“Atraem-me a dinâmica do jogo, a emotividade e a oscilação do resultado”
Árbitro nacional de 1.ª categoria, João Capela (43 anos) abraçou um novo desafio: frequentou o curso de juiz de basquetebol no CAD de Lisboa e já apitou os primeiros jogos enquanto estagiário.
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31 MAR 2018
Em entrevista à FPB, conta como embarcou nesta experiência e refere os aspetos que mais o atraem na nossa modalidade.
Nota: Foto do Sapo 24
João Capela, muito conhecido árbitro de futebol, agora também a formar-se como juiz de basquetebol. Foi complicado ligar o "chip" basquetebolístico?
Efetivamente essa tem sido a maior dificuldade, fazer o "transfer" das leis de jogo de cada uma das modalidades, a dinâmica do jogo e a análise das ações dos jogadores. No que diz respeito ao controlo emocional, quer pessoal, quer dos outros agentes desportivos, não houve qualquer complicação, pois são áreas transversais a todas as modalidades.
Como surgiu o interesse pela nossa modalidade?
Sempre gostei da modalidade, aliás, aos 15 anos atuei como árbitro de basquetebol nos Jogos da Cidade de Lisboa e depois fui sempre seguindo a NBA até ao momento em que o Jordan abandonou. O interesse voltou quando a minha filha começou a praticar a modalidade nos Sub10 das Lobas da Malveira. Quando passou para os Sub14, começaram os jogos com árbitros e como existe um grande défice dos mesmos, houve um jogo onde não compareceram e como sabiam que eu era do futebol, desafiaram-me para fazer o jogo. Aceitei, mas senti-me desconfortável porque já estava completamente ultrapassado em relação às regras, e decidi ir tirar o curso para que quando fosse necessário estivesse mais habilitado para arbitrar. Durante o curso fui recebido de uma forma fantástica pelos responsáveis do CAD de Lisboa, assim como pelos meus colegas, o que me levou a estar um pouco mais disponível para arbitrar jogos de basquetebol, sempre que tenho alguma folga na minha profissão de árbitro de futebol.
Quais os aspetos que acha mais relevantes na arbitragem do basquetebol? Quais as principais dificuldades e desafios, até comparando com o futebol?
A paixão que move os árbitros é a mesma, e ao se assumir a coragem de o ser (independentemente da modalidade) potenciam-se competências como a capacidade de liderança, o controlo emocional, o respeito, a responsabilidade, a resiliência, etc. No basquetebol existe um grande défice a nível distrital e nacional de árbitros e uma grande dificuldade em recrutar novos árbitros e fazer a sua retenção, o que também é um problema no futebol. A estratégia no futebol, de uma forma muito resumida, passou por um esforço da Federação Portuguesa de Futebol em apoiar as Associações Distritais na criação de Centros de Treino, que depois em complemento com os vários núcleos de arbitragem de cada distrito, vão promovendo mais condições para que haja um acompanhamento mais eficaz aos novos árbitros, assim como aos talentos que vão surgindo. Não tenho conhecimentos para dizer a forma como está organizada a arbitragem do basquetebol, mas considero que qualquer estratégia terá de passar pelo apoio da Federação às Associações Distritais, criando políticas de recrutamento e retenção de jovens árbitros.
Quais as vertentes do basquetebol que mais o atraem?
O que mais me atrai é o arbitrar e o conseguir gerir as minhas emoções e tentar gerir as dos outros agentes desportivos e isso é transversal ao futebol. No basquetebol atraem-me a dinâmica do jogo, a emotividade e a oscilação do resultado, assim como a aptidão dos treinadores e jogadores em utilizar todos os segundos de jogo em prol do sucesso coletivo. Da pouca experiência que tenho no basquetebol, e sendo Embaixador do Plano Nacional de Ética no Desporto, não posso deixar de realçar a generalidade do padrão comportamental de todos os agentes desportivos e pais, nos escalões de formação, comparativamente ao futebol, onde existem graves problemas.