António Paulo : “Temos ambição quanto baste”

O treinador do Barreirense, que ainda está à espera de dois jogadores estrangeiros para fechar o plantel, quer ver a sua equipa praticar “um basquetebol mais maduro”, bem como “ajudar à promoção da cidade do Barreiro”.

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1 OUT 2009

António Paulo também considera o FC Porto e o Benfica os principais candidatos ao título

Quais as expectativas para a nova temporada? Face ao clube que somos e aos objectivos que temos, queremos jogar um basquetebol mais maduro, continuar a promover a evolução de jogadores que julgamos terem talento e ajudar à promoção da cidade do Barreiro com o valor da prática do basquetebol. Se estes três objectivos se concretizarem em cada fim de semana, com certeza que vamos ganhar mais jogos. Considera já ter o plantel encerrado ou ainda equaciona proceder a algumas modificações? Não está fechado. Em breve teremos a ajuda de dois estrangeiros. No que se refere aos jogadores portugueses, o plantel fecha-se com as opções que a nossa formação vai gerando. Os efeitos da crise económica tornaram mais complicada a missão de construir o plantel? Parece-me que a dimensão da crise faz-se sentir mais para aqueles que precisam de gastar mais para verem satisfeitos os seus objectivos. Nós pensamos que é possível alcançar boas metas através o trabalho com jovens jogadores que vêem aparecendo do trabalho global do clube. Pensamos que este é o caminho para ter um basquetebol mais próximo da nossa bolsa real, dos nossos adeptos e daqueles que na cidade do Barreiro tanto fazem para nos ajudar. O Campeonato sofreu uma alteração, com o fim das jornadas cruzadas. Pensa que agora irá existir maior competitividade ou o facto das equipas jogarem com adversários teoricamente mais fáceis acabava por ajudar a que alguns jogadores menos conhecidos ganhassem protagonismo? Penso que a teoria do mais fácil é para quem se acomoda facilmente onde está e com o que tem. Nós no Barreirense temos, desde que assumi esta equipa, desafios de superação muito intensos e exigências muito elevadas com as equipas que temos formado. Acho que é dessa superação e exigência que o processo de amadurecimento se faz, conseguindo transformar o que hoje somos, em melhores jogadores e treinadores do amanhã. Seguimos trabalhando com base nesta filosofia. Temos ambição quanto baste para lidar com a maior dificuldade que sabemos que este campeonato vai ter. Tendo em conta o passado recente, agora há menos estrangeiros no basquetebol português. Isso é bom ou mau? Como treinador de clube não sou levado a pensar nesses termos. Um treinador de clube quer os melhores e isso está dependente das regras (do nº de estrangeiros), da relação que estabelece com a sua organização e das condições financeiras e logísticas que a organização põe ao seu dispor. Conheço bem o clube em que estou e nesse sentido não me queixo. Sinto-me identificado com o projecto do clube e sei que de acordo com os três vectores que atrás cito, tenho os melhores jogadores de que o clube pode dispor. Portanto, essa questão não se me põe. Mas se lhe responder como alguém que olha para o basquetebol com paixão e que gostava de estar inserido numa modalidade onde o profissionalismo existisse à semelhança de outros países, sou levado a crer que a presença de menos estrangeiros possa ser uma etapa para um caminho futuro de aproximação à Europa mais consistente. Algo que possa ser parecido como um passo atrás para dar dois em frente. O problema é que não sei se assim é… O regresso a Portugal da maioria dos jogadores internacionais vai ajudar a elevar o nível da competição? Seja qual for a sua nacionalidade bons jogadores elevam sempre o nível de qualquer competição. Sinto que faltam referências no basquetebol português. Junto dos treinadores, isso para mim é gritante. Há muitos treinadores dos dias hoje que não conhecem Hermínio Barreto, José Curado ou mesmo Jorge Araújo, para não falar dos mais antigos. Isso também acontece com os jovens jogadores. Sem saudosismos, penso que devemos projectar o futuro com um conhecimento sólido do que somos e ter raízes no passado ajuda-nos a construir ideias mais completas para o que queremos. Neste capítulo, os nossos jovens jogadores têm poucas referências. Pelo menos que a vinda do Sérgio Ramos, do João Santos, para além da qualidade que têm, ainda a presença do José Costa, Nuno Marçal, sem menosprezo para outros, ajudem estes miúdos mais jovens a construir imaginários e sonhos em torno desta coisa de ser jogador de basquetebol. Aqui acho que se podia fazer muito mais do que se vai fazendo. E a ausência dos clubes nacionais nas competições europeias? Isso não dificulta o aumento da competitividade das nossas equipas e atletas? Falar de referências é isso. Saltos qualitativos só serão possíveis se existirem referenciais de excelência. Temos que ser claros, sem irmos à Europa o nosso basquetebol fica limitado à nossa própria pequenez. Seria bom que todos os agentes da modalidade pensassem nisto. Benfica e FC Porto são os únicos candidatos ao título ou mais clubes poderão entrar na discussão? Acho que essa questão é mais ou menos unânime. Não conhecendo em pormenor todas as equipas, parece-me que pelo que é público serão as equipas que reúnem mais favoritismo. É capaz de avançar, colectiva e individualmente, com os nomes das principais revelações da época? Não tenho informação completa para dizer algo de sério sobre isso. Prefiro não especular. A aposta continuada em jovens portugueses é para continuar, mesmo sabendo que os resultados desportivos nem sempre têm sido os melhores? Procuramos não pensar muito em termos de jovens ou estrangeiros. Trabalhamos com os jogadores para formar uma equipa de alto nível, e quando são seniores, jovens ou não, queremos que joguem diante do projecto que temos. Os resultados vão-se vendo. É a altura que cada organização coloca a sua própria fasquia que determina se os resultados são melhores ou piores. Claro que há sempre uma avaliação de opinião pública sobre esses mesmos resultados que não deixa de ser importante e deve também se tida em conta. As pessoas com quem trabalho têm mantido pessoalmente comigo, mas também com toda a estrutura técnica do Barreirense, uma identidade muito forte no que concerne aos objectivos. Por enquanto vamos ter mais uma época em que estamos em plena sintonia. Avançamos juntos mais uma vez com um conhecimento muito objectivo do que somos, com uma fasquia à altura das nossas capacidades, mas igualmente com uma ambição ilimitada por fazer mais e melhor. Qual o próximo jovem da formação do clube a saltar para a ribalta? As equipas são mais importantes que os jovens ou outra forma como categorizemos os jogadores. Não é algo com que me preocupe e por isso não sei responder à questão. Os problemas directivos do clube têm afectado a secção de basquetebol? Os esforços são feitos no sentido de não haver influências significativas. O que tenho sentido é que a vontade das pessoas e o gosto que têm pelo clube e pelo basquetebol no Barreiro é enorme e moverá o mundo se necessário for para manter a chama viva nesta cidade.

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1 OUT 2009

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