“Ano após ano, as atletas portuguesas mostram que são merecedoras de crédito!”

Selecionador nacional comandou o Recoletas Zamora ao melhor começo de sempre na Liga Challenge

Treinadores
30 NOV 2023

A cumprir a segunda época ao serviço do Recoletas Zamora, emblema que atua na Liga Challenge, o segundo escalão do basquetebol feminino em Espanha, o treinador português, Ricardo Vasconcelos, tem estado em grande plano no país vizinho.

Com 10 vitórias em outros tantos jogos, a equipa do técnico luso, que também lidera a seleção nacional de seniores femininos como selecionador nacional, fez história ao conseguir o melhor início de sempre na competição. Em entrevista à FPB, falou sobre o planeamento da temporada, a forma como lidera o grupo e também quais os objetivos para o que resta da temporada.

“Criámos um plantel de 11 jogadoras com possibilidades de ajudar a equipa a ganhar jogos. Procurámos, em consciência, fazer uma equipa bastante completa, com mais do que uma atleta para cada posição e com características diferentes na mesma posição. Ainda assim, acreditar que estaríamos 10-0 nesta fase da temporada não era fácil de prever”, começa por explicar.

O técnico acrescenta: “Sabíamos que a Liga Challenge tem um nível de igualdade tremendo, com vários orçamentos mais elevados que o nosso. Na realidade, a possibilidade de jogar com 11 jogadoras do nível da competição, e deixar o adversário sem saber qual das atletas vai sobressair mais no seu jogo, tem-nos dado muitas possibilidades de ganhar jogos em momentos diferentes no jogo”, atenta.

Diz-se que trabalhar sobre vitórias é melhor do que trabalhar sobre derrotas, mas também se ouve que as equipas aprendem mais com as derrotas do que com as vitórias. Quando questionado sobre o que este momento de forma lhe mostrou sobre a equipa, a resposta é clara:

“As vitórias trazem confiança. A confiança é um ótimo elemento para gerar mais vitorias. O grande objetivo de uma equipa de competição é ganhar jogos. O mais importante neste processo é tentar garantir que a confiança não seja tóxica, não nos traga relaxamento e/ou a irresponsabilidade de nos tornármos sobranceiros. O que nos dá vitórias é o trabalho diário, e esse não pode piorar”.

De forma a que equipa não sofra de excesso de confiança e mantenha a concentração, Ricardo Vasconcelos fala sobre o trabalho que faz para manter as atletas focadas: “Fazer autoanálise. Procuramos que o foco seja no que temos de melhorar enquanto equipa (e individual também) e nas chaves do jogo do próximo adversário. Quando as semanas são completas podemos trabalhar as duas coisas, quando são curtas, com jogos a meio da semana, temos de escolher qual das duas é a mais importante”, explica.

Esta sequência de resultados incluiu uma pausa para o trabalho das seleções, momento no qual Ricardo Vasconcelos liderou Portugal rumo a duas vitórias na qualificação para o Women’s EuroBasket 2025. Apesar desse momento, a equipa não acusou a pausa e manteve o nível. “O trabalho do grupo é feito em grupo. Apesar de grande parte das decisões serem tomadas por mim, muito do trabalho é realizado pela equipa técnica. Então, deixámos definida a carga de trabalho, os aspetos físicos, técnicos e táticos sobre os quais vamos incidir, e demos um par de dias mais de descanso as jogadoras. Depois de planificado, o adjunto, o preparador físico e os fisioterapeutas fazem a sua parte, mas falamos sempre que seja necessário ajustar algum detalhe”.


“Espanha, como todos sabemos, tem uma mentalidade e cultura desportiva bastante mais apurada que nossa. Acredito que todas as jogadoras que estão nas várias Ligas espanholas desfrutam e beneficiam dessa cultura. Mas, o mais interessante é o bom nome que essas mesmo atletas deixam sobre o basquetebol português! Ano após ano, elas melhoram e deixam a marca de uma boa educação desportiva, que se converte na ideia de que a atleta portuguesa é merecedora de crédito”, assevera.

Com este bom início em mente, Ricardo Vasconcelos aborda o futuro: “O nosso objetivo é subir à LF Endesa. Somos conscientes da dificuldade da competição, bem como o sistema no qual se joga. Dez vitorias ajudam a ganhar dinâmica, mas são 16 equipas, das quais 9 ou 10 poderão chegar a final 4 e subir. Não nos resta outra senão continuar a trabalhar. O que fizemos até agora não é suficiente para o nosso objetivo!”.

“Esta é uma liga super interessante. Podemos encontrar estrangeiras de bom nível, espanholas de muita qualidade em busca de mais minutos e planteis, em geral, com muito potencial. As poucas equipas que tem orçamentos mais reduzidos estão situadas nas grandes cidades e podem jogar com muitas jovens de talento. Os clubes espanhóis sentem-se mais confortáveis em contratar jogadoras que ja estejam adaptadas a Espanha, e tenham demonstraram valor numa das suas ligas, então a LF Challenge é uma liga apreciada pelas jogadoras jovens com interesse em chegar à liga Endesa”.

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Treinadores
30 NOV 2023

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