Fez-se justiça com a determinação e querer da alma lusa
Vukovar (Croácia) – Escrevemos no 1º dia de descanso que nos esperavam 3 jogos que poderiam ser decisivos.
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21 AGO 2013
Sabíamos que nos esperavam muitas dificuldades, particularmente no embate desta tarde, frente às eslovacas, mais altas, mais pesadas e de maior envergadura que as guerreiras lusas. Foi preciso um prolongamento para se fazer justiça. Portugal vencia com todo o mérito o Grupo G, fazendo o pleno (3 vitórias).
As nossas previsões bateram certo. Pelo andar da carruagem tudo apontava para que nos calhasse defrontar a Croácia no 1º jogo do cruzamento do nosso Grupo (G) com os 5º/6º dos Grupos E e F. Pela nossa parte fizemos o trabalho de casa e classificámo-nos em 1º no Grupo G, teoricamente o melhor posicionamento para ter pela frente o pior 6º classificado (Croácia ou Grécia) dos Grupos E e F.Claro que nestas coisas adivinhar é proibido e às vezes uma prestação menos conseguida num mau dia pode deitar por terra as aspirações mais consistentes. Mas continuamos a acreditar no valor das jogadoras às ordens de Mariyana Kostourkova e assumindo as nossas responsabilidades, estamos a fazer o nosso trabalho com a dedicação que é intrínseca à nossa postura na vida. De certeza que não há ninguém que queira mais o sucesso de Portugal do que nós. Pode haver igual… mas mais não acreditamos. É a nossa maneira de ver e analisar este tipo de situações, com conhecimento de causa.Foi preciso muita abnegação, muita capacidade de remar contra a maré, muito espírito de sacrifício e também algum mérito, convenhamos, para levar de vencida a República Eslovaca. Deixem-me dedicar este saboroso êxito à corajosa Simone Costa que, no minuto 32 numa jogada de 2+1 converteu o cesto mas sofreu uma violenta pancada no nariz que implicou a sua saída de campo, para não mais reentrar. O lance livre a que tinha direito, pois foi marcada falta pessoal à sua adversária, foi convertido por Sofia Pinheiro (42-41), que entretanto tinha entrado para o seu lugar. Mas vamos à análise do jogo. Nos 10 minutos iniciais (10-11) depois de uma ligeira vantagem das eslovacas (2-7), no minuto 5, Portugal reagiu impondo um parcial de 8-0 (10-7), com Maria Kostourkova a finalizar essa arrancada em contra-ataque, assistida por Simone Costa. As lusas sentiam muitas dificuldades em travar as penetrações das jogadoras exteriores, nomeadamente Urbaniová e Páleniková, além da capacidade ressaltadora e envergadura da poste Filicková (1,92m), que levava a melhor no confronto directo. No 2º quarto (16-19) Portugal reentrou no jogo da melhor maneira, com Simone Costa a devolver a liderança à nossa equipa, numa arrancada de cesto e falta convertida (13-11), com o 1º triplo de Laura Ferreira (16-13) e uma jogada de contra-ataque concluída por Josephine Filipe (18-13) a desfazer a igualdade (13-13), ambas no minuto 12. As comandadas de Kostourkova mantiveram-se no comando até aos 24-23 (minuto 17), mas um triplo da base Urbaniová (24-26) à entrada do minuto seguinte, colocou o adversário na frente até ao intervalo (26-30). Portugal não era consistente, alternava coisas boas com erros infantis e disso se aproveitava a República Eslovaca para liderar o marcador no final da 1ª metade. As lusas superiorizavam-se nas tabelas (25-19 ressaltos), com realce para a tabela ofensiva (9-2 ressaltos) mas a melhor eficácia adversária nos lançamentos de campo (32%-43%), mormente nos duplos (37%-48%), compensava esse handicap de as nossas representantes terem mais posses de bola (38 lançamentos de campo contra 30). No 3º período (10-11), curiosamente os mesmos números que no quarto inicial, as coisas estiveram equilibradas até ao