“A Taça de Portugal é um momento único”
Nélson Serra, Pedro Miguel, Nuno Henrique e Miguel Freitas, quatro antigos jogadores de cada uma das equipas presentes na Final Four de Sines, à conversa com a FPB
Atletas | Competições
27 ABR 2023
Estamos a dois dias da Final Four da Taça de Portugal Alfaloc, que se vai realizar no Pavilhão Multiusos de Sines, e que vai envolver Imortal LuziGás, Lusitânia Expert, Sporting CP e SL Benfica.
Estivemos à conversa com antigos jogadores que deixaram marca em cada um dos clubes: Nélson Serra (Sporting), Pedro Miguel (Benfica), Nuno Henrique (Imortal) e Miguel Freitas (Lusitânia).
Nélson Serra é uma das maiores figuras da história do basquetebol nacional e marcou uma era no Sporting, como jogador e treinador. Na sua opinião, o vencedor da Final Four pode sair da “meia” entre “leões” e Benfica, mas há que ter cautelas: “Pode sair da meia-final entre Sporting e Benfica o vencedor da Taça de Portugal, mas temos de ter respeito tanto pelo Lusitânia como pelo Imortal”, avisa.
Para o antigo internacional português é inevitável, a pressão é maior neste jogo: “Este jogo envolve mais pressão. Para além de ser um dérbi, é uma prova a eliminar. Portanto, não havendo margem para erro, a pressão aumenta. Penso que o resultado deste jogo nao terá nenhuma influência na Liga”, projeta.
Como atleta dos “verde e brancos,” Nélson Serra conquistou três Taças de Portugal (1975/76, 1977/78 e 1979/80), mas confessa não se fixar no passado: “Não sou saudosista, pois sempre me interessaram mais o presente e o futuro”, afirma.
Olhando para o atual panorama da Liga Betclic Masculina, Nélson Serra prevê muita competitividade: “Penso que temos três fortes candidatos à conquista do campeonato. Provalmente, o Benfica ficará na frente da Fase Regular, o que lhe dará alguma vantagem. Mas temos três equipas com plantéis ricos e excelentes treinadores. Vamos, garantidamente, assistir a bons espetáculos. Obviamente quero acreditar que sim”, termina.
Outra glória da nossa modalidade, com grandes anos de carreira passados no Benfica, Pedro Miguel pensa que quem vai levar a melhor no dérbi… pode ficar muito perto de levantar o troféu em Sines: “Acredito que o vencedor da Taça de Portugal vai sair do dérbi, são os favoritos”, diz.
Tal como Nélson Serra, também Pedro Miguel não hesita e assume a pressão deste dérbi: “Um dérbi é sempre um jogo especial, entre Sporting e Benfica ainda mais. Nesta fase da competição a pressão é sempre grande, entre dois históricos ainda mais. Penso que o resultado deste dérbi não terá implicações na Liga. São competições e momentos diferentes”, deixa a nota.
Com oito Taças de Portugal no currículo (cinco no Benfica e três no FC Porto, onde jogou antes de se transferir para a Luz), Pedro Miguel tem presente na memória um momento em que foi decisivo para os “encarnados”: “A Taça de Portugal é uma competição particular, é muito importante para os clubes grandes e pequenos, e por isso é fantástica. Na meia-final de uma Final Four, a jogarmos contra o Beira Mar, marquei o último cesto quando faltavam três segundos para o soar da buzina e, felizmente, acabámos por ganhar a prova. A este nível, acabamos por ficar sempre com saudades destes momento e destes jogos”, confessa.
Convidado a olhar para a Liga, o antigo base, 84 vezes internacional português, aponta o favoritismo às “águias”: “O Benfica é favorito à conquista da Liga, pois é o campeão em titulo. O Sporting tem estado muito bem nas competições e por isso não é fácil dizer quem vai ganhar”, refere.
A outra meia-final reúne Imortal e Lusitânia, e do lado algarvio falámos com Nuno Henrique, que durante muitos anos, e por mais do que uma vez, jogou no clube, incluindo na Liga, na década de 90. Para o também adepto do Imortal, tudo há a ganhar nesta Final Four: “O Imortal pode ter aqui uma oportunidade histórica de ganhar a competição. A presença numa Final Four da Taça de Portugal ou de qualquer outro ponto alto da época é sempre uma grande oportunidade para fazer história. Felizmente, o Imortal nas últimas três épocas tem estado presente em alguns deles, mas nunca conseguiu vencer. Há dois anos eliminámos o Benfica nas meias-finais e depois, na final, com muitos azares, com lesões de jogadores fulcrais, não conseguiu vencer a final. Este ano o sorteio foi “amigo” do Imortal e do Lusitânia, emparelhando logo dois “grandes” na outra meia-final. Por isso, Imortal e Lusitânia têm hipóteses de marcar presença na final e depois tudo pode acontecer. Nestes jogos não pode haver pressão, mas sim muita motivação! A motivação está por si só no ponto máximo, ainda mais sabendo que ultrapassando o Lusitânia, o Imortal marcará presença na final contra Sporting ou Benfica. E aí, a pressão estará novamente do lado do adversário. Não temos nada a perder, só a ganhar”, vinca.
