“Estou muito feliz com o que já alcancei na minha carreira como árbitro”
Árbitro luso vai estar presente na final da FIBA Europe Cup e no EuroBasket feminino
Juízes
19 ABR 2023
Na antecâmara de mais uma final de “carreira” a FPB entrevistou Paulo Marques, árbitro português que vai estar presente no jogo 1 da final da FIBA Europe Cup deste ano, entre o Anwil Wloclawek e Cholet Basket. Além disto, o árbitro português foi nomeado para marcar presença no EuroBasket feminino que tem lugar este Verão na Eslovénia e em Israel.
Para o árbitro de 45 anos, o nervosismo antes dos grandes jogos é normal, mas o foco no encontro acaba por ser total depois da bola ao ar inicial: “Sejam finais internacionais ou nacionais, existe sempre um sentimento de ansiedade e nervosismo. Só não o tem quem não “sente” estas ocasiões. E esse é o meu sentimento… Depois de começar o jogo desaparece dado que o foco no jogo é total. São jogos normalmente acompanhados de um grande mediatismo, com pavilhões cheios e muitos a acompanhar através da televisão. No pavilhão o ambiente é sempre muito “quente”, existe um grande entusiasmo por parte de todos os intervenientes, a começar pelo público e que se estende aos intervenientes em campo. Nestas horas antes do jogo pensamos sempre em querer fazer tudo bem: não falhar nenhuma situação que seja importante para o jogo e que tudo decorra dentro da normalidade”, explicou.
A preparação para estes momentos altos é feita ao longo do ano, o experiente árbitro afirma que sem consistência no trabalho não se é nomeado para as grandes decisões: “A preparação é feita durante toda a época. Só assim podemos receber estas grandes decisões. São muitas horas de trabalho físico e técnico que nos podem levar a ser consistentes durante todos estes meses de competição. E estas finais são a recompensa do que foi feito durante a temporada. Para estes momentos a preparação especifica é semelhantes aos outros jogos: scouting das equipas, estar mentalmente preparado para as situações que nos vão ser colocadas em campo e preparar o trio de arbitragem ao nível do nosso trabalho em equipa (comunicação, critério, mecânica, IRS). Tendo todo este conhecimento depois é aplicar as regras, interpretações e bom senso em campo para que tudo decorra dentro do que é esperado por quem nos dirige”, conta.
Depois de no ano passado ter experienciado uma série de jogos importantes, este ano as nomeações parecem estar a repetir-se para Paulo Marques. O árbitro portuense não esconde que, apesar de já ter estado à frente de grandes jogos e de se sentir realizado com a carreira, ainda faltam realizar alguns “sonhos”: “Todos nós queremos sempre mais e eu não sou exceção. Sou uma pessoa muito competitiva até comigo próprio. Costumo dizer que não gosto de perder nem a “feijões”. E assim estou constantemente a desafiar-me a chegar mais longe. Existem grandes competições que até hoje ainda não tive, como por exemplo o Campeonato do Mundo de Seniores (apenas fiz de Sub19), os Jogos Olímpicos e a Final Four da Champions League. Mas são patamares muito difíceis de atingir. Em primeiro lugar porque existe uma grande qualidade de árbitros por esse mundo fora e eu tenho de trabalhar muito para atingir esse nível. E depois temos também de ter a sorte do nosso lado onde em jogos chave as coisas nos corram bem. Se o feedback for bom por parte dos observadores teremos mais hipóteses de lá chegar. Mas humildemente digo que, ao dia de hoje, estou muito feliz com o que já alcancei na minha carreira como árbitro”, confessou.
As consequentes nomeações para os grandes momentos do basquetebol internacional têm sido uma tendência na arbitragem portuguesa, para Paulo Marques é mais uma prova que há qualidade na arbitragem nacional, mas que ainda há muito por fazer: “A crítica existe sempre e faz com que trabalhemos ainda mais para sermos melhores no próximo jogo. Ninguém fica mais chateado por falhar uma situação do que nós próprios. Mas o crescimento é também saber ultrapassar o erro e estar pronto para a próxima jogada. As nomeações internacionais provam que temos árbitros de boa qualidade, mas temos de continuar a trabalhar muito para atingir um nível de excelência. Penso que devemos trabalhar com todos os quadrantes da modalidade (jogadores, treinadores, dirigentes, público e árbitros) para transmitir um maior conhecimento das regras da modalidade (que são muitas) e ser assim de mais fácil perceção para quem visualiza os jogos. O Basquetebol é um desporto fantástico, com momentos de grande espetacularidade e quanto melhores forem os seus intervenientes, mais público vai ter, mais praticantes e também, espero eu, mais árbitros”, concluiu.