minuto 25 (34-35), mas a partir daí o seleccionado luso consentiu um parcial de 0-6 (34-41), o que obrigou Kostourkova a parar de imediato o cronómetro, na tentativa de desbloquear a paragem momentânea das suas jogadoras. Ainda houve tempo para Chelsea Guimarães a meio minuto da buzina reduzir o prejuízo para 5 pontos (36-41) ao cabo de 30 minutos jogados.Entrada de rompante das guerreiras lusas no último quarto (23-18), com o único triplo de Joana Soeiro a dar o mote para a recuperação (39-41), no minuto 31, logo seguido da tal jogada em que se magoou a extremo Simone Costa, já contada anteriormente, a recolocar Portugal na frente do marcador (42-41), no minuto 32. As eslovacas ainda voltaram ao comando mas foi sol de pouca dura (42-45), no minuto 33. A reentrada de Laura Ferreira (aos 42-43) e logo a seguir de Maria Kostourkova e Josephine Filipe (aos 42-45, ainda no minuto 33), devolveu a serenidade ao colectivo de Kostourkova que, depois de igualar por intermédio da capitã Laura Ferreira (45-45), a partir daí não mais descolou da liderança até à entrada do minuto 40 (59-54), impondo um parcial de 17-9, com Laura Ferreira (8 pontos e 1 triplo) e Sofia Pinheiro (6 pontos e 2 triplos) a assumirem as despesas da marcação de pontos nesse arranque decisivo. Após um desconto de tempo imediatamente pedido pelo treinador eslovaco, o 2º triplo de Páleniková neste período (59-57), a 32 segundos do termo, reacendia a esperança nas nossas opositoras, que a 11,7 segundos da buzina empatavam a partida (59-59), aproveitando um erro de palmatória de uma nossa jogadora. No prolongamento (10-4) Portugal foi mais forte e assertivo ao provocar 5 faltas com Laura Ferreira (3 faltas provocadas e 5 pontos de lance livre) a ser determinante neste tempo extra, desperdiçando apenas uma das 6 tentativas a que teve direito da linha de lance livre, bem acompanhada por Josephine Filipe (2 pontos e uma falta provocada) e Joana Soeiro (3 pontos e uma falta provocada). Do lado contrário era a poste Filicková (4 pontos) a única a marcar pela sua equipa… e Portugal garantia um triunfo muito suado mas inteiramente merecido, numa partida de muito nervosismo. Resultado final: Portugal 69-63 (a.p.) República EslovacaDestaque na selecção portuguesa para a prestação da capitã Laura Ferreira, que tem vindo em crescendo de rendimento. Foi a mais valorizada da equipa (17,0 de valorização), ao conseguir um duplo-duplo, terminando com 22 pontos, 2/5 nos triplos, 4 ressaltos defensivos, duas assistências, 2 roubos e 11 faltas provocadas com 10/14 (71%) da linha de lance livre. Seguiram-se-lhe Josephine Filipe (14 pontos, 7/11 nos duplos, 5 ressaltos sendo 2 ofensivos, uma assistência, 3 roubos e 3 faltas provocadas), Maria Kostourkova (5 pontos, 8 ressaltos sendo 2 ofensivos, duas assistências, 2 roubos, 1 desarme de lançamento e uma falta provocada com 1/2 nos lances livres) e Joana Soeiro (12 pontos, 1/5 nos triplos, 3 ressaltos defensivos, uma assistência, 4 roubos e duas faltas provocadas com 1/2 nos lances livres). Referência ainda para os contributos da atiradora Sofia Pinheiro (2/3 nos triplos, 3 ressaltos defensivos e 1 roubo), da azarada Simone Costa (2/3 nos duplos, duas assistências e duas faltas provocadas com 2/2 nos lances livres) e das postes Chelsea Guimarães (5 ressaltos sendo 3 ofensivos) e Emília Ferreira (4 ressaltos ofensivos) na luta das tabelas.Na República Eslovaca excelente actuação da poste Eva Filicková, MVP do jogo (27,0 de valorização) com um duplo-duplo, ao contabilizar 18 pontos, 12 ressaltos sendo 4 ofensivos, uma assistência, 1 roubo, 3 desarmes de lançamento e 4 faltas provocadas com 2/3 nos lances livres. Foi bem secundada por Terézia Páleniková (16 pontos, 2/6 nos triplos, 4 