Ibrahim Mandjam: “Há muitos jovens a sair para ligas mais competitivas, o que será benéfico para a selecção”
Poste de 25 anos é um dos novatos do grupo de convocados para o campeonato da Europa C
Atletas | Competições
7 SET 2023
Sede de cesto e entrega total são garantias dadas por Ibrahim Mandjam à selecção nacional de BCR, no campeonato da Europa C, que vai decorrer em Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina. De 18 a 24 de Setembro, Portugal vai lutar por uma das duas vagas de subida à divisão B, com o “reforço” do poste formado na APD Sintra, que há muito perseguia a meta de figurar nos eleitos para uma grande competição. Recém-contratado pelo campeão italiano Amicacci Abruzzo, Ibrahim Mandjam oferece novo fôlego ao jogo interior da equipa das quinas e intensidade máxima em todas as acções.
Número: #11
Palmarés: 2ª divisão com a APD Sintra “B”, Melhor marcador do Torneio Internacional de Barcelona 2022, MVP Taça de Portugal 2017
Referências na modalidade: Pedro Gonçalves, Hugo Lourenço, Márcio Dias. A nível internacional, Brian Bell (poste dos EUA). Treinadores: Ricardo Vieira, Jorge Almeida e Óscar Trigo.
Jogos da tua vida: A experiência na Finlândia (EPYG) mudou a forma de viver o BCR. Levámos um choque, especialmente o jogo contra a França, em que fomos massacrados. Não vou esquecer. Acabou por ser bom, ao mostrar-me que para chegar àquele nível os treinos que fazíamos não eram suficientes. Depois disso, voltámos do torneio e passámos a treinar todos os dias. Mudou a minha forma de ver o BCR. Marcou-me muito aquele jogo. Foi um torneio que mudou a minha vida.
Europeus passados: Participação nos Jogos Paralímpicos Europeus da Juventude (EPYG) 2019 e no Torneio Internacional de Barcelona 2022
1 – Quais as tuas expectativas para este campeonato da Europa?
É ganhar. Não tem como fugir muito disso. Subir à divisão B é o único objectivo.
2 – Será o teu primeiro europeu. Em que aspectos achas que podes ser útil à selecção e causar impacto?
Vai ser uma nova experiência. Estou ansioso e pronto para vivenciar isso. Posso ser útil a fazer pontos, na luta pelo ressalto, a ajudar na defesa.
3 – Como te descreves como jogador? Quais os teus pontos fortes?
Jogador forte, agressivo, veloz. Tenho facilidade em penetrar na área adversária. Gosto de lutar por todas as bolas.
4 – Até onde gostavas de chegar com a selecção?
Gostava de experimentar uns Jogos Paralímpicos um dia. Mas sei que isso é quase impossível. Envolve um processo de trabalho de muitos anos. Estamos no caminho para que isso possa vir a ser possível. Num plano mais real, chegar à divisão A, experimentar um europeu e enfrentar das melhores selecções do mundo. Com essa geração que temos, talvez haja possibilidades, se continuarmos a trabalhar. Há muitos jovens a sair para ligas mais competitivas, o que será benéfico para a selecção. É um dos motivos para eu próprio sair.
5 – Em que medida a incorporação do Óscar Trigo e do Javier López na equipa técnica pode contribuir para a evolução da selecção?
Podem mudar a selecção, principalmente em termos de mentalidade. A forma como trabalhamos, a intensidade que se emprega e a forma como vivemos o BCR. São pessoas com uma experiência brutal, já participaram em Paralímpicos, não precisam de apresentação. Com a ajuda deles, se o projecto continuar, não tenho dúvidas que há grande possibilidade de se chegar à divisão A. Trabalham a uma intensidade mais elevada. Nunca tinha trabalhado com tanta intensidade como no último estágio [em Grijó, VN Gaia, em Julho].
6 – Tiveste uma longa travessia até à obtenção da nacionalidade. Como viveste esse processo?
Foi frustrante para mim. Participei em alguns estágios e não poder ir a europeus por causa de não ter a nacionalidade foi frustrante para mim. Mas ainda bem que já está tudo resolvido.
7 – Tens um trajecto particular. Como foi a tua iniciação no BCR?
Em 2014, quando fiz a amputação, a minha psicóloga recomendou que praticasse algum desporto. Primeiro, foi Atletismo. Jogava Futebol, por isso nunca fez muito sentido para mim aquilo. Quando comecei a fazer Fisioterapia no hospital, recomendaram-me falar com o Hugo Lourenço. Não estava com a mente para isso, por ter acabado de fazer a cirurgia. Até que encontrei um dia o Renato Fonseca, que me convidou e eu aceitei. Em 2017. A primeira vez que me sentei, queria logo lançar. Depois do treino, não queria voltar mais. Mas o Renato insistiu. Comecei a ir a todos os treinos e a participar nas competições.