“Já tínhamos a certeza que estávamos ao nível das melhores equipas do Mundo”

Américo Santos, selecionador nacional de seniores femininos de 3x3, em entrevista

Seleções
21 SET 2023

É já este sábado, dia 23, que a seleção nacional feminina sub17 de 3×3 inicia o seu percurso na FIBA 3×3 U17 Europe Cup 2023, competição que decorre em Heraklion, na Ilha de Creta, Grécia, de 22 a 24 de setembro.

A seleção lusa, que na última edição terminou na 16.ª posição, procura melhor a classificação final e não tem melhor exemplo que as seniores femininas de 3×3, que depois de um 9.º lugar na Europe Cup 2022, em 2023 fez história e terminou no top-4. Américo Santos, selecionador nacional das seniores femininas, falou à FPB sobre essa campanha europeia e deixou algumas mensagens para as jovens lusas.

1. Agora que já passou algum tempo desde o final da competição, quando se olha para este europeu, o que se sente mais: orgulho do 4.º lugar atingido ou certeza de que já estamos ao nível das melhores da europa?

Nós já tínhamos a certeza que estávamos ao nível das melhores equipas do Mundo, não só da europa. E não é ser sonhador nem irrealista. É analisar os resultados. O ano passado já tínhamos vencido praticamente todas as equipas do topo do ranking mundial incluindo os Estados Unidos, campeão olímpico em título, França, campeã mundial e da Europa em título, Países Baixos, atual campeã europeia, e Lituânia, entre outras. Só quem andou muito distraído não percebeu já o ano passado o nosso nível e o que podíamos fazer. No campeonato da Europa do ano passado tivemos duas jogadoras doentes, a Joana Soeiro e a Emília Ferreira e assim não há milagres por muito que elas tentassem. Ninguém soube na altura porque quisemos competir o melhor que conseguiamos e não usar isso como desculpa mas acho importante que as pessoas também tenham noção desse sacrifício agora.

Este ano confirmamos esse nível. Qualificação com quatro vitórias em quatro jogos sem praticamente estar atrás do marcador em nenhum dos jogos. Primeiro lugar numa etapa da Women’s Series que é um resultado ainda superior a ser 4.º classificado no Europeu. Vencer novamente várias potencias mundiais incluindo Espanha, campeã europeia há dois anos e finalista deste ano, fomos a única equipa que tirou a França de uma final este ano, com um resultado que no 3×3 é esmagador (13-7), e batemos a França, que este ano é vice-campeã do mundo e ainda esta semana perde com o Canadá no último segundo na final da Women’s Series.

Na verdade o 4.º lugar soube a muito pouco. Nós sabemos e acreditamos que devíamos estar nos Jogos Olímpicos a representar o nosso basquetebol e o nosso país no maior palco do mundo. Foi pena que apesar dos resultados, não conseguimos pôr mais entidades a acreditar conosco. Da minha parte sinto-me desiludido e depressivo por este desfecho mas ao mesmo tempo de consciência tranquila pois da nossa parte fizemos mesmo tudo o que estava ao nosso alcance.

2. Uma competição exigente e que obriga a um grande esforço num curto espaço de tempo. O que faltou para atingir a desejada medalha? 

Treinar e competir mais vezes em fadiga. Temos estágios muito curtos por diversas condicionantes e os nossos adversários têm muita experiência nesses jogos e momentos de jogos. Preparamo-nos o melhor que conseguimos mas sem dúvida que a fadiga foi fulcral. A somar a isso, o facto do calendário permitir que Países Baixos e Espanha, as duas finalistas, tivessem um dia de descanso após a fase de grupos ao passo que nós não tivemos, também não ajudou. Não uso isto como desculpa mas penso que a FIBA deve equilibrar o calendário para que as equipas tenham o tempo de descanso o mais próximo possível umas das outras.

Para nós que somos fisicamente mais baixas e leves, competir e vencer a este nível obriga a jogar sempre no limite da intensidade física e os jogos acumulados e o menor tempo de descanso têm um peso determinante.

3. Os resultados positivos continuam a suceder-se, tanto a nível de seleções como no circuito nacional. O crescimento da modalidade vai passar pela sensibilização dos jovens de forma a que cheguem ao 3×3 cada vez mais cedo?

Acho que é importante realçar o que as seleções nacionais já fizeram em cinco anos de existência:

2018

  • Sub23 Fem. – Medalha de Bronze nos Jogos do Mediterrâneo

|| Pandemia||

2021

  • Sub17 Masc. – 4° Lugar Campeonato da Europa
  • Sub17 Fem. – Top 8 Campeonato da Europa

2022

  • Sub18 Masc – 7° Lugar Campeonato do Mundo
  • Sub23 Fem. – 5° Lugar Jogos do Mediterrâneo
  • Sub23 Masc. – 6° Lugar Jogos do Mediterrâneo
  • Seniores Fem. – 9° Lugar Campeonato da Europa

2023

  • Seniores Fem. – 4° Lugar Campeonato da Europa
  • Vencedoras de uma etapa da Women Series

Para além dos resultados, muitos jogadores, treinadores, fisioterapeutas, staff, tiveram a possibilidade de conhecer e divulgar a modalidade. Criou-se o Circuito Nacional 3×3, o Inte-Selecções 3×3, formações nas escolas e nos cursos de treinadores. Temos imenso potencial na modalidade e a Federação está atenta ao desenvolvimento da mesma e tem profissionais competentes e dedicados a esse desenvolvimento.

4. Agora é a vez das sub17 participarem no campeonato da Europa da categoria. Que mensagem lhes deixa?

As sub 17 já receberam a minha mensagem e dos atletas seniores masculinos e femininos. Somos uma família. Elas sabem o que precisam de fazer e que podem ganhar a qualquer equipa. Aproveito para desejar ao selecionador Luís Oliveira e a todas as atletas votos de muitas felicidades e estou certo que irão superar o 4.º lugar que fizemos com as seniores.

Seleções
21 SET 2023

Mais Notícias