ressaltos sendo 1 ofensivo, 4 assistências e 4 faltas provocadas) e Katarina Urbaniová (11 pontos, 4/5 nos duplos, 7 ressaltos sendo 2 ofensivos, 3 assistências, 2 roubos e uma falta provocada). Boa ajuda das jogadoras interiores Sona Mária Lavricková (8 ressaltos defensivos) e Lucia Hadacková (7 ressaltos sendo 2 ofensivos, 1 roubo e 2 desarmes de lançamento) nas tarefas defensivas. A vitória das portuguesas assentou essencialmente no ganho da luta das tabelas (47-45 ressaltos), nomeadamente da tabela ofensiva (16-11 ressaltos) que proporcionou mais 5 posses de bola, na maior eficácia do tiro exterior (31%-17%) com 5 triplos convertidos em 16 tentativas contra 3 convertidos em 18 tentados), no maior número de roubos de bola (12-7), no menor número de turnovers (15-18) e ainda por ter provocado mais faltas (20-12), com melhor aproveitamento da linha de lance livre (58%-57%), ao marcar 14 das 24 tentativas de que dispôs, contra apenas 4 em 7 tentados.Por seu turno a República Eslovaca foi mais eficaz nos lançamentos de campo (34%-41%), nos duplos (35%-49%), ganhou a tabela defensiva (31-34 ressaltos), foi mais colectiva (10-13 assistências) e foi intimidadora nos desarmes de lançamento (1-7). Ficha de jogo Sports Hall BorovoPortugal (69) – Joana Soeiro (12), Laura Ferreira (22), Joana Cortinhas, Josephine Filipe (14) e Maria Kostourkova (5); Simone Costa (5), Susana Lopes, Sofia Pinheiro (7), Chelsea Guimarães (2) e Emília Ferreira (2) República Eslovaca (63) – Katarina Urbániová (11),Terésia Páleniková (16), Lucia Ondrejková (8), Sona Mária Lavriková e Eva Filicková (18); Nikola Dudásová (6), Lucia Hadaková (4), Kristina Machová, Katarina Piperková e Zofia Zarevúcka Por períodos: 10-11, 16-19, 10-11, 23-18; 10-4 (prolongamento)Árbitros: Alfred Jovovic (CRO), Stanislav Kucera (CZE) e Ilya Putenko (RUS) Resultados e classificações:Grupo G – Portugal 69-63 República Eslovaca (após prolongamento); Bielorússia 66-71 Inglaterra Classificação: 1º Portugal 3V0D; 2º Inglaterra 2V1D; 3º República Eslovaca 1V2D; 4º Bielorússia 0V3DGrupo E – Turquia 57-51 Croácia; Rússia 60-48 República Checa; Espanha 70-54 Holanda Classificação: 1º Espanha 5V0D; 2º Rússia 4V1D; 3º Holanda 3V2D; 4º Turquia 2V3D; 5º República Checa 2V3D; 6º Croácia 0V5DGrupo F – Suécia 45-39 Eslovénia; Itália 52-48 Grécia; França 63-52 SérviaClassificação: 1º França 5V0D; 2º Itália 4V1D; 3º Sérvia 4V1D; 4º Suécia 2V3D; 5º Eslovénia 1V4D; 6º Grécia 0V5D Simone Costa foi avaliada no hospital, tendo feito uma radiografia e felizmente não há qualquer tipo de fractura ou fissura no nariz. Amanhã, dia de descanso, será eventualmente observada numa consulta de Otorrino para se ter a certeza de que não ficou afectada por problemas respiratórios, de acordo com informação prestada à fisioterapeuta Nádia Palongo, que acompanhou a atleta ao hospital, bem como o secretário Nuno Manaia. Pedro Coelho apitou hoje o seu 6º jogo do Europeu (o Turquia-Croácia) que em princípio decidia qual o adversário de Portugal depois de amanhã. Na ponta final as turcas, que estavam a perder, deram uma sapatada no jogo, acabando por se apurar para os quartos-de-final. Esta quinta-feira é o 2º dia de descanso e desta vez temos mesmo que mudar para Vinkovci. A que horas e para que hotel é que ainda não sabemos…pois a organização mantém a habitual falta de informação. Já são 22H30 aqui e continuamos à espera de novidades. Muito certinhos… Calendário para 6ª feira (23/08):Classificação do 9º ao 16º (em Vinkovci)Croácia-Portugal (13H45); República Checa-Bielorússia (16H00); Grécia-Inglaterra (18H15); Eslovénia-República Eslovaca (20H30) Quartos-de-final (em Vukovar)Itália-Holanda (13H45); Espanha-Suécia (16H00); Rússia-Sérvia (18H15); França-Turquia (20H30)