Hugo Salgado faz história no Basquetebol africano
Hugo Salgado liderou os Kriol Star, de Cabo Verde, à sua primeira fase final de sempre da BAL, “à primeira tentativa”
Treinadores
4 DEZ 2024
Nunca uma equipa de Cabo Verde, “o país mais pequeno de África”, tinha sequer participado no apuramento para a Basketball Africa League (BAL). Até ao dia em que o treinador português Hugo Salgado chegou, pegou na equipa e… fez história. Foi difícil, “praticamente sem treinar”, “à última da hora”, mas o nome do emblema Kriol Star fica registado nos livros como a primeira equipa cabo-verdiana a chegar à prova maior do continente africano no que ao Basquetebol internacional diz respeito – e “logo à primeira tentativa”.
Tudo isto, com apenas nove jogadores no banco na vitória espetacular frente aos super-favoritos Urunani, por 90-82, na passada segunda-feira, a contar para a meia-final da Elite de 16 do Grupo Este. Nove jogadores que Hugo Salgado recrutou única e exclusivamente para esta fase de apuramento, já que o campeonato cabo-verdiano está em off-season e só recomeça em fevereiro de 2025. Aliás, já vários jogadores que integravam o plantel na última época tinham assinado por outros campeonatos, o que levou Hugo Salgado a ter de encontrar muito rapidamente uma equipa de confiança. Primeiro, para a etapa de Al-Kobra, na Líbia, onde sucumbiram por duas vezes, frente ao Stade Malien e ao Al Ahli SC. Depois, e graças a um wildcard, para a etapa do Quénia.
E o que procurou? Experiência, entrosão e alguns atletas que já lhe eram familiares. Lembram-se de Patrick “Four” McGlynn? O extremo que na última década brilhou em Portugal ao serviço do Lusitânia, do Illiabum e dos Galitos do Barreiro, voltou a brilhar sob a batuta do técnico português: sete triplos convertidos em 12 tentativas e terminou o derradeiro encontro com 35 pontos. Foi, aponta o técnico, “uma grande exibição”. Individual e coletiva: “Mesmo jogando em África tentámos jogar ao estilo mais europeu, mais organizado. O segredo foi mantermos o nosso ritmo de jogo”, explicou Hugo Salgado.
“Jogámos contra uma equipa que vinha da qualificação com um registo de 7-0. Não tinha nenhuma derrota e nós fomos a primeira equipa a colocar-lhes uma derrota. Só nós é que acreditámos que podíamos ganhar aquele jogo, mais ninguém naquele pavilhão ou no mundo”.
No Quénia, venceram o Bravehearts Basketball Club e o MBB Basketball e perderam com o Nairobi City Thunder, antes do derradeiro encontro que lhes garantiu a inédita qualificação. Já ontem, 3 de dezembro, disputou-se a final, face novamente ao coletivo do Quénia (99-86), mas “não conta para nada”, como frisa o técnico, em conversa com a FPB. Four McGlynn nem jogou, já que estava lesionado desde a etapa de Al-Kobra. Aponta-se, agora, à própria BAL.
E depois da estrada (para a BAL)?
O campeonato, organizado pela NBA, começa em abril, jogando-se em três etapas distintas na fase regular, e cada equipa encaixa numa das etapas, consoante a região geográfica. Hugo Salgado acredita que a sua caia na fase de Dakar e espera ser ele ao leme do grupo: “Eles querem muito que eu vá com eles à BAL, já que eu os apurei. Eu tenho alguma vontade de ir, vamos ver se chegamos a um consenso para estarmos todos juntos”. O hiato entre novembro e fevereiro é complicado para treinadores e jogadores, que não podem ficar sem treinar e jogar (e consequentemente sem receber) durante um período tão longo, pelo que se avizinha uma nova fase de recrutamento para Hugo Salgado – caso se mantenha como timoneiro do grupo na prova.
Treinador desde 2004 e selecionador nacional de 3×3 desde 2022/2023, confessa que vai recebendo várias propostas de trabalho, mas o futuro é incerto. Antes do Kriol Star tinha estado no Slavia Praga, na Chéquia, após deixar o comando do Galitos em 2021 para iniciar a sua aventura internacional. Revela, contudo, que gostaria um dia de voltar a Portugal, onde vê “os filhos crescer”. Mas, primeiro, tem outras ambições. Até lá, diz que vai acompanhando o Basquetebol português, sempre que pode, “na FPBtv“.
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