Europeu C de BCR: as palavras de quem brilhou na última subida

Jorge Almeida, ex-seleccionador nacional, e os ex-internacionais Pedro Gonçalves e Nelson Oliveira anteveem um desfecho positivo

Competições
14 SET 2023

Em 2015, a jogar em casa (Lisboa), Portugal alcançou a ambicionada subida à divisão B, ao obter um segundo lugar no Campeonato da Europa C de BCR. Volvidos oito anos, alguns dos protagonistas de então destrinçam as chaves do sucesso e avaliam as hipóteses lusitanas de se repetir a façanha em Sarajevo, de 18 a 24 de setembro.

Jorge Almeida, seleccionador à data, lembra a coesão do grupo de 2015. “Tínhamos um leque de jogadores muito experientes e uma união muito grande em torno do objetivo traçado”. Nos anos seguintes, o técnico da APD Sintra identifica uma “evolução extraordinária do BCR a todos os níveis”, que Portugal não soube acompanhar. “A profissionalização foi fundamental para a evolução da modalidade. Em relação ao nosso BCR, penso que houve alguma evolução, mas mínima”, lamenta.

Contudo, constata circunstâncias encorajadoras no presente para que o objectivo traçado seja exequível. “A seleção tem uma equipa técnica com muita experiência e conhecimento, o que, aliado às condições que hoje a federação coloca ao serviço da seleção, perspectivo um bom futuro para a selecção. Temos também jogadores com experiência internacional como em 2015, o que pode ser determinante no final do campeonato”, resumiu. Para a consecução de metas ainda mais ousadas, o histórico treinador frisa a importância da profissionalização do BCR. “Só assim poderemos pensar em mais altos voos, porque o nível da divisão A é tremendo e inatingível nos próximos anos para nós. Mas subir à divisão B e permanecer na mesma trará grandes benefícios para o BCR nacional”.

Do elenco que contribuiu para o sucesso de 2015, salta à vista o nome de Nelson Oliveira (1.0), extremo ex-Rovteam, APD Leiria e BC Gaia, cujo desempenho lhe valeu a escolha para o cinco ideal da competição, que narra em retrospectiva. “Um campeonato muito bem disputado, sempre com a incerteza se conseguiríamos os objetivos de subida de divisão a que nos tínhamos proposto e a gratificação no final, com tão poucas condições de trabalho proporcionadas e talvez as possíveis pela entidade reguladora da altura”.

No tocante à distinção individual, o atleta natural da Figueira da Foz vinca a sensação de realização, depois dos esforços em prol da modalidade. “Sacrifiquei a familia, abdiquei de muito convívio com amigos, passei horas e horas a treinar sozinho num pavilhão, fiz muitos kms na estrada sozinho para representar o meu clube, pois perto da minha área de residência não havia clube de BCR, e por fim ter aquele prémio foi muito gratificante”, resume.

Na origem da promoção à divisão B conquistada em Lisboa, Nelson Oliveira aponta como factores essenciais a complementaridade e profundidade dos escolhidos à época. “A experiência dos mais internacionalizados, a força e dedicação dos recém-chegados e o respeito e humildade dentro do grupo de trabalho, potenciaram em muito a probabilidade da concretização do objetivo da subida”. Convicto em nova subida de divisão, reitera a preponderância da profissionalização e salienta a necessidade de formação de jogadores. “A aposta na formação tem de continuar e, enquanto o BCR não for mais profissional, o atleta tem de ter um compromisso mais pessoal. Quero dizer com isto que não chega o trabalho e treinos nos clubes, embora tenha a noção que nem sempre é fácil conciliar a vida laboral com o desporto. Mas, se queremos estar ao nível das restantes equipas da europa, temos de trabalhar mais que eles e cada atleta tem de fazer um trabalho individual extra clube”, diagnostica.

Pedro Gonçalves, antigo capitão da selecção nacional e recordista de participações em Campeonatos da Europa (10), sem esquecer o feito de 2015, enaltece o caminho trilhado a partir de 2007. “As bases começaram em 2007 e foram uma combinação de vários fatores. A chegada de um selecionador experiente e conhecedor, com uma mentalidade totalmente nova até então, exigente, extremamente competitiva e ganhadora”, sublinha, dando relevo igualmente ao investimento material e às diligências do staff.

O virtuoso base partilha da opinião de Jorge Almeida relativamente às possibilidades de Portugal voltar a consumar a subida. “As expectativas para o próximo europeu são necessariamente altas! Creio que é preciso ainda mais um esforço de todos os intervenientes do BCR para podermos estar num patamar acima. Ainda assim, e sem querer fazer comparações, acho que temos uma situação semelhante à de 2007, com um grupo jovem, mas com qualidade e muita vontade”, descreveu. Do longo trajecto na modalidade, que inclui mais de duas décadas ao serviço da selecção, o icónico jogador da APD Sintra rotula os Europeus de 2007 e 2015 como “o momento mais alto da carreira” e deixa uma mensagem ao grupo que ruma a Sarajevo. “Representar a Selecção Nacional é o expoente máximo na carreira de qualquer atleta e que “obriga” a dar tudo o que temos e ainda mais um bocadinho”.

 

 

 

 

Competições
14 SET 2023

Mais Notícias