De 2007 a 2011 pela voz dos protagonistas
Philippe da Silva, João Santos e Miguel Minhava recordam Europeus
Atletas
2 MAI 2020
Portugal esteve três vezes presente na fase final de um Europeu. A primeira das quais em 1951, mas depois de um hiato de mais de cinquenta anos afastados dos grandes palcos, a equipa das quinas voltou a alcançar a fase final da prova. Para recordarmos esses dois momentos falamos com três dos protagonistas da seleção de 2007, mas que em 2011 voltaram a elevar o nome do basquetebol português.
Philippe da Silva, base da Seleção Nacional nas duas fases finais, acredita que as qualificações para estes pontos altos surgiram devido ao trabalho que vinha a ser desenvolvido, «foram dois apuramentos diferentes, mas em qualquer um deles houve trabalho e sacrifício. Em 2007 tivemos tempo para criar um grupo forte com o Prof. Valentyn, o Prof. Orlando Simões e o Prof. Magalhães, algo que se foi construindo. Alcançamos uma certa maturidade. Estivemos a um nível elevado», conta. Agora treinador, Philippe da Silva não se coibiu de traçar o perfil dos dois técnicos que conduziram Portugal ao êxito, «são duas pessoas com grande caráter, para ser um grande líder é preciso ter um perfil forte. Enquanto treinadores tinham a sua filosofia e sabiam o que a equipa precisava de fazer dentro de campo», atira.
Quem partilha da mesma opinião é João Santos, que recordou a relação de Valentyn Melnychuk com os atletas: «O relacionamento com os jogadores foi determinante na medida em que nos soube gerir muito bem como pessoas e como jogadores. Soube tirar o melhor de nós. Aliado a isso, além de todo o conhecimento que tinha, ouvia-nos. Havia uma certa “liberdade” nas decisões durante o jogo. Era um treinador flexível e que se adaptava ao jogo e à sua realidade», recorda.
Contudo, o antigo extremo da Seleção lembrou ainda o trabalho realizado antes do apuramento de 2006, «importa referir os percursos, não podemos dissociar os anos que foram feitos antes dos europeus. Refiro-me ao trabalho que vem de trás, da “geração de ouro” com Nuno Marçal, Sérgio Ramos, Paulo Pinto, Luís Machado, etc… Essa geração também merece menção, até porque mesmo não chegando a nenhuma fase final foram importantes. Permitiu-nos fazer este percurso até 2007», lembra. Com 198 internacionalizações na carreira, João Santos considerou diferentes as duas prestações, «em 2007 trabalhávamos como uma família, muitos no auge da carreira, com boa atitude e vontade de conseguir algo. Em 2011 caímos num grupo muito forte, mas demos boa réplica.»
Por sua vez, Miguel Minhava aponta as diferenças no modelo competitivo dos europeus, recordando o feito histórico para o basquetebol nacional, «Em 2007 eram apenas 16 equipas, em 2011 eram 24 e já nos apuramos na qualificação com a Hungria e Finlândia. O grupo que se apura para o Europeu de 2007 era especial e marcou o basquetebol português. Conseguimos um apuramento histórico. Em 2011 demos boa conta do recado», esclarece. Ciente do esforço que tinha de ser feito para estarem ao patamar das restantes equipas, o ex-base relembra a exigência que estava presente na cabeça de cada um dos jogadores, «em 2007, onde conseguimos vencer alguns jogos, demonstramos a nossa qualidade. Para nos batermos com muitas seleções tínhamos de estar a 110%. No dia em que estávamos abaixo eramos cilindrados, tínhamos de estar sempre no máximo. O Valentyn estabeleceu um sentimento muito forte dentro da equipa. Havia uma grande ligação afetiva e isso é o suficiente para potenciar os jogadores.»
Já no segundo Europeu da carreira, Miguel Minhava não descartou a qualidade dos convocados, mas além da preparação destacou que a ligação entre todos não era tão intensa como o tinha sido no Europeu de Espanha: «Com o Prof. Mário Palma tínhamos um grupo com personalidades diferentes, não havia o mesmo sentimento. O grupo era bom, mas em 2006 criamos laços muito fortes, em 2011 foi uma preparação diferente, mais rápida», concluiu.