O Imortal chega a Sines ainda na luta pela manutenção no principal escalão do basquetebol português. Nuno Henrique dá a sua opinião sobre o percurso do emblema de Albufeira: “A época tem sido muito atribulada desde o início, com o arranque da temporada a dar-se mais tarde do que nas outras equipas. Temos um plantel curto, sem esquecer lesões de alguns jogadores, sendo que em muitos momentos da época jogos equilibradíssimos acabaram por cair para os adversários, culminando nas saídas do treinador e treinador-adjunto, dois grandes pioneiros deste projeto nos últimos anos. A classificação não espelha, de forma alguma, o potencial da equipa e agora vemo-nos numa situação que não esperávamos. Mas penso que se esta Final Four correr bem, se o Spencer Littleson voltar da lesão, os níveis de motivação para a grande final da Liga, que é o último jogo contra o CAB, estarão em alta e vamos conseguir a manutenção, que será justíssima”, mostra a certeza.
O ex-atleta do Imortal deixa um pedido: “Espero que a equipa desfrute e que dê o máximo na defesa das nossas camisolas, deixem os adeptos orgulhosos! Se assim for, já nos deixarão orgulhosos”, assegura.
Quanto a recordações da Taça de Portugal, Nuno Henrique não esquece uma receção à famosa equipa do Benfica da década de 90, onde Pedro Miguel, acima referido, pontificava: “A melhor recordação que tenho da Taça de Portugal, estava eu no primeiro ano de sénior e o Imortal na 1.ª Divisão, quando nos calhou em sorteio o grande Benfica de Mário Palma, com Carlos Lisboa, Carlos Seixas, Pedro Miguel, Sérgio Ramos, Jean-Jacques e Mikel Nahar, no pavilhão velhinho do Imortal, repleto de público. Perdemos, claro, mas joguei uns minutos contra aquela grande equipa e nunca mais me esquecerei”, finaliza.
Relativamente ao Lusitânia, Miguel Freitas, natural de Angra do Heroísmo, teve uma carreira praticamente apenas ligada à turma da Ilha Terceira e capitaneou a equipa. Para o antigo jogador açoriano o Lusitânia tem boas perspetivas de conquistar a prova: “Penso que o Lusitânia tem uma excelente oportunidade de estar na final e de poder lutar pela conquista da Taça, até porque já mostrou que pode ganhar a qualquer equipa. O Lusitânia deve encarar esta Final Four com muita ambição, mas sem qualquer tipo de pressão. E estando na final, como acho que vai estar, o Sporting ou o Benfica é que vão ter a toda a pressão de ganhar, e não o Lusitânia”, anota.
O Lusitânia está nos playoffs da Liga, na Final Four da Taça de Portugal e vem de um triunfo sobre o FC Porto. Esta caminhada do conjunto insular não surpreende Miguel Freitas: “A equipa melhorou muito desde o início da época, está a jogar bom basquetebol, tem atletas com muito talento, está bem liderada. Portanto, não me surpreende o que alcançaram até aqui”, analisa.
Miguel Freitas deixa um apelo: “Espero que joguem com raça, que deem tudo como têm feito até aqui, e que desfrutem do momento”, lança o repto.
Para Miguel Freitas, este é mesmo um momento especial: “A Taça de Portugal traz sempre aquela expectativa e ambição de a poder ganhar, é um momento único na época, em que todos estão a ver e querem estar presentes. As saudades são muitas, a vontade ainda cá está…”, desabafa.
Nota: Nélson Serra e Nuno Henrique são os segundos atletas em baixo, a contar da esquerda, nas respetivas fotos.
A primeira meia-final, entre Imortal e Lusitânia, encontra-se agendada para as 15h de sábado, sendo que logo a seguir há embate entre Sporting e Benfica, marcado para as 18h. A grande final é disputada a partir das 19h de domingo, 30 de abril. Todos os encontros contam com transmissão na FPBtv, cujo acesso é gratuito, e na RTP2.
No que diz respeito à bilheteira, os ingressos para os jogos da Final Four podem ser adquiridos no Pavilhão Multiusos de Sines nos seguintes horários:
6.ª feira:
17h até às 18h;
Sábado:
10h30 até às 12h;
13h30 até às 18h30;
Domingo:
11h até às 13h;
17h30 até às 19h30;
O valor para os dois jogos das meias-finais de sábado é de 5€, sendo que o acesso à grande final de domingo também custa 5€. Relativamente às acreditações para os órgãos de Comunicação Social que pretendam marcar presença em Sines, basta abrir o link e seguir os procedimentos indicados.