa figura da semana, depois da hesitação inicial em responder às nossas perguntas.Enquanto espera pela última cadeira do Curso de Educação Física, no Porto, Lino Inocêncio decidiu arranjar um emprego, “que me permitisse ‘ganhar a vida’”, revela. “Entre vários concursos que fiz surgiu a oportunidade de vir para cá, e foi juntar o útil ao agradável porque continuo ligado ao desporto, ganhei ainda mais admiração pelo basquetebol e comecei a acompanhar e a ver de forma diferente a maneira como se vive e se organiza o basquetebol na Terceira”, conclui. Dois anos e meio depois, é o primeiro a enaltecer as melhorias na organização do basquetebol da Terceira… “Noto melhorias a nível organizativo por parte dos clubes. Principalmente ao nível das inscrições. O primeiro ano foi difícil porque havia sempre algo que falhava aqui ou ali. O papel do director técnico foi importante neste aspecto, mas os clubes também mostram hoje que estão mais organizados. Certos dirigentes que entraram no basket vieram trazer mais qualidade. Melhorar? Nós podemos melhorar sempre”.Aprender, sempreHabituado ao stress dos domingos no banco dos seniores do Angrense (Lino Inocêncio é o treinador principal do clube), confessa que na Associação, “também há alturas mais complicadas, como a fase das inscrições, porque os clubes têm datas estipuladas para as fazer e aí há uma grande acumulação”. Tirando isto, “o dia a dia é normal e se tivermos as coisas organizadas corre tudo normalmente”. As relações com a Federação fazem-se diariamente, “sobretudo por contacto telefónico”, muito por causa das inscrições e por algumas dúvidas que vão surgindo “sobre transferências, atletas estrangeiros, o pagamento de taxas, etc.”, e tudo de forma “fácil, porque não há problemas de maior e as pessoas estão sempre prontas a ajudar”.Apesar disso, a sua modalidade é mesmo o futebol. Jogou no Lusitânia, nos escalões de formação; aprendeu a técnica na Faculdade e começou a carreira de técnico no Angrense. Um percurso que lhe dá legitimidade para falar bem, e menos bem, da sua modalidade do coração: “Acho que continua a haver um aspecto negativo, que não se vê tanto no basket, que tem a ver com o dirigismo desportivo. Não falo do meu clube, porque estamos bem neste aspecto, mas vê-se ainda nos escalões de formação muitos dirigentes que só têm uma preocupação, que é ganhar, deixando para trás outras coisas essenciais para um atleta em formação… Depois há outras questões, que são transversais a todas as modalidades, como a arbitragem e os espaços para a prática da modalidade”. De qualquer forma, adianta que “todas as modalidades podem aprender umas com as outras. Há aspectos organizativos positivos em todas, que podem ser aproveitados por outras. O basquetebol pode aprender com o futebol e vice-versa… Há sempre novos conhecimentos que podem ser transferidos de uma realidade para a outra”. Angrense campeão?A outra face da nossa figura da semana é a de treinador de futebol. Depois da passagem pelo Lusitânia como ponta-de-lança nos escalões de formação, assumiu há quatro anos o cargo de técnico no Sport Clube Angrense. “Foi de uma forma natural”, revela. “Eu venho da opção de futebol da Faculdade, cheguei à ilha, procurei um clube e o Angrense apresentou-me um projecto óptimo e uma boa estrutura”. Este ano começou a época como adjunto da equipa sénior, passando depois a técnico principal. Uma actividade que tenta separar do dia a dia na Associação… “Tento separar as coisas… É impossível estar aqui (principalmente à segunda-feira quando o resultado não é tão agradável), e não pensar no futebol. Mas no aspecto profissional há que distinguir as duas e não trazer o futebol para o basket, nem levar o basket para o futebol”. Sobre o Angrense é mais comedido nas palavras. De microfone desligado passa uma ideia de esperança e de muita motivação para fazer face aos obstáculos. Mas quando lhe perguntamos se a Série Açores é mesmo para ganhar, responde com diplomacia… “Primeiro vamos lutar por ficar nos cinco primeiros e depois, se conseguirmos este objectivo, acredito que qualquer uma das cinco equipas tem hipóteses de conquistar a Série Açores”.

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