Associação Desportiva de Esposende adia ‘sonho’ da equipa Sénior
Associações
5 AGO 2020
A Associação Desportiva de Esposende adiou a pretensão de avançar com a criação da equipa Sénior masculina já na próxima época. O clube, que já teve uma equipa no escalão sénior em 2002/03, preparava-se para regressar dando assim continuidade aos escalões de formação, mas a pandemia e a incerteza no futuro levaram ao adiamente do “sonho”.
Em entrevista à Associação de Basquetebol de Braga, Júlio Lopes, responsável pela secção de basquetebol da Associação Desportiva de Esposende, faz o balanço da curta época de 2019/20 e explica as razões que levam o clube a adiar a criação da equipa sénior. Os objetivos para a nova temporada e as dificuldades com que o basquetebol se debate para captar atletas são outros dos temas abordados por Júlio Lopes. A ADE, depois de um longo interregno, retomou a modalidade em 2014, participando nas competições desde fevereiro de 2015. Esposende é ainda palco de várias atividades de basquetebol, como foi o caso dos torneios de 3×3, torneio internacionais e fases finais da Taça do Minho.
Que balanço que faz da época 2019/20?
O balanço foi bastante satisfatório. Conseguimos manter as equipas que tínhamos e os resultados foram dentro daquilo que eram as nossas expetativas. Conseguimos alcançar os objetivos que tínhamos. Como poderia ter terminado não sabemos. Em termos de resultados estivemos nas eliminatórias que davam acesso à ‘Final Four’ e conseguimos o apuramento para o Inter-Associações em Sub16.
Fica algum projeto por concretizar?
Tínhamos em ideia avançar com a equipa sénior masculina, mas devido à pandemia tivemos de parar tudo e suspender a criação da equipa sénior. Não sabemos como vai evoluir a pandemia e, por isso, decidimos adiar o sonho. Vamos ao longo da próxima época começar a preparar as coisas para depois arrancar com a equipa na época de 2021/22. Já começamos a ter atletas formados no clube, atletas que passaram pelos três escalões e deixaram a ADE e de jogar depois dos Sub-18, essencialmente, porque foram estudar para fora. Agora estão de regresso a Esposende, com a sua carreira académica terminada, e a iniciar a vida profissional. A nossa ideia é captar esses jovens e trazê-los para o basquetebol.
Não é possível fidelizá-los logo que terminam os Sub-18?
A grande questão é que é complicado manter os jogadores no clube nessas idades. A maior parte vai estudar para fora e isso dificulta a integração deles na equipa sénior. Claro que há sempre ou outro que pode continuar, mas a maior parte vai estudar para outros locais.
O objetivo da ADE é ter equipa Sénior?
A equipa sénior é fundamental para consolidar o projeto do basquetebol da ADE. A equipa sénior tem duas valências: 1.º os atletas perceberem que têm continuidade depois dos Sub-18 e que a sua carreira no basquetebol não tem de terminar ali, nem eles têm que ir jogar para clubes de outras localidades. 2.º a nível de captação de atletas a equipa sénior dará outra visibilidade e outra dimensão à secção, podendo assim cativar mais miúdos para a modalidade.
Tem sido fácil captar atletas para o Basquetebol?
Captar atletas não é muito fácil. Neste momento o clube tem quatro modalidade: o basquetebol, o voleibol, o trail e o futebol. No basquetebol tem sido um pouco complicado, porque modalidade não é, por norma, a primeira opção para fazerem desporto. Por exemplo, no feminino temos tido mais dificuldades porque elas optam pelo voleibol e agora também temos o futebol feminino. No masculino temos conseguido uma certa estabilização. Os números oscilam entre os 70 a 80 atletas. Claro que aqui a preferência vai para o futebol. Depois surgem no basquetebol aqueles meninos que querem experimentar outra modalidade e muitas vezes acabam por optar pelo basquetebol. A maior parte dos atletas que temos passaram pelo futebol, até dentro do próprio clube. Depois a dado momento experimentaram e acabaram por ficar aqui. O que eu sinto é que os atletas que ficam no basquetebol é porque gostam mesmo. Muitos deles já gostavam do basquetebol desde pequenos e a verdade é que são atletas mais aguerridos e apegados.
Têm algum projeto ou iniciativa para chamar mais atletas para a modalidade?
Nós tentamos fazer a divulgação das nossas atividades junto das escolas, mas para já o trabalho incide sobre os miúdos mais velhos, nos Sub14 e Sub16, mas ainda não conseguimos chegar aos atletas do minibasquete. Estamos a atentar junto do grupo do desporto escolar que nos indiquem e orientem os miúdos para o basquetebol. De resto, apesar do nosso esforço, sentimos que ainda não conseguimos chegar a todos, principalmente, aos mais novos. Temos um projeto, o de tentar fazer um trabalho de maior de proximidade com a população para ver se conseguimos aumentar o número de miúdos.
Este ano até foi um ano bom, tivemos um certo acrescimento de atletas no minibasquete, mas se nós queremos ter a modalidade consolidada de forma sustentada temos de ter mais atletas no minibasquete. Neste momento temos um grupo de 15, 16 atletas, mas é muito heterogéneo, as idades vão dos 7 aos 12. No conjunto formam um grupo engraçado, mas que nos tem dado algumas dores de cabeça. Como têm idades muito diferentes torna-se difícil trabalhar.
Quais têm sido as maiores dificuldades do ADE?
Se calhar a falta de espaços. Neste momento esse é um problema porque a ADE tem duas modalidades de pavilhão, o basquetebol e o voleibol, e temos de dividir o pavilhão. A falta de espaços dificulta até para captarmos mais jovens. Temos tentado junto da Câmara Municipal de Esposende a ver se conseguimos mais um pavilhão para dividir os grupos e ter condições de trabalho para oferecer aos atletas.
Quais os objetivos que a ADE tem para a nova temporada?
Se tivermos um ano dentro da normalidade, o nosso grande objetivo é aumentar o número de atletas no minibasquete. Depois queremos manter os níveis competitivos dos últimos anos a nível regional, tentando sempre alcançar algo mais, como chegar aos campeonatos do Inter-Associações. A Taça do Minho é outro objetivo, uma vez que já a conquistamos por três vezes, uma em Sub14 e duas em Sub18. Pretendemos ainda avançar com um grupo feminino. Ainda não sabemos se será de Sub14 ou Sub16. Neste momento, as nossas atividades estão em stand by e, por isso, ainda não podemos tomar algumas decisões. Precisamos da autorização para treinar no pavilhão, que é da escola. Por isso, temos feito apenas treinos ao ar livre. Criamos um campo de treinos no estádio, numa faixa que é alcatroada e é aí que temos realizado o trabalho, individualizado, mas que é aberto a todos os atletas.
Tem receio que alguns dos miúdos não regressem depois de tanto tempo afastados da modalidade?
O que nós temos sentido é que o receio é mais dos pais, que ainda não se sentem muito à vontade para deixar os filhos treinar. Esse receio é normal e abrange todas as modalidades, mesmo no futebol nota-se isso. Neste momento, não temos metade dos atletas a treinar. Nós estamos a trabalhar com grupos pequenos e sempre seguindo todas as recomendações da Direção-Geral da Saúde, são treinos muito condicionados. Esperávamos que tivéssemos uma maior afluência, mas a retoma tem sido complicada.
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