Joana Delgado: “Há uma vontade em tornar o BCR mais competitivo”

Joana Delgado, Maria Albertina Relvas e Isabel Ferreira em entrevista à FPB

Competições
27 MAR 2023

Três atletas do curto contingente feminino do BCR nacional abordaram presente e futuro do Basquetebol em cadeira de rodas. Em celebração do “Mês da Mulher”, Joana Delgado, Isabel Ferreira (ambas da APD Braga) e Maria Albertina Relvas (APD Leiria) falaram sobre os desafios da modalidade e do que falta para alavancar a participação feminina na mais mediática das modalidades paralímpicas coletivas à escala planetária.

“Um colega de trabalho, que conhecia a equipa da APD Braga, abordou-me, no sentido de perceber a minha disponibilidade para ir a um treino experimental. Foi a melhor decisão que tomei, porque, sem dúvida, que sentia falta da competição e encontrei isso no BCR”, conta Joana Delgado.

Apesar da realização pessoal que encontrou, acredita que existem ainda dois “travões” para o maior envolvimento das mulheres no BCR. “Existe um total desconhecimento de que as equipas são mistas, porque a amostra em campo é enganadora, assim como uma certa falta de “coragem” em experimentar uma modalidade que, à priori, parece agressiva, devido ao embate das cadeiras e algumas quedas em campo. Por isso, é fundamental uma comunicação clara e mais presente nas plataformas digitais”, explicita.

Precisamente a rispidez dos contactos fez Maria Albertina Relvas, atleta da APD Leiria, pensar duas vezes, antes de consumar a iniciação nesta vertente do Basquetebol. “Na altura fiquei um pouco receosa, porque tinha a ideia que o BCR era muito violento. A verdade é que, aos poucos, fui começando a gostar de praticar a modalidade”, afirma. Embora confesse falta de experiência de prática, vaticina evolução. “O BCR é uma modalidade bastante competitiva e tem tudo para crescer no futuro”, conclui.

O caráter misto do jogo não amedrontou Isabel Ferreira, que se prontificou a experimentar aquando do convite “por parte de uma senhora da APD Braga”, e a integração aconteceu de forma positiva. “Do primeiro jogo que realizei com os meus colegas, guardo o incentivo, o apoio e a partilha de experiências”, elencou, antes de sinalizar a importância da “divulgação e o incentivo para fazer um treino”, para potenciar o aumento do leque de praticantes femininos ou masculinos.

No tocante ao progresso da modalidade, Joana Delgado assinala como essencial credibilizar, cada vez mais, a imagem do atleta de BCR.

“Há uma vontade em tornar o BCR mais competitivo e conhecido junto do público. Contudo, ainda há muita carência a nível de formação de atletas e na projeção mediática”, resumiu. “O estereótipo de que este desporto é somente um momento de lazer para pessoas com algum tipo de deficiência tem de ser, obrigatoriamente, desconstruído, se não, nunca vamos conseguir preencher os nossos pavilhões, nem mobilizar os próprios meios de comunicação social para uma cobertura noticiosa”, alerta a jogadora bracarense.

“A forma como nos veem, enquanto atletas, também parte da nossa forma de estar, mas, sobretudo, tem de existir uma base consistente e um genuíno interesse por parte das entidades que estão à frente do BCR, em Portugal. Como otimista que sou, quero acreditar que, por mais moroso que seja, a modalidade vai evoluir cada vez mais, seja a nível competitivo, seja a nível de número de praticantes”, rematou.

Nota: fotografias da autoria de Miguel Fonseca – @mfportefolio

 

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27 MAR 2023

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